Agricultura
Você sabia que existe diferença entre uva de mesa e uva de vinho?
As diferenças físicas e químicas entre uvas de mesa e viníferas vão além da aparência, influenciando do consumo fresco à complexidade dos melhores vinhos

Redator Agro Estadão*
18/09/2025 - 05:00

As uvas são frutas versáteis e apreciadas em todo o mundo. No entanto, nem todas as uvas são iguais.
Existem diferenças significativas entre as uvas destinadas ao consumo in natura, conhecidas como uvas de mesa, e aquelas cultivadas especificamente para a produção de vinho, chamadas de uvas viníferas.
Embora ambas pertençam à mesma família botânica, suas características intrínsecas e finalidades de uso as tornam produtos agrícolas distintos.
Quais as diferenças entre a uva de mesa e a uva de vinho?
As diferenças entre uvas de mesa e uvas viníferas são marcantes, abrangendo características físicas e químicas que determinam suas finalidades distintas.
As uvas de mesa, geralmente maiores e mais vistosas, possuem casca mais fina e uma polpa abundante e suculenta, facilitando o consumo. Muitas variedades modernas são apirenas, ou seja, sem sementes, o que aumenta sua aceitação.
Seu sabor é caracterizado por uma doçura equilibrada e acidez moderada, tornando-as agradáveis para o consumo fresco, sendo cultivadas visando o consumo direto.
Por outro lado, as uvas viníferas apresentam bagos tipicamente menores, com uma proporção maior de casca em relação à polpa; essa casca mais espessa é rica em compostos essenciais para a qualidade do vinho, como taninos, antocianinas e substâncias aromáticas.
As sementes estão presentes e são significativas, contribuindo para a extração de taninos.
Quimicamente, as uvas viníferas possuem uma concentração muito mais elevada de açúcares (medida em graus Brix) e ácidos, componentes fundamentais para o processo de fermentação e para a estrutura final do vinho, permitindo a criação de vinhos complexos e equilibrados.
Sua finalidade é exclusivamente a produção de vinho, onde a alta concentração de açúcares é necessária para a fermentação alcoólica, a acidez contribui para a frescura e conservação, e os compostos da casca são responsáveis pela cor, taninos e parte dos aromas do vinho final.
Variedades de uva de mesa e uva vinífera no Brasil
As principais variedades de uva de mesa e suas características

O Brasil possui uma diversidade significativa de uvas de mesa, adaptadas às diferentes regiões produtoras do país. Algumas variedades se destacam por suas características únicas e popularidade entre os consumidores:
- Niágara Rosada: esta variedade é uma das mais populares no Brasil. Originária de uma mutação da Niágara Branca, ela se caracteriza por seu sabor foxado (aroma intenso, doce e terroso), típico das uvas americanas. Seus cachos são médios, com bagas rosadas, polpa mucilaginosa e sabor doce. É apreciada pelo seu aroma intenso e adaptabilidade a diferentes climas.
- Brasil: uma variedade apirena (sem sementes) desenvolvida pela Embrapa. Seus cachos são grandes, com bagas esverdeadas e sabor neutro. Esta uva é valorizada por sua textura crocante e doçura moderada, sendo versátil para consumo in natura e processamento.
- Thompson Seedless: também conhecida como Sultanina, é uma das uvas sem sementes mais cultivadas mundialmente. No Brasil, sua produção é significativa, especialmente em regiões de clima quente. Caracteriza-se por cachos grandes, bagas pequenas e esverdeadas, com polpa firme e sabor neutro.
- Vitória: outra variedade apirena desenvolvida pela Embrapa, a Vitória se destaca por sua resistência a doenças, especialmente ao míldio. Seus cachos são grandes, com bagas rosadas, textura crocante e sabor agradável. Esta variedade tem ganhado espaço entre os produtores devido à sua produtividade e menor necessidade de tratamentos fitossanitários.
As principais variedades de uvas viníferas e suas características

No cenário vitivinícola brasileiro, algumas variedades de uvas viníferas se destacam pela sua adaptação às condições locais e pela qualidade dos vinhos que produzem:
- Cabernet Sauvignon: uma das uvas tintas mais reconhecidas mundialmente, a Cabernet Sauvignon se adaptou bem a algumas regiões brasileiras. Produz vinhos encorpados, com taninos pronunciados e aromas que podem incluir notas de frutas negras, pimentão e especiarias. No Brasil, é cultivada principalmente na Serra Gaúcha e no Vale do São Francisco.
- Merlot: esta uva tinta produz vinhos mais macios e frutados em comparação com a Cabernet Sauvignon. No Brasil, tem se destacado na Serra Gaúcha, produzindo vinhos de corpo médio, com aromas de frutas vermelhas e notas herbáceas sutis. Sua adaptabilidade e precocidade a tornam uma opção interessante para os produtores.
- Chardonnay: principal uva branca para vinhos finos no Brasil, a Chardonnay é versátil e pode produzir desde vinhos leves e frescos até exemplares mais encorpados e complexos quando fermentados ou estagiados em barris de carvalho. Seus aromas típicos incluem frutas tropicais, maçã verde e, quando madura, notas de mel e manteiga.
- Syrah: adaptada a climas mais quentes, a Syrah tem encontrado boas condições de cultivo em regiões como o Vale do São Francisco e Campanha Gaúcha. Produz vinhos tintos intensos, com aromas de frutas negras, pimenta preta e, por vezes, notas defumadas. Seus vinhos tendem a ser encorpados e com boa estrutura tânica.
- Sauvignon Blanc: esta uva branca aromática tem ganhado espaço na viticultura brasileira, especialmente em regiões de altitude. Produz vinhos frescos e aromáticos, com notas herbáceas, de frutas cítricas e tropicais. Sua acidez vibrante a torna uma excelente opção para vinhos brancos refrescantes.
O Brasil, com sua diversidade climática e investimento em pesquisa e desenvolvimento, tem conseguido produzir com sucesso tanto uvas de mesa quanto uvas viníferas de qualidade.
À medida que o setor vitivinícola brasileiro continua a evoluir, o conhecimento aprofundado sobre as características e potencialidades de cada tipo de uva se torna cada vez mais valioso.
Isso permite aos produtores tomar decisões informadas sobre quais variedades cultivar, considerando fatores como clima, solo, mercado-alvo e técnicas de manejo disponíveis.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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