Agricultura
Do tomate ao ketchup: veja essa jornada que começa no campo
Por trás de cada garrafa vermelha de ketchup, há sementes, cerca de 150 variedades de tomates e um processo industrial que começa no coração do Cerrado
Sabrina Nascimento | Cristalina | sabrina.nascimento@estadao.com *
23/09/2025 - 05:00

O ketchup, presente em diversas refeições pelo mundo, movimenta um mercado gigantesco. Somente este ano, a receita global com o produto deve alcançar US$ 17,8 bilhões, de acordo com a consultoria Mordor Intelligence.
Mas, por trás da garrafa vermelha que movimenta bilhões, existe uma cadeia sofisticada que começa muito antes da fábrica. Tudo se inicia no campo, com um fruto específico: o tomate industrial — variedade de maior consistência e menor teor de água do que o tomate de mesa, ideal para processamento.
Em visita à Fazenda Cupim, em Cristalina (GO), o Agro Estadão acompanhou de perto a colheita do tomate que será transformado em ketchup. Entretanto, antes mesmo de o pé de tomate surgir, há a etapa de produção de mudas em viveiros controlados, onde temperatura, umidade e luz são rigorosamente monitorados.
As mudas chegam às fazendas em bandejas que alimentam as plantadeiras mecanizadas, reduzindo o trabalho manual e garantindo uniformidade. “Do plantio da semente até virar muda pronta, são cerca de 30 dias. Depois são transportadas ao campo e plantas, então, entre 120 a 140 dias já é possível colher”, explica Lucas Paschoal, diretor de Agricultura da Kraft Heinz.
A raiz, que pode atingir até 60 centímetros de profundidade, é a chave para a produtividade: quanto mais vigorosa, maior a capacidade de absorção de nutrientes. Para estimular esse desenvolvimento, no último ano, a Kraft Heinz introduziu no Brasil equipamentos vindos dos Estados Unidos que realizam um preparo de solo mais profundo. “Esse manejo permite um tomate mais vigoroso, de melhor qualidade. Começamos no ano passado e já dobramos a área com esse sistema”, acrescenta Paschoal.
O trabalho não para aí. A cada safra, novos híbridos genéticos são testados globalmente — atualmente, são cerca de 150 variedades. A definição de qual muda será usada depende do clima e das condições específicas de cada fazenda. “É quase como um laboratório: tudo é medido e planejado”, explica Ariel Grunkraut, presidente da Kraft Heinz no Brasil.
O resultado aparece nos números. Os parceiros da Heinz alcançam, em média, de 100 a 130 toneladas por hectare — um desempenho até 25% superior frente à média nacional do tomate industrial que varia de 80 a 90 toneladas por hectare.

Colheita
Na hora da colheita, o cuidado é redobrado. As colheitadeiras equipadas com sensores fazem uma primeira triagem dos frutos fora do padrão de cor. Ainda assim, uma segunda triagem é feita manualmente pelos funcionários da Fazenda Cupim que verificam os tomates depositados nas esteiras do próprio maquinário. Este ano, a propriedade de 1,7 mil hectares, dedicou 300 hectares ao cultivo de tomate industrial.
Feita essa seleção, os caminhões cheios de tomates seguem a próxima etapa, na fábrica, em Nerópolis (GO), a cerca de 365 quilômetros de Cristalina (GO). “O tomate é extremamente perecível, por isso garantimos transporte imediato”, explica Paschoal.
Da fazenda ao supermercado
Após um trajeto de cerca de quatro horas, os tomates colhidos na Fazenda Cupim chegam em Nerópolis, onde está situada a unidade mais tradicional da Kraft Heinz no Brasil, apelidada de “Casa de Quero”.
Com 71 mil metros quadrados, a fábrica recebe os caminhões carregados e inicia um rigoroso processo de triagem no laboratório agrícola, onde as amostras são avaliadas em parâmetros como pH, cor e brix (concentração de açúcares). Os tomates que não atendem ao padrão seguem para compostagem em uma empresa parceira.

Quando a carga é liberada, o tomate passa por um rigoroso processo de lavagem, nova separação dos frutos e é transformado em pasta concentrada. Parte dessa pasta fica na própria unidade, mas, grande parcela da produção segue para a unidade de Nova Goiás, que foi inaugurada em 2018 e é considerada a mais moderna da companhia no mundo. Lá, a pasta se torna ketchup Heinz, ganha embalagem, segue para os centros de distribuição e, posteriormente, para os supermercados.
*a repórter viajou a convite da Kraft Heinz
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