Pecuária
CEO da JBS cobra mais investimentos na base da pecuária para produção eficiente
Já o presidente da BASF pediu estruturas regulatórias facilitadoras para avanço da agricultura sustentável
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
04/11/2025 - 18:43

O painel do setor privado durante a Conferência de Ministros da Agricultura das Américas 2025 serviu para que executivos cobrassem uma maior participação dos governos na busca por uma agropecuária sustentável. O CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, participou do painel nesta terça-feira, 4, e disse que é preciso investir na base da produção pecuária para uma maior eficiência.
Ele fez uma comparação dos Estados Unidos com o Brasil. “Os Estados Unidos tem metade do rebanho brasileiro e produz mais carne do que o Brasil”, comentou. Segundo ele, uma parte dos produtores brasileiros consegue ter uma produtividade mais elevada do que os Estados Unidos devido às tecnologias aplicadas, como manejo e genética. No entanto, a questão está em como levar essas inovações aos produtores da base.
“O topo da cadeia brasileira hoje tem produtividade maior que os Estados Unidos. Mas o que acontece é que a base da pirâmide não tem acesso a essas práticas, à tecnologia existente. E para nós, esse é um grande desafio e que o mundo deveria botar os olhos. Porque, se nós atendermos essa questão do acesso à tecnologia e as boas práticas possam chegar à base da pirâmide, nós vamos nos interessar na questão da pobreza”, completou.
Para o executivo, a solução passa por dois pontos principais. Um deles seria a criação de uma espécie de repositório de boas práticas que sejam aprovadas e reconhecidas por todos os países. Na outra ponta, a resolução passaria também por “levar assistência técnica aos pequenos produtores”, com soluções de manejo e tecnologia que já existem.
Tomazoni também disse que é preciso entender como funcionam os sistemas de produção tropicais, que chegam a ter três safras no ano e captando carbono. A falta dessa metrificação tem colocado uma carga a mais na pecuária, não transmitindo a realidade, segundo ele.
“Nós temos que olhar o sistema integrado, produção de bovino e agricultura. […] No entanto, hoje, quando se faz o cálculo da pecuária brasileira, da pecuária global, se usa a métrica de clima temperado. […] Nós temos que considerar o conjunto, nós temos que considerar não só as emissões, nós temos que considerar as capturas também”, destacou o CEO da JBS.
Presidente da BASF pede regulação mais simples
O presidente da BASF Agricultural Solutions e da CropLife International, Livio Tedeschi, elencou três pontos como fundamentais para alcançar uma agricultura mais sustentável nas Américas. Um desses aspectos colocados pelo executivo é a necessidade de “estruturas regulatórias facilitadoras”.
“O acesso à inovação não começa apenas no campo e com a disponibilidade de inovação. Começa com os governos e legisladores que criam políticas de estrutura. […] Além disso, não deveria ser o caso de ferramentas valiosas serem removidas dos agricultores com base em limites máximos de resíduos sendo usados de tal forma que estão minando esforços coletivos e colaborativos. Nem deveria ser o caso de mercados serem efetivamente fechados para produtores devido a barreiras regulatórias não tarifárias”, afirmou Tedeschi.
Outro ponto, que comunica com a questão regulatória, é o que o presidente da BASF qualificou como “expandir a caixa de ferramentas do agricultor”. Segundo ele, é a partir da ciência que os sistemas produtivos poderão aumentar a produtividade.
“Se queremos produzir mais de forma sustentável na mesma unidade de terra em tempos de desafios sem precedentes decorrentes do clima e demandas sociais, se buscamos construir resiliência em nossa comunidade agrícola e nutrir prosperidade rural, temos que garantir que os agricultores tenham acesso à mais ampla gama de soluções”, disse.
O último aspecto apontado por Tedeschi foi o fortalecimento da colaboração durante a cadeia produtiva. “Certamente, devemos nos unir de novas maneiras. Apenas através de um diálogo construtivo entre o setor privado, governos e formuladores de políticas, um progresso real e objetivos compartilhados podem ser alcançados”, indicou o presidente da BASF.
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