PUBLICIDADE

Economia

Além da soja, agro brasileiro avança com a disputa EUA–China

Conflito entre as duas maiores economias do mundo impulsiona exportações brasileiras de carne bovina e milho para o gigante asiático

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

14/10/2025 - 05:00

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Enquanto o comércio entre China e EUA continua indefinido, o Brasil segue colhendo as bonanças de uma boa relação diplomática com Pequim. Somente em setembro, Pequim respondeu por 92% das exportações brasileiras de soja, conforme dados da secretaria de Comércio Exterior. No acumulado do ano, esse índice é de 77%.

Do outro lado, o Brasil também tem contribuído para recordes na China. Dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa, divulgados nesta segunda, 13, apontam para importações históricas: 12,9 milhões de toneladas de soja – o maior valor já registrado para um mês de setembro no País. Esse movimento ocorre enquanto as esmagadoras chinesas evitam compras de cargas dos EUA e favorecem o mercado sul-americano, com destaque para Brasil, Argentina e Uruguai. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Carne bovina

Além da soja, outras cadeias do agronegócio brasileiro também saem beneficiadas pela guerra comercial entre as duas maiores economias globais. Segundo José Carlos de Lima Júnior, sócio da Markestrat Group, um outro setor que se beneficia do conflito é o da carne bovina. Atualmente, os chineses são o principal mercado comprador desta commoditie. 

No último mês, Pequim representou quase 60% das exportações de carne bovina fresca, refrigerada e congelada do Brasil. Enquanto o segundo principal comprador, o México, respondeu por 4,2% do total enviado ao exterior. Olhando o acumulado do ano (janeiro a setembro), os chineses ficam com uma fatia de quase 53%, enquanto os EUA – que impuseram tarifas adicionais de 50% sobre as exportações brasileiras – aparecem na sequência, com 8,3% do mercado.

Milho e sorgo

O milho e o sorgo também podem ganhar espaço em meio à indefinição sobre um possível acordo tarifário entre EUA e China. A consultoria Markestrat Group destaca que o Brasil surge como um fornecedor potencialmente mais relevante, especialmente após a assinatura, em dezembro de 2024, de um protocolo bilateral entre os governos chinês e brasileiro que autoriza testes sanitários e fitossanitários com o sorgo produzido aqui no país. “O sorgo certamente crescerá nos próximos anos”, disse Lima. 

PUBLICIDADE

No caso do milho, porém, ele alerta para a previsão de importação da China para a safra 2025/26 que foi reduzida, na última semana, de 7 para 6 milhões de toneladas. O cenário pode pressionar os preços globais do milho e as exportações brasileiras. “Por outro lado, as perspectivas para o milho brasileiro se mantêm positivas em termos de produção e potencial de mercado interno. A redução da demanda chinesa deverá criar um cenário de maior concorrência e volatilidade nos preços globais”, explica. 

Considerando as exportações de milho entre janeiro e setembro, a China se estabelece como o quarto principal destino, com 4,2%, atrás de Irã (22,4%), Egito (17,1%) e Vietnã (8,8%).

Alívio momentâneo

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China foram amenizadas nesta segunda-feira, 13, pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Em entrevista à Fox News, o dirigente disse que as tarifas adicionais de 100%, anunciadas no fim da última semana por Donald Trump, não precisam acontecer. Antes, o Ministério das Relações Exteriores chinês ameaçou retaliar caso não haja a retirada da medida.

Besset informou também que o encontro entre os presidentes dos EUA e da China, previsto para o fim do mês na Coreia do Sul, ainda deve acontecer. Com isso, as cotações da soja na bolsa de Chicago, que recuaram mais de 1% na sexta-feira, tiveram um dia de leve alta na abertura desta semana: o vencimento para janeiro/26 avançou 0,24%, cotado a US$ 10,25 por bushel. 

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Líbano abre mercado para bovinos e bubalinos vivos do Brasil

Economia

Líbano abre mercado para bovinos e bubalinos vivos do Brasil

Ministérios anunciaram que negociações foram concluídas nesta sexta-feira, 7; agora, o Brasil soma 486 mercados abertos desde o início do atual governo

Importação chinesa de soja em outubro aumenta 17,2%, para 9,48 milhões de t

Economia

Importação chinesa de soja em outubro aumenta 17,2%, para 9,48 milhões de t

Em valores, as compras da oleaginosa somaram US$ 4,36 bilhões em outubro, 11,2% mais; no acumulado do ano, crescimento foi de 6,4%

Mato Grosso inaugura escritório na China e mira expansão internacional

Economia

Mato Grosso inaugura escritório na China e mira expansão internacional

Unidade ficará em Xangai, onde está o maior porto do mundo em movimentação de contêineres

Por que agricultores franceses dizem ser “loucura” aceitar acordo Mercosul-UE?

Economia

Por que agricultores franceses dizem ser “loucura” aceitar acordo Mercosul-UE?

Membro de uma principais entidade representativa de produtores franceses defende mudanças no acordo para que haja viabilidade

PUBLICIDADE

Economia

China retoma compras de frango do Brasil

País importou em 2024 mais de 500 mil toneladas do frango brasileiro; embarques estavam suspensos desde maio, após caso de gripe aviária no RS

Economia

Exportação de açúcar avança 12,8% em volume, mas recua 5,8% em receita

Em 2025, o Brasil exportou 27,6 milhões de toneladas de açúcar até outubro, 13,7% menos que no mesmo período de 2024

Economia

Agropecuária garante superávit de US$ 9,2 bilhões em outubro

Com exportações de US$ 10 bilhões no mês e crescimento de 6,4% no acumulado do ano, setor segue como pilar da economia brasileira

Economia

Soja e carne bovina lideram exportações do agro; café é impactado pelas tarifas

Embarques de carne bovina aos EUA recuam mais de 50% em outubro, mas setor consolida resultado positivo devido a outros mercados 

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.