Economia
Líder global em navegação testa etanol em motores
Fase atual utiliza 50% do biocombustível, porém, etapas futuras devem considerar 100% do etanol como aposta do transporte marítimo na descarbonização do setor
Redação Agro Estadão
08/12/2025 - 12:04

A Maersk iniciou uma nova fase de experimentos com combustíveis alternativos rumo à descarbonização do setor marítimo. Desta vez, será testada uma mistura de etanol e metanol — na proporção de 50% para cada componente — a bordo do porta-contêineres Laura Maersk. A iniciativa integra o esforço da companhia para ampliar seu portfólio de fontes de energia de baixa emissão e aumentar a flexibilidade operacional da frota equipada com motores de combustível duplo.
O avanço ocorre após testes realizados entre outubro e novembro, quando uma mistura formada por 10% de etanol e 90% de e-metanol demonstrou desempenho seguro e estável. A avaliação inicial buscou verificar se a presença do etanol comprometeria características como ignição, combustão, lubricidade ou corrosividade do motor do navio — o que não ocorreu, de acordo com a empresa.
Projetado para operar com metanol como combustível alternativo, o Laura Maersk se mostrou adequado para a integração gradual do etanol, uma vez que ambos pertencem à mesma família química e compartilham propriedades relevantes para motores marítimos. Os resultados positivos abriram caminho para misturas mais concentradas e, posteriormente, para a possibilidade de uso de etanol puro.
Para Emma Mazhari, chefe de mercados de energia da Maersk, a diversificação do portfólio energético é essencial para que o transporte marítimo avance em direção às metas climáticas globais. “Na Maersk, acreditamos que múltiplas fontes de combustível são essenciais para que a indústria naval alcance suas ambições climáticas. Isso significa explorar conscientemente diferentes opções e tecnologias”, disse em comunicado.
Além das características técnicas, a companhia leva em consideração fatores de mercado. O etanol possui cadeia produtiva consolidada, abastecimento em grande escala e infraestrutura existente. Estados Unidos e Brasil respondem por 80% do volume global, o que reduz riscos logísticos e facilita a adoção da alternativa renovável. A Maersk, porém, enfatiza que o combustível precisa atender a critérios rigorosos de sustentabilidade, como rastreabilidade, certificações e garantias de que sua produção não pressione áreas agrícolas nem contribua para o desmatamento.
Estratégia
A avaliação do etanol compõe o plano estratégico definido pela empresa em 2021, quando decidiu encomendar exclusivamente embarcações com motores de combustível duplo. Até 2025, 19 navios com essa tecnologia devem integrar a frota. O portfólio atual de combustíveis de baixa emissão inclui biometanol, e-metanol e biodiesel, aos quais se somarão, a partir de 2027, biometano liquefeito e GNL em embarcações afretadas.
Com a ampliação das misturas testadas, a Maersk afirma obter dados essenciais sobre o comportamento do motor e os impactos da combustão, elementos que orientarão decisões futuras sobre abastecimento e infraestrutura energética. O próximo passo será a avaliação da mistura 50/50 e, posteriormente, 100% do etanol puro — etapas consideradas cruciais, de acordo com a companhia, para mensurar o potencial real do etanol na transição energética do transporte marítimo.
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