Agricultura
Terraços reduzem em até 78% a perda de água nas lavouras, revela estudo
Pesquisa aponta que o Plantio Direto isolado não basta para conter prejuízos em chuvas intensas, que podem chegar a R$ 385 por ha em nutrientes perdidos
Redação Agro Estadão
30/12/2025 - 09:50

O uso de terraços no sistema produtivo de grãos é determinante para a conservação hídrica do solo, sendo capaz de reduzir em até 78% as perdas de água em comparação a sistemas que não adotam a prática. A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) em parceria com a Rede Paranaense de Agropesquisa, o Sistema FAEP e o NAPI Prosolo.
Conduzido entre 2019 e 2022 em Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná, o levantamento foi coordenado pelo professor Cristiano André Pott, do Departamento de Agronomia da Unicentro. O objetivo foi monitorar a qualidade física, química e biológica do solo, além de mensurar as perdas por erosão hídrica em diferentes cenários de manejo.
Metodologia e eficiência do terraceamento
Os pesquisadores avaliaram três áreas distintas, denominadas “megaparcelas”, cultivadas com soja, milho, trigo, aveia, centeio e cevada. Os cenários comparados foram:
- Área sem terraços, com manejo similar ao padrão regional;
- Área com boas práticas de manejo recomendadas pela pesquisa;
- Área com terraços de base larga para controle do escoamento superficial.
Os resultados demonstraram que o modelo com terraços não apenas controlou melhor a erosão, mas também promoveu maior infiltração de água, garantindo maior disponibilidade hídrica para as culturas. Segundo o professor Cristiano Pott, a barreira física do terraço retém a água na lavoura, mantendo o solo mais úmido e beneficiando a atividade de microrganismos.
Um dado de alerta trazido pela pesquisa é a insuficiência do Sistema de Plantio Direto na Palha (SPD) quando utilizado isoladamente em eventos climáticos extremos. As parcelas que não contavam com terraços registraram sulcos de erosão e perdas significativas de sedimentos e água durante chuvas mais fortes.
“No terraço, quando tem a obra física com a barreira, todo o solo acaba ficando mais úmido, porque é menos água escoando para fora da lavoura. Essa água acaba sendo usada por micro-organismos. Então, a gente começa a enxergar resultados não só do ponto de vista do escoamento, mas de atributos físicos, químicos e biológicos”, aponta o docente da Unicentro.
Além das megaparcelas, o estudo monitorou uma bacia hidrográfica de 119 hectares, onde 90% da área era cultivada sob SPD, mas sem terraços. A análise econômica das perdas de nutrientes — incluindo ureia, superfosfato triplo, cloreto de potássio e calcário — apontou um prejuízo de R$ 385,70 por hectare (valores de 2023) devido ao escoamento.
Sustentabilidade e capacitação
Para o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, a validação científica dessas práticas é essencial para subsidiar o produtor rural na manutenção da capacidade produtiva para as próximas safras. A recomendação final dos especialistas é a integração de práticas vegetativas e mecânicas para assegurar sistemas mais resilientes.
O Sistema FAEP disponibiliza o curso gratuito “Manejo e Conservação do Solo – Prática de Campo“para produtores interessados em aprofundar conhecimentos.
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