Economia
Já ouviu falar da mandiocaba?
Rica em açúcares livres, a mandiocaba se destaca pela rusticidade e potencial para biocombustíveis

Redação Agro Estadão*
10/09/2025 - 05:00

Imagine uma planta que combina a rusticidade da mandioca tradicional com um toque especial de doçura natural. Essa é a mandioca doce, também conhecida como mandiocaba.
O potencial dessa cultura é evidenciado pelas projeções do IBGE, que prevê um crescimento de aproximadamente 3,6% na produção de mandioca comum em 2025, em comparação com 2024.
Estima-se que a produção alcançará cerca de 19,4 milhões de toneladas, com uma área colhida de 1,23 milhão de hectares e uma produtividade média de 15,7 toneladas por hectare.
O que é a mandioca doce (mandiocaba)?
A mandiocaba é uma variedade específica de Manihot esculenta Crantz, que se destaca das variedades tradicionais por uma característica única: seu elevado teor de açúcares livres, principalmente glicose e sacarose.
Essa particularidade resulta em um teor de amido relativamente baixo quando comparado à mandioca de mesa (aipim/macaxeira) e à mandioca brava (industrial).
É importante esclarecer a diferença entre “mandioca doce” e “mandioca açucarada” ou “mandiocaba”.
Enquanto o termo “mandioca doce” geralmente se refere a variedades com baixo teor de cianeto, seguras para consumo após cozimento simples, a mandiocaba se destaca pelo seu alto teor de açúcares livres.
Apesar do sabor adocicado natural, a mandiocaba ainda requer cozimento adequado antes do consumo, garantindo a segurança alimentar.
Por que os produtores devem investir na mandioca doce?

A rusticidade da mandiocaba é um de seus principais atrativos. Essa variedade demonstra uma notável capacidade de adaptação a diversos tipos de solo, incluindo aqueles ácidos e de menor fertilidade.
Além disso, a mandiocaba apresenta uma resiliência impressionante frente a condições climáticas adversas. Essa resistência natural se traduz em maior segurança para o produtor, reduzindo os riscos associados às variações climáticas cada vez mais frequentes.
Outro ponto favorável é a possibilidade de redução nos custos com insumos. Comparada a culturas mais exigentes, a mandioca doce pode proporcionar uma economia significativa em fertilizantes e outros produtos agrícolas, contribuindo para a rentabilidade do empreendimento rural.
Mercados e aplicações da mandioca doce
O principal nicho de mercado da mandiocaba está na indústria de biocombustíveis. Seu alto teor de açúcar a torna uma matéria-prima eficiente e econômica para a produção de etanol.
Estudos da Embrapa indicam que a mandioca pode produzir mais álcool por tonelada que a cana-de-açúcar: uma tonelada de mandioca com 20% de amido pode gerar cerca de 104 litros de álcool, contra 85 litros por tonelada de cana com 140 kg de açúcar total recuperável (ATR).
Além do setor energético, a mandioca doce apresenta oportunidades na indústria alimentícia. Seu perfil único de açúcares a torna interessante para a produção de alimentos especializados, xaropes e até mesmo para o consumo in natura, após o devido processamento.
Mandioca doce e o alto teor de açúcares livres

O que torna a mandiocaba verdadeiramente especial é seu alto teor de açúcares livres. Diferentemente da maioria das variedades de mandioca, onde o amido é o carboidrato predominante, a mandiocaba se destaca pela presença significativa de glicose, sacarose e frutose.
Essa característica única é resultado de processos bioquímicos específicos na planta. Acredita-se que a mandiocaba tenha uma menor atividade de enzimas responsáveis pela conversão de açúcares em amido ou uma maior atividade de enzimas que produzem açúcares.
Essa particularidade confere um sabor diferenciado à mandiocaba, tornando-a valiosa para determinados usos industriais.
Um outro estudo conduzido pela Embrapa revelou dados impressionantes sobre o perfil de açúcares da mandiocaba. O teor de amido nas amostras analisadas variou de 4,36% a 9,53%, com uma média geral de 5,78%.
Esse teor de açúcares disponíveis para fermentação, cerca de 5%, é considerado notavelmente alto quando comparado a outras espécies e variedades comuns de mandioca, que geralmente apresentam maior teor de amido e menor concentração de açúcares livres.
Desafios para o produtor de mandioca doce
Embora a mandioca doce ofereça oportunidades promissoras, é fundamental que os produtores estejam cientes dos desafios associados a essa cultura.
Um dos principais pontos de atenção é a perecibilidade pós-colheita, que se mostra mais crítica na mandiocaba devido ao seu perfil de açúcares. Isso exige um planejamento cuidadoso para garantir o escoamento rápido da produção, seja para a indústria ou para o mercado consumidor.
Diante desses desafios, o suporte técnico se torna indispensável. Produtores interessados em investir na mandiocaba devem buscar assistência de órgãos especializados como a Embrapa e a Emater.
Essas instituições podem fornecer informações atualizadas sobre as variedades mais adequadas para cada região, além de orientações sobre técnicas de cultivo, colheita e pós-colheita.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Tarifa: enquanto Brasil espera, café do Vietnã e Indonésia pode ser isento
2
COP 30, em Belém, proíbe açaí e prevê pouca carne vermelha
3
A céu aberto: produtores de MT não têm onde guardar o milho
4
Fazendas e usinas de álcool estavam sob controle do crime organizado
5
Exportações de café caem em julho, mas receita é recorde apesar de tarifaço dos EUA
6
Rios brasileiros podem ser ‘Mississipis’ do agro, dizem especialistas

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Brasil amplia acesso do agro em Burkina Faso, na África
Com o anúncio, o agro alcança 434 aberturas de mercado desde o início de 2023, em 72 destinos

Economia
Exportações de café caíram 17,5% em agosto; Alemanha liderou as compras
Apesar da retração em volume, a receita subiu 12,7% em agosto, chegando a US$ 1,1 bilhões; EUA lideram compras no acumulado do ano

Economia
Vendas da safra 2024/25 de soja em MT chegam a 91,9%
Índice do Imea está 2,59 pontos abaixo do ritmo registrado em igual período do ciclo anterior, quando as vendas somavam 94,53%

Economia
Comercialização do algodão em Mato Grosso tem pior ritmo em 10 anos
Segundo o Imea, o preço da pluma, no menor nível desde outubro de 2024, tem desestimulado os produtores a vender
Economia
Perdas da carne bovina podem cair a R$ 300 milhões com novos mercados
Expectativa da Abiec está baseada no reequilíbrio do mercado global após tarifas, com aumento de volume vindo de países asiáticos
Economia
Colheita da 2ª safra de milho atinge 96% da área no PR, diz Deral
Departamento informa, também, que produtores aproveitaram as boas condições de umidade para iniciar semeadura da safra de verão
Economia
Produtores de cana do Nordeste pedem a Alckmin subvenção de R$ 12 por tonelada
Pedido de socorro se deve às perdas com o tarifaço dos EUA, agravadas pela queda nas cotações do cana
Economia
Mesmo com tarifaço, exportações de carne bovina devem ser recorde em 2025
Segundo estimativas da Abiec, consumo interno deve passar dos 30 quilos por pessoa, próximo ao observado em 2024