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BRS Karajá: conheça a nova cultivar de amora que pode diminuir tempo de colheita em 30%

A BRS Karajá também pode ser uma escolha para o jardim; nova cultivar de amora é a melhor entre as que não têm espinhos

4 minutos de leitura 27/08/2024 - 05:00

Por: Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

Foto: Andressa Schiavon/Embrapa
Foto: Andressa Schiavon/Embrapa

Uma das novidades da Expointer deste ano é o lançamento da cultivar de amoreira-preta BRS Karajá. Desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a planta promete aumentar a eficiência na colheita em até 30%, já que não possui espinhos nas hastes e folhas. Além disso, ela apresenta parâmetros de doçura e produtividade semelhantes a Tupy, variedade mais plantada comercialmente no país. 

A pesquisadora e coordenadora do programa de melhoramento genético em amoreira-preta, Maria do Carmo Bassols Raseira, conta ao Agro Estadão que a espécie de amora preta – também conhecida como blackberry – costuma ter muitos espinhos. Isso dificulta a colheita, que é manual, além de outros tratos, como a poda, pois é necessário segurar as ramas para fazer os cortes. 

“Sem espinhos acelera esse processo [de colher]. Não precisa usar luvas. Por isso, ela [colheita da BRS Karajá] é bem mais rápida. Os tratos culturais e a colheita diminuem o tempo [desses tratos] em cerca de 30%”, afirma Raseira, da Embrapa Clima Temperado. 

Além disso, ela apresenta algumas outras vantagens para o produtor e é considerada a melhor cultivar de amoreira-preta sem espinhos já desenvolvida pela Embrapa – as outras são BRS Ébano, de 1981, e BRS Xavante, de 2004. 

O que a BRS Karajá tem de diferente das outras?

A pesquisadora aponta que além da ausência de espinhos, a outra característica que torna a BRS Karajá única é ter as hastes bem eretas. Isso também ajuda a dar mais agilidade à colheita. 

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Porém, existem outros benefícios: 

  • Produtividade comparada à variedade Tupy, mais plantada no Brasil: nos testes realizados, quando a BRS Karajá tem o suporte de espaldeiras e recebe irrigação em tempos de seca, a produção média por hectare é de 18 toneladas. Já a BRS Tupy apresenta uma produtividade de 18 a 20 toneladas por hectare quando tem as melhores condições de plantio.
  • Precocidade de ciclo: em comparação a Tupy, a nova cultivar tem um ciclo antecipado de três a quatro dias, o que não é muito. Porém, frente às outras variedades sem espinhos, o ciclo chega a ter dez dias de antecedência.
  • Teor de amargor: uma das características observadas nas amoras é o teor de amargor. Na comparação com as cultivares sem espinhos, ela apresenta a menor percepção do amargo. Além disso, a BRS Karajá e a Tupy apresentam níveis de doçura e acidez bem próximos. Isso também ajuda na comercialização da fruta. 
  • Adaptação ao Sul e Sudeste: os testes conduzidos pela Embrapa aconteceram na Região Sul. Porém, devido a semelhanças com a Tupy, a BRS Karajá também poderá ser implementada em cultivos no Sudeste. A pesquisadora também acredita ser possível explorar a cultivar em outras áreas do país, já que a necessidade de frio da planta é menor.

Com mais eficiência, mas barato fica para colher 

Um dos efeitos esperados para os produtores que adotarem a nova cultivar é a diminuição do custo de produção. Segundo Raseira, um dos gastos mais dispendiosos do produtor de amora é a mão-de-obra. A nível de comparação, os produtores das regiões serranas gaúchas costumam pagar R$ 1,50 por quilo colhido. Em um hectare, os agricultores chegam a pagar de R$ 2.700 a R$ 3.375 para cada pessoa. 

“O mais caro no cultivo da amora é a mão de obra. […] A colheita diminuindo em 30% o tempo, já dá um lucro maior no final”, acrescenta a pesquisadora da Embrapa. Ela também conta que há casos de produtores não conseguirem o número ideal de pessoas.

“Eu sei de produtores que dizem não conseguir mão de obra, porque normalmente essa colheita é feita por mulheres. E claro, elas não querem se arranhar todas. Então, às vezes é difícil conseguir uma mão de obra em quantidade suficiente, porque um hectare requer de oito a dez pessoas para colher”, comenta. 

Nova cultivar de amora também pode ser usada em jardins

Por ser uma planta de arbustos, uma aplicação não convencional da BRS Karajá é como planta ornamental. Ela pertence à mesma família das roseiras, a Rosaceae. “Ela é uma planta bonita. Então, se encaixa para quem quer plantar no jardim, por exemplo, e é da mesma família da roseira e as flores são bem bonitas”, explica Raseira.

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O cultivo também não é considerado difícil, mas é recomendado plantar fazer mudas antes de fazer o plantio definitivo da amoreira. Além disso, essa é uma planta que costuma dar frutas um ano após o plantio. 

A especialista dá algumas dicas:

  • Plantar a muda no inverno;
  • Depois da colheita, fazer uma poda rente ao chão no verão e fazer uma poda no inverno deixando apenas os melhores ramos (como ela tem sistema radicular perene, as podas vão ajudar na produção);
  • Para os produtores, também é importante fazer um estudo de mercado para saber como será a venda das amoras. A pesquisadora estima que 90% da produção atual é destinada para a indústria de processamento ou para congelamento das frutas. Por isso, é importante ter essas informações antes de começar um pomar comercial.

Onde comprar mudas da BRS Karajá?

As mudas da nova cultivar podem ser adquiridas atualmente em dois viveiros especializados, segundo a Embrapa:

Frutplan Mudas – Pelotas (RS): Telefone: (53) 32777035 | E-mail: frutplan@frutplan.com.br

Guatambu Mudas – Ipuiuna (MG): Telefone: (35) 99992-3501 | E-mail: guatambu.mudas@gmail.com

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