Aumento da Selic pode elevar custos do crédito rural e impactar próximo ano safra | Agro Estadão
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Economia

Aumento da Selic pode elevar custos do crédito rural e impactar próximo ano safra

Elevação da taxa básica de juros aumenta as incertezas no campo e desafia o Plano Safra 2025/2026

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Sabrina Nascimento | São Paulo | Atualizada às 15h19

30/01/2025 - 12:52

Foto: Adobe Stock
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A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em elevar a Selic para 13,25% ao ano aumentou as incertezas no agronegócio em relação ao crédito rural. Como efeito imediato, espera-se uma alta no custo das contratações a juros livres — sem subsídios ou interferência do governo —, que ficam mais caros. 

“Quando aumenta a taxa Selic, que é referência do mercado, todas as aplicações que a população faz, de modo geral, busca uma remuneração maior. Se o custo do dinheiro para a instituição financeira aumenta, na hora de emprestar esse recurso vai aumentar também. E esse custo vai diretamente para o produtor rural”, explica Jefrey Albers, gerente do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP. 

Na visão da Markestrat consultoria, o impacto do aumento da Selic não se limita apenas ao aumento nos custos de crédito livre, mas também à escassez de recursos para crédito subsidiado. “Nos últimos tempos, com o encarecimento da dívida pública, tem sobrado cada vez menos recursos para poder trabalhar com crédito subsidiado”, informa a consultoria em relatório. 

No longo prazo, o cenário desafia os arranjos do Plano Safra 2025/2026, que deve ser lançado em julho e já começou a ser discutido pelos Ministérios da Agricultura e Economia. Albers aponta para uma possível elevação das taxas de juros do próximo plano agrícola e pecuário, diante da expectativa de inflação definida para o ano seguinte. “Com esse horizonte de hoje, com o mercado sinalizando fechar a 15% o ano de 2025, a incerteza do mercado para onde vai a economia no ano que vem pode refletir em um aumento da taxa de juros para o próximo Plano Safra”, afirma o gerente do DTE do Sistema FAEP. 

Em outro aspecto, a iniciativa privada, que tem desempenhado um papel cada vez mais ativo no financiamento agrícola, com o uso de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Fundos de Investimento do Agronegócio (Fiagros) deve redobrar as exigências para liberação de financiamentos. “Com o aumento da inadimplência nos últimos dois anos, é provável que muitas instituições financeiras endureçam os critérios para liberação de crédito, tornando as exigências mais rigorosas. Além disso, a disponibilidade de recursos deve ser menor, e os custos tendem a subir. Essa é uma realidade que, sem dúvida, terá impacto já neste ano”, destacam os especialistas da Markestrat. 

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Incerteza aumenta no campo

A conjuntura deixa um ambiente de incerteza e apreensão no campo. “O produtor já está reticente e essa fase de juros inibe muitas contratações de longo prazo. As incertezas do mercado deixam o produtor com o pé atrás. Se ele for financiar uma máquina em 10 anos, por exemplo, ele não sabe para onde vai a economia. Se ele contratar hoje a um juro alto e o mercado estabilizar, reduzindo a inflação, daqui a dois ou três anos ele ainda estará pagando uma taxa elevada, pois o juro é fixado na data da contratação”, explica Albers.

O impacto não se limita apenas a investimentos de longo prazo, mas também afeta o custeio da safra. Conforme o especialista, diversos produtores têm evitado assumir riscos financeiros elevados, já que os juros altos impactam diretamente o custo total de produção. “Para plantar, o produtor precisa de capital, e em estados como o Paraná, a dependência de financiamento é grande. Se ele não conseguir crédito acessível, terá que plantar com juros altos, torcendo para que a produtividade seja boa e os preços estejam favoráveis na hora da comercialização”, pontua Jefrey Albers. 

Mais altas da Selic no horizonte?

Em comunicado divulgado na quarta-feira, 29, o Copom anunciou sua decisão de elevar a Selic em 1,00 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Segundo o Comitê, a medida foi tomada diante de um cenário externo desafiador, que exige cautela dos países emergentes. Enquanto isso, no Brasil, a inflação permanece acima da meta, pressionada por fatores internos e internacionais.

O comitê não descartou um novo aumento de igual magnitude na próxima reunião, em março. “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, caso o cenário esperado se confirme, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, informou em nota. Caso o reajuste se confirme, a taxa básica de juros brasileira chegará ao patamar de 14,25%. Conforme o último boletim Focus, a expectativa é de que a Selic encerre 2025 em 15% ao ano.

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