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Pecuária

Produtores cobram indenização após mortes de animais ligadas à vacina Excell 10

Laboratório Dechra Brasil informou que indenizações estão “sob avaliação”; falha na inativação do vírus pode ter causado mais de 700 óbitos

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Paloma Santos | Brasília | paloma.santos@estadao.com

25/11/2025 - 05:00

Propriedade em Nossa Senhora da Glória (SE) perdeu 198 ovinos. Foto: Francisco Portela/Arquivo pessoal
Propriedade em Nossa Senhora da Glória (SE) perdeu 198 ovinos. Foto: Francisco Portela/Arquivo pessoal

Quase quatro meses após o início das investigações de mortes de mais de 600 animais relacionadas à vacina Excell 10, os produtores afetados continuam em busca de respostas sobre indenizações. Os primeiros óbitos foram registrados em julho deste ano. Em nota enviada ao Agro Estadão, o laboratório Dechra Brasil informou apenas que o assunto está “sob avaliação”. 

A empresa assumiu, recentemente, que a causa “mais provável” dos óbitos tenha sido uma falha no processo de inativação do imunizante destinado à prevenção da clostridioses, que motivou o recolhimento dos lotes em novembro.

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A empresa afirmou à reportagem que todos os dados foram repassados ao Ministério da Agricultura (Mapa) e que trabalha “em estreita colaboração” com a pasta para evitar novos problemas. Procurado, o ministério não respondeu até o fechamento da reportagem sobre eventuais sanções à Dechra Brasil e prazos para conclusão do processo administrativo.

Embora o Mapa contabilize 612 óbitos (dado do último comunicado divulgado pelo ministério), um relatório elaborado por criadores e acadêmicos indica mais de 700 mortes de bovinos, ovinos e caprinos em 39 propriedades do Piauí, Sergipe, Maranhão e Ceará. O documento, ao qual o Agro Estadão teve acesso, reúne datas de vacinação, lotes aplicados e a evolução das perdas.

Em um só plantel, 198 mortes

O caso mais grave envolve o criador Francisco Portela, da Fazenda Sítios Novos, em Nossa Senhora da Glória (SE). Ele registrou 198 mortes de ovinos após aplicar a vacina em 700 animais. Portela trabalha com cria, recria e engorda de cordeiros superprecoces e afirma que o prejuízo supera R$ 500 mil. O produtor diz que todo o plantel afetado foi periciado e comunicado ao órgão estadual de defesa agropecuária.

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“Fizemos um levantamento financeiro de todo o plantel. Temos laudos de tudo, fizemos comunicação ao órgão de fiscalização. Está tudo registrado por idade e classificação dos animais”, afirmou.

Portela relata que ainda aguarda um comunicado da empresa sobre uma indenização. “Por enquanto, não se pronunciaram em nada. Estamos aguardando, mas já vamos tratar com um advogado para dar continuidade ao processo”.

Procurada, a Dechra disse que a análise sobre indenizações “está sob avaliação em andamento junto à seguradora responsável” e que os produtores serão informados quando houver definição dos próximos passos. A empresa suspendeu temporariamente a fabricação na unidade de Londrina (PR), de forma voluntária, para revisar processos internos. O fornecimento de alguns produtos poderá ser afetado durante o período, segundo a nota.

A Dechra orienta que criadores procurem representantes locais ou o SAC para esclarecimentos pelos telefones 0800 400 7997 e (43) 99135-1168. 

As comunicações relacionadas a óbitos de animais imunizados também podem ser feitas pela internet, por meio do canal Fala.BR (https://falabr.cgu.gov.br) ou presencialmente, nas agências de defesa agropecuária estaduais. 

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Produtores aguardam solução

Mesmo após a interrupção das mortes, Portela afirma que não pretende aceitar acordos baseados apenas em avaliação de carcaças. “No nosso caso, 90% das mortes foram de animais de cria e recria, não foi descarte. Perdemos 198 animais. Vamos brigar por isso”.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural de Simões (PI), Rosenalvo Coelho dos Reis, os produtores piauienses — praticamente todos pequenos empreendedores rurais — perderam quase 400 animais e continuam registrando mortes. “Semana passada, oito morreram”, disse. “Recebemos um comunicado do laboratório com o resultado da análise, mas não falaram em indenização. Esse é o problema”, relata.

O pequeno produtor rural José de Brito Júnior perdeu 12 das 33 ovelhas que vacinou com o lote nº 016/2024 da Excell 10 — quatro delas eram matrizes. Um prejuízo estimado em R$ 15 mil, sem contabilizar os ganhos que deveriam ter sido obtidos a partir das matrizes. Apenas cinco ovelhas do rebanho não foram imunizadas com a Excell 10. A criação de caprinos é o ganha-pão da família. “Se eles não me pagarem, eu vou atrás da justiça”, disse.

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