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Economia

Rally da Safra: soja atinge recorde de 172,1 milhões de toneladas

Apesar do recorde, produtividade por estados é desigual com perdas no RS e MS

Nome Colunistas

Paloma Custódio | Brasília | paloma.custodio@estadao.com

27/03/2025 - 17:09

Rally da Safra/Divulgação
Rally da Safra/Divulgação

A produção de soja na safra 2024/25 deve alcançar um recorde de 172,1 milhões de toneladas, um aumento de 10,7% em comparação com o ciclo anterior. A estimativa é da consultoria Agroconsult, após percorrer 62 mil quilômetros em 13 estados produtores e concluir a etapa soja do Rally da Safra. O volume representa um recuo de 300 mil toneladas em relação à previsão do início dessa expedição

A área plantada chegou a 47,8 milhões de hectares, uma expansão de 2,1% se comparada à safra 2023/24. Com isso, a produtividade média estimada é de 60,02 sacas de 60 kg por hectare, um aumento de 9% em relação às 55 scs/ha da temporada passada. Segundo o sócio da Agroconsult, André Debastiani, apesar do aumento na produção da soja este ano, os resultados são desiguais em âmbito estadual.

“Temos estados produzindo a mais do que esperávamos e outros estados a menos. Mato Grosso, Goiás, Matopiba, Bahia e Minas Gerais acrescentam 6,1 milhões de toneladas à estimativa de janeiro, enquanto Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo retiram 6,4 milhões”, detalhou em coletiva de imprensa. O motivo, segundo ele, é o comportamento do clima durante o ciclo da soja.

Em outubro, houve atraso na regularização das chuvas no Centro-Oeste, mas o volume foi suficiente para impulsionar o avanço do plantio na Região Sul. Em novembro, o retorno das chuvas favoreceu tanto o plantio quanto o replantio, além de contribuir para o desenvolvimento das lavouras em boa parte do país. No mês de dezembro, o clima permaneceu estável nos primeiros quinze dias, mas chegando perto da virada do ano, as precipitações começaram a falhar no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul.

Janeiro marcou uma clara divisão climática no país. Do sul do Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul, as chuvas ficaram abaixo do esperado, enquanto nos demais estados o clima permaneceu dentro da normalidade, inclusive com excesso de precipitação no início da colheita em Mato Grosso.

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Em fevereiro, a estiagem consolidou as perdas do grão no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul, enquanto os demais estados alcançaram bons resultados. Já em março, a irregularidade das chuvas voltou a impactar grande parte do país, reduzindo o potencial produtivo das lavouras tardias em Minas Gerais, Goiás e na região do Matopiba.

50 milhões de toneladas de soja

A estimativa de produção de soja em Mato Grosso é superar a 50 milhões de toneladas, um recorde. A expansão da área plantada, que alcançou 12,6 milhões de hectares, impulsionou a produtividade, resultando em um aumento de 5,5% em relação à estimativa pré-Rally. Com isso, a produtividade chegou a 66,5 sacas por hectare — uma das maiores do país.

“[Mato Grosso] tem as lavouras precoces com um potencial produtivo maior, porque pegaram um período de desenvolvimento muito favorável. No entanto, as lavouras mais tardias foram prejudicadas pelo excesso de nebulosidade e chuvas intensas durante a colheita, o que tirou um pouco do seu potencial produtivo”, destaca Debastiani. 

A consultoria Agroconsult dividiu as produtividades dos estados produtores de soja em novo recorde, ótimas e perdas consolidadas:

Novo recorde

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  • Goiás: 68 scs/ha
  • Mato Grosso: 66,5 scs/ha
  • Minas Gerais: 66,5 scs/ha
  • Maranhão: 63 scs/ha
  • Rondônia: 62 scs/ha
  • Tocantins: 61,5 scs/ha

Ótimas produtividades

  • Bahia: 68 scs/ha
  • Santa Catarina: 65,3 scs/ha
  • Paraná: 63,2 scs/ha
  • São Paulo: 62 scs/ha
  • Piauí: 60 scs/ha

Segundo o especialista da Agroconsult, apesar da alta produtividade da soja na Bahia, o estado não quebrou um novo recorde, pois em safras anteriores já alcançou 68,8 scs/ha. Em fevereiro, chegou-se a projetar 70 scs/ha, mas essa marca não foi atingida. “As condições até fevereiro eram ótimas, mas o mês de março foi muito quente e seco, o que prejudicou a produtividade nas lavouras da Bahia”, explica o consultor.

Perdas consolidadas:

  • Rio Grande do Sul: 37,5 scs/ha
  • Mato Grosso do Sul: 49,5 scs/ha

O estado gaúcho iniciou o Rally em janeiro de 2025 com uma estimativa de produtividade de 49,5 sacas por hectare. Para Mato Grosso do Sul, a projeção era de 56,5 sacas por hectare.

Lavouras de soja em Caçapava do Sul, região da Campanha gaúcha. Foto: PM/Divulgação

O sócio da Agroconsult ressalta que Mato Grosso apresenta cenários distintos dentro do território. “O norte do estado — em regiões como Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste, Costa Rica — tem um perfil de produção muito mais parecido com o que está acontecendo em Mato Grosso, com ótimas produtividades. O cenário é outro quando a gente olha para o sul do estado, que corresponde a pelo menos dois terços da área plantada”, ressalta.

Já no Rio Grande do Sul, a safra ainda depende de umidade para finalizar a colheita. “Caso contrário, o estado ainda pode perder um pouco mais de produtividade”, alerta Debastiani.

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