Economia
A fruta milenar que é considerada o caramelo da natureza
Tâmara, o "caramelo da natureza", registra salto de 2.510% nas exportações e vira aposta promissora para o agronegócio brasileiro
Redação Agro Estadão*
13/06/2025 - 08:00

Conhecida por sua doçura que lembra caramelo, a tâmara figura entre as frutas mais antigas cultivadas pela humanidade.
Sua história milenar se entrelaça com o desenvolvimento de civilizações, mas o olhar agora se volta para o potencial que este fruto apresenta para o agronegócio no Brasil. Embora o volume de exportação ainda seja modesto, a tâmara mostrou dinamismo notável em 2024.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) revelam um salto de 2.510% no volume exportado e um incremento de 615,62% na receita, sinalizando um mercado em ascensão e oportunidades para quem decide investir na cultura.
Raízes históricas da tâmara
A tâmara tem suas origens rastreadas até o Oriente Médio e Norte da África, com evidências de cultivo que remontam a cerca de 7 mil anos.
Ao longo da história, a tamareira (Phoenix dactylifera) ganhou status especial em diversas culturas, sendo valorizada não apenas como alimento, mas também por seu simbolismo em rituais e crenças. Sua presença é constante em textos antigos, o que sublinha sua relevância histórica e cultural.
O ditado popular “quem planta tâmara, não colhe tâmara” ilustra um aspecto fundamental do cultivo: o tempo de espera. Antigamente, as tamareiras podiam levar entre 80 a 100 anos para dar frutos.
Atualmente, o início da produção se dá entre quatro e oito anos após o plantio, dependendo da variedade e do manejo. No Semiárido nordestino, as tamareiras começam a frutificação de dois a quatro anos, representando uma enorme precocidade e vantagem econômica.
Múltiplos usos da tamareira
Segundo a Embrapa, a tamareira é uma planta notavelmente versátil, cujas partes, além dos frutos, possuem múltiplos usos e valor econômico.
O palmito é extraído do ápice, a seiva vira bebida e os estipes servem para construções e cercas. As folhas são usadas em telhados e cestos; seus folíolos viram fios; os espinhos, agulhas; e os pecíolos, lenha. As fibras do estipe se transformam em cordões e tecidos.
As sementes alimentam animais, produzem colares e carvão. As cinzas das fibras melhoram argamassas e concretos, reduzindo custos e CO₂, enquanto as fibras aprimoram gesso e produzem papel.
Características e variedades da tâmara
A tâmara se distingue por sua forma geralmente oval ou cilíndrica, com tamanho que pode variar significativamente entre as variedades.
A coloração externa muda conforme o amadurecimento, passando de tons amarelados ou avermelhados para diferentes nuances de marrom, até atingir a cor característica da tâmara seca, que é mais escura.
A pele pode ser lisa ou ligeiramente enrugada, e a polpa, que envolve um único caroço alongado, apresenta texturas que vão do macio e suculento ao firme e denso.
As tâmaras são frequentemente classificadas comercialmente com base no seu teor de umidade, influenciando diretamente sua textura e doçura percebida. Existem três categorias principais: macias, semi-secas e secas.
As tâmaras macias, como a Medjool, possuem alto teor de umidade, são grandes e carnudas, com uma textura que derrete na boca e um sabor intensamente doce. As semi-secas, como a Deglet Noor, têm menor umidade, textura mais firme e um sabor doce equilibrado.
Já as tâmaras secas, como a Zahidi, apresentam o menor teor de umidade, são mais firmes e menos doces, sendo frequentemente usadas em processamento.
A diversidade de variedades oferece um leque de sabores e texturas que permite o consumo da tâmara de diversas formas. Seja pura, como um lanche energético, ou incorporada em receitas doces e salgadas, a tâmara adiciona uma doçura natural e complexidade de sabor.

Sua versatilidade a torna um ingrediente valioso na culinária. A tâmara virou uma verdadeira estrela para consumidores em busca de vida mais saudável ou com restrições alimentares.
Pode ser combinada com queijos, frutas e nozes e substitui o açúcar em smoothies, bolos e sobremesas.
O manejo da colheita
A colheita da tâmara é um processo que demanda atenção e, em grande parte, trabalho manual para garantir a qualidade dos frutos. A identificação do ponto ideal de maturação é o primeiro passo, observando a cor e a firmeza características de cada variedade.
O manuseio delicado durante a colheita e o transporte é fundamental para preservar a integridade da tâmara e assegurar sua boa apresentação no mercado.
Mercado e perspectivas para o produtor

O mercado da tâmara apresenta um cenário positivo, impulsionado pela busca crescente por alimentos saudáveis e naturais. A tâmara se posiciona como uma alternativa interessante ao açúcar refinado e atende à demanda de pessoas com restrições alimentares.
Para o produtor rural, isso se traduz em oportunidades de comercialização em diversos canais:
- Mercados locais e regionais;
- Venda direta ao consumidor;
- Abastecimento de supermercados e lojas especializadas em produtos naturais;
- Exportação para mercados com alta demanda.
Contudo, o setor enfrenta desafios, como a concorrência de países com tradição na cultura da tâmara e a necessidade de manter um padrão de qualidade elevado para competir.
Nesse contexto, uma iniciativa estratégica ganha relevância: a parceria entre o estado da Bahia e os Emirados Árabes Unidos. Conforme a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), essa colaboração visa impulsionar o cultivo da tamareira no semiárido baiano, região que possui condições climáticas favoráveis para a cultura.
O objetivo é transformar a área em um polo de produção, utilizando tecnologia e conhecimento dos Emirados Árabes, um dos maiores produtores mundiais.
Essa parceria aponta para o potencial de desenvolvimento e expansão da cultura no Brasil, abrindo novas perspectivas para os produtores locais e fortalecendo a posição do país no mercado global deste fruto milenar.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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