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Algodão colorido: nicho de mercado ganha espaço no noroeste paulista
Agricultores recebem o dobro pelo algodão colorido, mas baixa procura ainda é desafio a ser superado

Sabrina Nascimento
15/10/2024 - 14:14

O algodão colorido, produzido principalmente no Nordeste brasileiro, tem surgido como uma nova aposta de nicho de mercado para os agricultores de São Paulo, especialmente, no noroeste do estado. Diogo Lemos, agricultor e engenheiro agrônomo, é um desses apostadores. Há cerca de cinco anos, ele decidiu participar de um projeto em Riolândia para o cultivo de algodão marrom — uma variação natural da fibra branca, que se destaca pelo valor agregado no mercado.
Lemos conta que o preço de comercialização da fibra colorida foi um ponto que chamou sua atenção. “O valor que eles pagam, geralmente, é o dobro em relação ao valor do algodão branco”, afirma o agricultor.
Outro aspecto positivo é a contribuição dentro dos parâmetros de sustentabilidade e meio ambiente. Ao Agro Estadão, Edivaldo Cia, pesquisador intermediário do Instituto Agronômico (APTA-IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, detalhou que a economia de água fica entre 70% e 80% na produção do algodão colorido.
“Podemos falar que ele é bastante sustentável e contribui muito no meio ambiente, com a economia de água e o não uso de química na coloração da fibra”, ressalta Cia. Ele ainda lembra que, por ser marrom, o algodão pode ser misturado à fibra branca e resultar em diferentes tonalidades no tecido.

Entretanto, o cultivo não é livre de desafios. Um aspecto a ser considerado pelos cotonicultores é o manejo, pois a fibra colorida não é geneticamente modificada, ou seja, não possui resistência a plantas daninhas ou pragas.
“Precisa fazer o acompanhamento no campo de não transgenia. Controle de pragas e tudo, precisa ter mais atenção, principalmente com a aplicação de inseticida e herbicida”, enfatiza o pesquisador.
Demanda dita a área cultivada de algodão colorido
A demanda por algodão marrom é o fator determinante para a expansão das áreas de cultivo do agricultor de Riolândia. Este ano, porém, os estoques da empresa compradora de sua produção estão cheios.
“Já chegamos a plantar 70 hectares, mas este ano não vamos plantar nada porque há estoque de algodão. Quem sabe no próximo ano voltamos com 10, 20 ou até 30 hectares”, pondera Lemos.
A empresa compradora da fibra produzida no noroeste paulista é a Bercamp, companhia de médio porte localizada em Jundiaí. Operando desde 1939, eles estão indo para a quarta geração familiar trabalhando com fiação de algodão.


O diretor da Bercamp, Cláudio Lazzareschi, disse ao Agro Estadão que tem cerca de R$ 1 milhão de algodão colorido no estoque. A intenção é comercializá-lo até setembro de 2025.
Segundo ele, existe uma dificuldade de convencimento do cliente em relação à fibra marrom, considerada ecológica. “É uma demanda um pouco restrita por ser um produto mais caro, com baixa oferta, são poucas as empresas que estão dispostas a apostar nisso. E, também, o consumidor é mais restrito, que quer um produto diferenciado”, detalha Lazzareschi.
O fio comercializado pela companhia é um mix com o algodão branco, utilizando entre 12% e 33% de algodão colorido. “Devido à cor muito intensa, eu preciso suavizar um pouco. Mas o algodão tem uma qualidade muito boa”, diz o empresário.
O produto é procurado por consumidores para confeccionar camisetas, malharia e utilizar em decoração de tapetes e cortinas. Anualmente, a companhia chega a atender cerca de 2 mil clientes, sendo 250 compradores regulares.
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