Sustentabilidade
Sabia que há raças de bois em extinção? Conheça quais são
Entenda por que a conservação genética é fundamental para a sustentabilidade da pecuária
Redação Agro Estadão*
06/07/2025 - 08:00

A biodiversidade no agronegócio é um tema de crescente importância para produtores rurais e pesquisadores. A perda de raças bovinas representa um risco significativo para a segurança alimentar, a resiliência dos sistemas de produção e a sustentabilidade econômica das propriedades rurais.
Muitas raças nativas e adaptadas possuem características genéticas valiosas que podem ser essenciais para enfrentar os desafios futuros da pecuária, como as mudanças climáticas e a demanda por sistemas de produção mais eficientes e menos dependentes de insumos externos.
O cenário global das raças bovinas em extinção

De acordo com o relatório “O Estado da Biodiversidade para Alimentos e Agricultura no Mundo” (2019), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), aproximadamente 26% das 7.745 raças de gado locais registradas globalmente estão em risco de extinção.
Esta perda de diversidade genética enfraquece a capacidade dos rebanhos de se adaptarem a novas condições, tornando-os mais vulneráveis a pragas, doenças e variações climáticas.
A preferência por raças de alta produtividade em detrimento das raças nativas, geralmente mais rústicas e adaptadas, contribui significativamente para o declínio populacional destas últimas.
Raças bovinas em extinção

Existem várias raças bovinas, nativas e adaptadas, que estão ameaçadas de extinção. A Embrapa tem realizado estudos e garantido a certificação genética dessas raças. Elas possuem características únicas e valiosas para a pecuária nacional.
Sindi: originária do Paquistão, a raça Sindi se destaca por sua notável rusticidade e resistência ao calor. Estes animais têm a capacidade de produzir carne e leite mesmo em condições adversas do Semiárido brasileiro. São bovinos de pequeno porte com baixa exigência nutricional, o que os torna ideais para regiões com recursos limitados.
Crioulo Lageano: Esta raça tem origem colonial e é bem adaptada aos campos nativos de Santa Catarina e Paraná. O Crioulo Lageano é conhecido por sua rusticidade, resistência a baixas e altas temperaturas, grande porte e aptidão para carne e leite. Uma característica marcante são seus impressionantes chifres, que além de beleza, conferem proteção contra predadores.
Outras raças também ameaçadas incluem o Mocho Nacional, o Curraleiro pé-duro e o Pantaneiro. Cada uma dessas raças possui características únicas de adaptação e produção, representando um patrimônio genético inestimável para a pecuária nacional.
Preservação das raças bovinas em extinção

A preservação dessas raças é fundamental para manter a diversidade genética e garantir a sustentabilidade da pecuária brasileira. Várias iniciativas estão em andamento para proteger essas raças ameaçadas.
Como dito anteriormente, a Embrapa realiza estudos genômicos para identificar e preservar a variabilidade genética das raças ameaçadas, como o Crioulo Lageano e o Sindi.
Estes estudos permitem compreender melhor as características únicas dessas raças e desenvolver estratégias de conservação mais eficazes.
A criopreservação de sêmen e embriões em bancos de germoplasma é outra estratégia importante. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia mantém um banco de germoplasma que funciona como uma “apólice de seguro” genética para o futuro.
Este material preservado pode ser utilizado para reintroduzir características genéticas valiosas em populações futuras, caso necessário.
A manutenção de rebanhos puros em unidades da Embrapa, como o rebanho Sindi na Embrapa Semiárido, garante a adaptação contínua e a disponibilidade de material genético vivo. Estes núcleos de conservação permitem o estudo e a seleção de animais em condições reais de produção.
A colaboração entre a Embrapa e associações de criadores é fundamental para o sucesso dos programas de conservação.
Por exemplo, a parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioulo Lageano (ABCCL) orienta cruzamentos, evita a endogamia (acasalamento entre indivíduos que possuem parentesco) e aumenta a variabilidade genética nas propriedades.
A preservação das raças bovinas em extinção é um desafio que requer esforços conjuntos de pesquisadores, criadores e órgãos governamentais.
Ao proteger essas raças, estamos investindo na resiliência e sustentabilidade da pecuária brasileira, garantindo que as gerações futuras tenham acesso a um pool genético diverso e adaptado às condições únicas do nosso país.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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