Sustentabilidade

Controle de pragas com baculovírus tem eficiência superior a 80%, afirma Promip

Defensivo biológico para controle de lagartas desenvolvido em parceria com a Embrapa  está aplicado em 2 milhões de hectares e deve chegar a 10 milhões até 2026

A área tratada com produtos à base de baculovírus produzidos pela empresa Promip passou de 500 mil hectares para 2 milhões de hectares nos últimos três anos, o que representa um crescimento de 300%. A empresa com sede em São Paulo projeta, ainda, capacidade de produção do bioinseticida para atender a uma área de 10 milhões de hectares até 2026. 

De acordo com o CEO da companhia, o engenheiro agrônomo Marcelo Poletti, a expansão reflete o comportamento do agricultor brasileiro, que vem adotando cada vez mais alternativas sustentáveis contra pragas. “Em um cenário onde a resistência de pragas a inseticidas convencionais é uma preocupação crescente, o uso do baculovírus como parte do MIP (manejo integrado de pragas) se destaca. Ele proporciona um controle eficiente, especialmente contra a Spodoptera frugiperda, conhecida como a lagarta do cartucho”.

A busca pelo baculovírus também tem sido estimulada pelo aumento da pressão de lagartas. Segundo o levantamento FarmTrak 2023/24, da Kynetec Brasil, a adoção de inseticidas para controle dessas pragas no milho teve alta de 24% em relação à safra 2022/23. A área tratada com produtos específicos chegou a 22,5 milhões de hectares no Brasil, 38% acima do ciclo anterior.

O produto BaculoMIP foi desenvolvido em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e chegou ao mercado em 2021. Estudos comprovam que o uso do baculovírus pode alcançar uma eficiência de controle superior a 80% em algumas culturas, como soja e milho, dependendo das condições climáticas e da densidade populacional da praga. Ele também é usado em lavouras de algodão e em hortaliças.

Como o baculovírus funciona

O baculovírus é um vírus aplicado nas folhas que infecta exclusivamente insetos, especialmente lagartas. O vírus entra no organismo do inseto e se multiplica, comprometendo as células e interrompendo rapidamente a sua capacidade de se alimentar. Após alguns dias, a lagarta morre e libera o vírus no ambiente, que acaba infectando outras lagartas.

Marcelo Poletti ressalta que um dos diferenciais dos baculovírus em relação a outros métodos de controle de pragas, como inseticidas químicos, é a seletividade. “Sua ação seletiva permite proteger culturas agrícolas sem prejudicar inimigos naturais das pragas, insetos benéficos que auxiliam no controle de populações indesejadas, de forma natural.”

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