Economia
Irrigação transforma produtividade das lavouras no Centro-Oeste
Em Cristalina (GO), pivôs centrais em 2,5 mil hectares de lavoura de cana-de-açúcar dobraram a produtividade já na primeira fase do investimento
 
                        Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
10/09/2025 - 07:00

A irrigação agrícola vem se consolidando como uma das principais estratégias para elevar a produtividade e garantir segurança alimentar no Brasil. Uma das principais regiões neste cenário é o Cerrado. No último ano, mais de 70% dos equipamentos de irrigação estavam situados na região, conforme levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Um dos exemplos de sucesso está em Cristalina (GO). A destilaria Lago Azul S.A, conhecida como Lasa, mostra como a irrigação pode mudar o jogo para o produtor. Sob comando de Paulo Gontijo Júnior, a empresa do setor sucroenergético investiu em pivôs centrais para irrigar áreas de cana-de-açúcar.
Hoje, a Lasa já conta com sete pivôs centrais que irrigam 2,5 mil hectares e planeja expandir ainda mais. Este ano, com a terceira fase do projeto em andamento, a meta da empresa é alcançar 3,3 mil hectares irrigados. Ao todo, o projeto da companhia tem mais quatro fases a serem implementadas. O objetivo final é atingir entre 6,5 mil e 7,5 mil hectares irrigados nas próximas etapas.
Além da aquisição dos pivôs centrais, a Lasa investe em infraestrutura própria, incluindo linhas de transmissão e uma termelétrica, garantindo energia estável para os sistemas. “O investimento assegura que os pivôs funcionem mesmo em períodos de pico de consumo ou seca”, diz Gontijo.

Investimento e retorno
O custo médio de implantação de um pivô central de irrigação gira em torno de R$ 22 mil por hectare, incluindo casa de bombas, painéis elétricos, motobombas e outras estruturas. Diante deste valor, na terceira etapa operação, a Lasa investiu cerca 60% de capital próprio, enquanto os outros 40% vieram de um financiamento do BNDES, com as condições do Plano Safra 2024/25.
O retorno financeiro, contudo, dependendo da cultura, pode levar um tempo. Porém, no caso de Gontijo, aconteceu já na primeira safra. “O uso da irrigação nos permitiu dobrar a produtividade em relação ao cultivo de sequeiro”, afirmou.
Crédito mais caro vai travar investimentos?
Apesar de mais caro, o crédito rural continua sendo decisivo para viabilizar novos empreendimentos agrícolas. O programa Proirriga, por exemplo, ampliou seus recursos para R$ 2,75 bilhões, mas os juros também subiram, passando para 12,5% ao ano, com prazo de até oito anos e carência de um ano.
Leandro Preuss, gerente de contas estratégicas da Lindsay Brasil, não acredita que o quadro atual irá frear os investimentos em irrigação devido ao custo-benefício. “O investimento se paga rapidamente e abre caminho para aumento da escala e da eficiência”, salientou.
O especialista destaca ainda que produtores ainda podem recorrer às CPRs (Cédulas de Produto Rural), com prazos de até cinco anos, para complementar o financiamento, reduzir o risco financeiro e garantir a continuidade dos projetos de irrigação mesmo diante de juros mais altos. “Essas alternativas permitem ao produtor planejar melhor os custos, organizar o fluxo de caixa e manter a produtividade em alta”.
 
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