Bioinsumos: veja produtos à base de bactérias que prometem ajudar na produtividade da soja e do milho | Agro Estadão
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Bioinsumos: veja produtos à base de bactérias que prometem ajudar na produtividade da soja e do milho

BASF e Corteva têm apostado no mercado crescente de biológicos; conheça dois produtos das marcas

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Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

22/06/2024 - 08:00

Sementes tratadas com bionematicida. Foto: BASF/Divulgação
Sementes tratadas com bionematicida. Foto: BASF/Divulgação

As empresas fornecedoras de insumos para produtores rurais têm investido cada vez mais na produção de produtos à base de biológicos. De acordo com um estudo da CropLife, os bioinsumos devem gerar uma receita de R$ 17 bilhões até 2030. Ao Agro Estadão, o vice-presidente de Marketing Estratégico de Soluções para Agricultura da BASF na América Latina, Ademar De Geroni, falou sobre o plano de expansão da empresa para esse mercado. 

“A expectativa é inaugurar uma fábrica de biofermentação até 2025, na Alemanha. Essa planta será capaz de produzir formulantes e será a maior do grupo”, conta. Esses princípios ativos à base de biológicos não serão apenas para o setor da agricultura, mas de lá devem sair as novas linhas específicas da BASF. 

Porém, Geroni conta que o start já foi dado com um dos produtos chamado Votivo Prime. “Ele é um primeiro passo na nossa estratégia de trazer soluções para isso, depois vem em 2029 uma linha específica que a gente vai direcionar nesse sentido”, completa. 

Esse bionematicida é capaz de ajudar no controle de nematóides nas culturas de soja, milho e algodão. Atualmente, a empresa tem duas modalidades de uso: uma no tratamento de sementes e a outra no tratamento direto no campo. 

A primeira é considerada a mais eficiente, como conta o vice-presidente da BASF. “Quando começa a emissão radicular [criação das raízes], já tem atuação do produto, então os nematóides não atacam e consequentemente a planta já fica protegida”, explica Geroni. A segunda é aplicação no momento do plantio das sementes, nos sulcos. 

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Sobre a eficiência do defensivo agrícola, o executivo afirma que, com o uso nos estágios iniciais da lavoura, os resultados tendem a ser melhores. “Se a população de nematoides é extremamente elevada, quase perdendo a lavoura, o controle não é 100% e nenhum produto é”, afirma Geroni, sem estipular um cálculo preciso sobre a ação do nematóide. 

A forma de atuação do defensivo é simples, segundo o vice-presidente. O nematicida é feito com bacilos, que são bactérias em forma de bastonetes, e que atacam os nematóides. Quando esses microrganismos interagem, as bactérias infectam os vermes e se multiplicam dentro deles. Depois, elas rompem o verme e se propagam, só que dessa vez em número muito maior, o que gera um efeito cascata nas populações seguintes de nematóides. 

Na avaliação de Geroni, o produto é menos ofensivo ao meio ambiente em geral, além de ajudar na margem do custo de produção. “Ao invés de fazer cinco ou seis aplicações de um inseticida, eu vou fazer uma ou duas, mais o biológico e, assim, eu consigo racionalizar, entregando performance”, esclarece.

Aplicação de biofertilizante em lavoura de soja. Foto: Corteva/Divulgação

Biofertilizante ajuda a fornecer nitrogênio à planta

Quem também está investindo na produção de bioinsumos é a Corteva Agriscience. A empresa conta com uma área dedicada ao desenvolvimento de tecnologias utilizando materiais biológicos. Foi de lá que veio o Utrisha N, um fixador de nitrogênio inicialmente para milho. 

Nesta semana, a Corteva também recebeu do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) o registro de uso do produto para as culturas de soja e batata. O líder do Portfólio de Biológicos da Corteva Agriscience para o Brasil e Paraguai, Dante Queiroz, conversou com o Agro Estadão sobre o biofertilizante e destacou dois diferenciais. 

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“Esse é o primeiro produto que oferece nitrogênio para a planta com aplicação na folha, isso quer dizer que ela não vai precisar ter um gasto energético para processar essa substância na raiz e depois transportar para as folhas”, explica Queiroz. Isso porque atualmente os adubos nitrogenados são ofertados no solo e é necessário que a planta faça essa metabolização para acessar a propriedade. 

O outro ponto é a composição do bioinsumo, que funciona como uma usina da propriedade que a planta precisa. O fertilizante tem a cepa da bactéria Methylobacterium symbioticum, que é capaz de converter o nitrogênio do ar em nitrogênio amônio, que é utilizado pela planta. “É como se tivesse oferta quase infinito, porque o nitrogênio está em abundância no ar atmosférico”, complementa. 

O responsável pela área na Corteva também acrescenta que há uma inversão da curva de disponibilidade de nitrogênio. “Quando você faz a adubação com nitrogenados, com o tempo, a disponibilidade no solo diminui, porém com o biofertilizante isso se inverte, porque a medida que a planta e folhas crescem, as bactérias se multiplicam e consequentemente a oferta de nitrogênio”, pontua. 

Por ter a aprovação recente para uso em soja e batata, os resultados de eficiência ainda estão sendo averiguados. Porém, na cultura do milho, a produtividade aumentou e gerou retornos de sete sacas por hectare. Além disso, também se observa que as lavouras permanecem verdes por mais tempo. 

Assim como outros insumos biológicos, ele ainda não substitui 100% a aplicação do adubo químico. “Precisa usar [adubo químico] no início, porque o Utrisha é aplicado na folha, então até ter folha, precisa desse suporte no começo”, aponta Queiroz.  

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