Economia
Mais de 99% dos alimentos têm segurança quanto a resíduos de agroquímicos, diz Anvisa
Das mais de 3 mil amostras coletadas em supermercados, somente 22 apresentaram resíduos com potencial de risco agudo à saúde

Sabrina Nascimento | São Paulo
13/12/2024 - 16:32

Somente 0,67% dos alimentos analisados no Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) apresentaram risco agudo à saúde, informa a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O resultado equivale a 22 amostras entre 3.294 coletadas no ano passado.
Nesta edição do levantamento, foram verificados 14 alimentos, que representam 31% do consumo de alimentos de origem vegetal pela população brasileira. As amostras foram coletadas nas prateleiras de supermercados e analisadas pelos laboratórios da Fundação Ezequiel Dias (Lacen-MG) e do Eurofins do Brasil. Ao todo, as análises buscaram por resíduos de 338 diferentes agroquímicos, incluindo produtos nunca autorizados ou substâncias já banidas no país.
Em relatório, a Anvisa destaca que, “dentro das condições assumidas para a avaliação do risco, foi baixa a ocorrência de situações de exposição dietética a resíduos de agrotóxicos verificadas em concentrações que pudessem levar a efeitos adversos à saúde, do ponto de vista agudo”. Ainda segundo a Agência, “as situações de risco agudo encontradas são pontuais e de origem conhecida, de modo que a Anvisa segue adotando providências com vistas à mitigação de riscos identificados.”
Aplicação de agroquímicos no campo
O relatório também apresenta informações sobre a conformidade com o Limite Máximo de Resíduos (LMR) estipulado pela Anvisa. Esse dado verifica se a aplicação de agrotóxicos no campo resultou em resíduos acima do permitido, se o produto foi utilizado em uma cultura para a qual não é autorizado ou se foi aplicado um agrotóxico não permitido no Brasil.
Segundo a análise, 37% das amostras não apresentaram qualquer resíduo de agrotóxico. Outros 36,9% contiveram resíduos dentro dos limites estabelecidos pelo LMR. O restante das amostras (26,1%) apresentou alguma irregularidade.
A irregularidade ocorre quando os resíduos superam os limites definidos pela Anvisa ou quando há a presença de um agrotóxico não autorizado para a cultura em questão.
Compromisso da cadeia de defensivos agrícolas
Para o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), entidade representativa da indústria de defensivos agrícolas, a análise da Anvisa é essencial para monitorar e avaliar a segurança dos alimentos.
Conforme o Sindiveg, o resultado da pesquisa demonstra o compromisso da cadeia produtiva com práticas agrícolas seguras e o uso responsável de defensivos. “O estudo também comprova que as práticas agrícolas no Brasil têm evoluído para atender não só às normas regulatórias, mas também às expectativas da sociedade em relação à sustentabilidade e responsabilidade ambiental”, destacou em nota.
Como funciona o PARA?
Coordenado pela Anvisa, o PARA conta com o apoio dos órgãos estaduais e municipais de vigilância sanitária e laboratórios estaduais de saúde pública. O ciclo 2023 é o primeiro do Plano Plurianual 2023-2025, que visa monitorar 36 alimentos de origem vegetal representativos da dieta da população brasileira.
As coletas de amostras são realizadas semanalmente pelas vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, sendo cada uma cadastrada em um sistema de gestão antes do envio. Após a coleta, as amostras são lacradas e acondicionadas de forma adequada para garantir sua integridade durante o transporte, que deve ser feito rapidamente para que os alimentos cheguem aos laboratórios em condições apropriadas para análise. Esse transporte é realizado por meio de um Termo de Cooperação Técnica entre a Anvisa e a Associação Brasileira de Supermercados.
Então, as amostras são enviadas para dois laboratórios especializados, onde são analisadas de maneira como foram coletadas — sem lavagem ou remoção de cascas. A análise utiliza o método analítico multirresíduos, reconhecido e adotado por países como Alemanha, Canadá e Estados Unidos. Para os ingredientes ativos específicos de agroquímicos que não podem ser avaliados pelo método multirresíduos, são aplicados métodos específicos.
À medida que as análises são concluídas, os laudos são liberados pelos laboratórios para as vigilâncias sanitárias responsáveis, possibilitando a implementação de ações locais. Por fim, a Anvisa compila os resultados, realiza a análise dos dados e avalia os riscos à saúde dos consumidores.
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