Tecnologia de transferência de embriões bovinos alcança 75% de prenhez em MS

Um projeto de transferência de embriões bovinos em uma fazenda de Mato Grosso do Sul registrou uma taxa de prenhez de 75% pela tecnologia Direct Transfer (DT), índice considerado muito acima da média. O resultado foi obtido pela TransOva Genetics a partir da transferência de embriões em vacas da Fazenda Nelore Beabisa, localizada em Selvíria, no leste do estado.

O veterinário Marcos Vinícius Ferreira, embriologista e transferidor de embrião da TransOva, explicou ao Agro Estadão que a taxa de prenhez considerada normal para o embrião DT é de 40%. Do total de animais inseminadas na fazenda, 43 vacas confirmaram gestação, resultando em uma taxa de prenhez geral de 59%. Entre as que receberam o embrião DT, a taxa subiu para 75% de efetividade. Já aquelas receberam os embriões frescos, que geralmente possuem uma taxa de prenhez ligeiramente superior, o número foi de 51% de gestações confirmadas. 

Para Ferreira, a qualidade dos embriões da empresa foi fundamental para superar o índice da técnica. “Outro ponto muito importante é a qualidade das receptoras: muito bem manejadas e com excelente nutrição. A estrutura da fazenda por um todo é de total diferencial”, acrescenta.

Escolha das receptoras e manejo

Segundo o veterinário, a seleção das vacas receptoras deve considerar um bom escore corporal, nutrição adequada, saúde em dia, vacinação reprodutiva atualizada e boa habilidade materna. Além disso, é essencial estarem livres de carrapatos, moscas e verminoses.

“Resultados mostram que evitar o estresse no manejo é um diferencial que aumenta muito as taxas reprodutivas. Quanto mais minimizarmos essas intercorrências, melhores serão os resultados como consequência”, avalia.

O zootecnista da Fazenda Nelore Beabisa, Marcel Rezende, disse à reportagem que foram adotados protocolos sanitários, manejo aliado ao bem-estar animal e mineralização em dia. “Além disso, as fêmeas para as quais os embriões foram transferidos ficaram em áreas de maior sombreamento e com boa disponibilidade de água”, detalha.

O maior desafio, segundo ele, está relacionado ao clima da região. “Como estamos localizados no bolsão de Mato Grosso do Sul, é uma região muito quente, o que pode influenciar diretamente nos nossos resultados. Mas foram muito satisfatórios e estão de acordo com o nível de desempenho que buscamos”, comenta.

Para o veterinário Marcos Vinícius Ferreira, o melhoramento das biotecnologias de reprodução está diretamente ligado ao destaque da pecuária brasileira no cenário nacional e internacional. “Por meio dessas técnicas é possível garantir um melhoramento genético em menor espaço de tempo, podendo ser avaliado e estudado o potencial genético que podemos trabalhar, garantindo uma melhor qualidade do rebanho e favorecendo a seleção animal”, reforça.