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“Bastante burocracia”, desabafa produtora que acionou seguro após perder 40 mil frangos
Prejuízo é estimado em R$ 300 mil, mas ainda não há prazo para liberação da indenização; frangos morreram após 48 horas sem energia no PR

Sabrina Nascimento | São Paulo | Atualizado às 21h19
05/12/2024 - 14:37

Uma tempestade no interior do Paraná resultou na queda de energia por mais de 48 horas, causando a morte de 40 mil frangos do aviário da família Crestani, localizado em Santa Helena, região oeste do estado. O episódio ocorreu na quinta-feira, 28 de novembro, mas, uma semana depois, os produtores seguem no processo de tentar resgatar parte dos danos financeiros estimados em R$ 300 mil.
Além da perda das aves, os custos incluem ração, energia elétrica, lenha e o diesel usado no gerador. “A gente acionou o seguro que cobre as aves quando tem mortalidade. Se, por acaso, a gente não tivesse seguro, eu não só deixaria de receber o valor dos pintinhos, das aves perdidas, mas também da ração, porque a cooperativa, provavelmente, vai querer me cobrar a ração dessas aves que não serão entregues”, disse ao Agro Estadão a produtora rural, Weigan Amanda Rodrigues. Ela é casada com Daniel Crestani, responsável por administrar o aviário de seu pai, Valdemar Crestani.
Nesta quinta-feira, 05, um perito do seguro realizou vistoria na propriedade. Segundo Weigan, ele tirou fotos do gerador – que parou de funcionar após operar por cerca de 24 horas – do controlador de temperatura do aviário que mostra os horários de falta de energia e também coletou o relato de como tudo aconteceu. A família vai enviar ao perito, ainda nesta quinta, alguns comprovantes do pagamento da diária dos funcionários que ajudaram a enterrar os frangos mortos.
No entanto, isso não significa o fim do processo. Mais documentos, fotos e vídeos podem ser solicitados antes da liberação da indenização. “O seguro tem 30 dias para pagar a partir do momento que a gente manda o último documento que eles precisam. […] tem bastante burocracia”, desabafa a produtora.
Entenda o caso
No vídeo e nas imagens abaixo, enviadas por Weigan ao Agro Estadão, é possível ver os frangos perdidos na propriedade dos Crestani após a falta de energia. O descarte das aves seguiu as normas sanitárias, com o enterro em local apropriado.






A família tinha um gerador para manter a ventilação e o conforto térmico das aves, mas o equipamento parou de funcionar após operar ininterruptamente por cerca de 24 horas. Diante da falta de energia, os Crestani adotaram algumas medidas para tentar evitar a morte dos frangos. A primeira ação foi abaixar as lonas dos aviários para evitar o acúmulo do calor. Entretanto, conforme relato de Weigan, o dia estava extremamente abafado, “sem nenhum vento”.
Uma equipe também foi acionada para tentar resolver o problema do gerador. No total, foram cerca de uma hora e meia sem energia. Com os frangos atingindo 34 dias de vida e em grande quantidade nos aviários, a alta temperatura foi fatal.
Atualmente, a propriedade tem três aviários, com uma capacidade total para 100 mil aves. Os animais perdidos representam quase 50% da produção que seria abatida por volta de 12 de dezembro.
Infraestrutura elétrica
Apesar de ter sido a primeira vez que os Crestani registraram perdas de produção por falta de energia, esse é um problema recorrente na região. Segundo Weigan, as falhas no fornecimento são recorrentes, mesmo sem temporais.
“Os postes aqui são antigos, finos e mal cuidados. Quando há vento forte é certeza que a energia vai cair. Só para ser ter uma ideia, em um audiência pública este ano, em Medianeira, o pessoal mostrou um vídeo dos técnicos da Copel [companhia paranaense de energia] amarrando os fios elétricos em poste em árvores, fazendo uma gambiarra, como dizem”, relata Weigan.
No dia da falta de energia, a produtora informou que a Copel foi acionada imediatamente, mas o problema só foi resolvido no sábado, 30, mais de 48 horas depois. A demora, segundo a família, agravou a situação.
O Agro Estadão procurou a Copel. Em nota, a companhia informou “que o temporal do 28 de novembro provocou destruição na rede elétrica e interrupção no fornecimento de energia a 524 mil unidades consumidoras no Paraná, sendo 232 mil somente na região Oeste. O município de Santa Helena foi um dos mais afetados.”
“Na região da linha São Luiz, no município, os ventos fortes provocaram diversos danos à rede elétrica e a queda de 7 postes, que foram substituídos com o apoio de equipes de construção e obras, que dispõem de equipamentos e conhecimento especializados.” Conforme a Copel, “as equipes trabalharam continuamente para restabelecer o fornecimento de energia. A reconstrução dos trechos da rede destruídos foi finalizada no último sábado, dia 30, e a rede foi energizada novamente às 16h50.”
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