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Pecuária

Indústria aposta em padronização e qualidade da carne para ampliar mercados

Na Conacarne, em Belo Horizonte, frigoríficos falam sobre o padrão de boi que o mercado deseja e destacam o avanço da carne premium brasileira

Nome Colunistas

Mônica Rossi | Belo Horizonte | monica.rossi@estado.com *

19/09/2025 - 11:20

Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA
Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

O tema central do painel do Congresso Nacional da Carne (Conacarne), realizado nesta quinta-feira, 18, em Belo Horizonte, era “A carne que os frigoríficos buscam”. No entanto, nas falas dos representantes da cadeia, prevaleceu outra mensagem: o foco deve estar no que o cliente quer.

O moderador da conversa, o professor da Universidade Federal de Rondonópolis, Ângelo Polizel, iniciou destacando a trajetória histórica da carne no Brasil, desde o período em que o país era importador na década de 1980 até se consolidar como o maior exportador mundial. Ressaltou o avanço na qualidade das carcaças, que evoluíram para animais mais pesados e jovens, com maior padronização.

CONTEÚDO PATROCINADO

Segundo ele, houve redução no percentual de animais abatidos acima de 36 meses, passando de 41% em 2004 para 10% em 2024, impulsionada pela demanda chinesa por carne de animais jovens.

Fonte: Athenagro/Conacarne

Para explicar melhor esse ponto, Polizel trouxe dados da empresa de soluções de Inteligência Computacional que criou, a RedSoft. A startup já tem em seu banco de dados mais de um milhão de carcaças analisadas em 18 procedimentos operacionais. A tecnologia, segundo Polizel, deixa clara a heterogeneidade na qualidade das carcaças entregues pelas propriedades rurais às indústrias frigoríficas, com problemas como ausência de gordura e presença de hematomas.

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“Nas grandes indústrias [acima de 650 abates por dia], 60% tem ausência de hematoma, mas olhando por outro lado, 40% das carcaças tem algum hematoma presente. E isso é prejuízo para a cadeia”, relata.

Fonte RedSoft/Conacarne

O professor defendeu a importância da adoção de tecnologias para análise e classificação de carcaças, alinhadas a padrões internacionais, visando garantir eficiência produtiva e evitar prejuízos que impactam toda a cadeia.

O diretor de exportações da Marfrig Global Foods, Alisson Navarro, também reforçou que a padronização, com regularidade e uniformidade da carcaça, é fundamental para atender às demandas de clientes internacionais. Outro ponto destacado por Navarro foi a sustentabilidade da cadeia, apontando que, em 2004, o Brasil tinha 204 milhões de cabeças de gado e 180 milhões de hectares de pastagens. Já em 2024, as áreas de pasto caíram para 160 milhões de hectares, enquanto o rebanho subiu para 238,2 milhões de cabeças. “Nós produzimos um animal mais jovem, mais pesado e utilizando uma área menor do que utilizávamos há 20 anos”, explicou.

Mariane Crespolini, gerente executiva de Relações Institucionais da Minerva, ressaltou a importância do “boi China” para a transformação da pecuária brasileira, mas apontou que o setor segue heterogêneo. Ela reforçou a necessidade de constância na qualidade para acessar mercados exigentes e defende que o Brasil precisa produzir um animal jovem, com bom acabamento e pH baixo, para conquistar mercados globais.Com maior diversificação, seria possível reduzir a dependência da China, segundo a executiva. “O ponto que eu queria trazer é a qualidade, que vai reduzir a volatilidade [gerada pela dependência das importações chinesas]. Qualidade com constância e volume é a estratégia do futuro”.

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O gerente executivo de Originação de Bovinos da Friboi, Thiago Bessa, abordou a transição da cadeia produtiva, que passou de uma demanda “empurrada” pelo que havia no campo para uma demanda puxada pelo mercado e pelo consumidor final. Destacou que a carne que os frigoríficos buscam é, na verdade, a carne que o consumidor deseja consumir atualmente. Segundo Bessa, mais de 80% dos machos abatidos pela JBS são animais jovens, com 0 a 4 dentes definitivos. “Nessa pecuária de ciclo curto, o boi virou lavoura: se você não plantar hoje, não colhe amanhã. Na pecuária de ciclo curto, a genética está cada vez mais próxima do prato do consumidor”, enfatizando que, assim como na agricultura, a melhor semente é a melhor genética; na pecuária, a genética também é essencial para aumentar a produtividade e a rentabilidade.

Abrindo espaço entre exportadores de carnes premium

O diretor de exportações da Marfrig destacou que o Brasil está produzindo carne de qualidade premium para competir globalmente com países como Argentina, Uruguai, Austrália e Estados Unidos. Clientes internacionais já enxergam o Brasil como produtor de qualidade e não apenas de volume. “Produzimos hoje carne premium para concorrer a nível mundial com nossos, entre aspas, concorrentes”, relata.

O executivo da JBS lembrou que, anteriormente, alguns mercados importantes eram dominados pelos EUA e de difícil acesso para outros países exportadores. Contudo, com a redução dos abates norte-americanos, esses mercados antes “blindados” tornaram-se mais acessíveis para o Brasil. “Então, com muita satisfação, olhamos para esse mercado premium e não conseguimos prever, no horizonte atual, qual será o teto dessa demanda. Isso é positivo: há demanda e ela está aberta”. Ele explica que a produção de carne premium representa atualmente cerca de 3% do total produzido pela JBS, com projeção de chegar a 10% nos próximos cinco anos. “Ou seja, é três vezes mais do que fazemos hoje. A gente enxerga que tem oportunidade no mundo e que tem dinheiro na mesa”, conclui.

*a jornalista viajou a convite da CNA

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