Greve no Ibama: setor florestal estima US$ 10 milhões em prejuízos | Agro Estadão
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Economia

Greve no Ibama: setor florestal estima US$ 10 milhões em prejuízos

“Situação é caótica”, aponta representante do setor em Mato Grosso, onde empresas se preparam para demitir

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Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

07/08/2024 - 05:00

Foto: Gabriela Carvalho/Cipem
Foto: Gabriela Carvalho/Cipem

A greve de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem causado prejuízos ao setor florestal, de acordo com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem). A estimativa é de que aproximadamente US$ 10 milhões em madeira nativa estejam parados nos portos nacionais aguardando documentação. 

O presidente do Cipem, Edinei Blasius, afirmou que a situação é grave, pois na dinâmica da comercialização internacional, os exportadores só recebem o dinheiro da venda após toda a documentação estar pronta. Em média, o processo leva 30 dias, mas está parado desde o início da greve do Ibama, em 2 de julho. Por isso, muitas empresas já estão se preparando para promover demissões e madeireiras pequenas correm o risco de fechar por falta de recursos financeiros. 

“A nossa situação é caótica. Quem vive só de exportação perdeu 100% da receita e está indo para a falência. Tem casos aqui de associados que estão se organizando para iniciar as demissões. Não vai conseguir honrar os compromissos e vai simplesmente entrar em colapso”, afirmou Blasius ao Agro Estadão.

Em Mato Grosso, 220 contêineres estão à espera da licença

O Cipem estima que, somente no estado de Mato Grosso, as exportadoras estejam com 220 containers sem a LPCO (Licença de Produtos Controlados pelo Ibama). Basicamente, essa licença atesta que a madeira nativa foi extraída e comercializada de forma correta. Além disso, a conferência do produto para liberação da LPCO é feita nos armazéns de retaguarda, ou seja, os custos da greve também têm aumentado o tempo dessa armazenagem e, consequentemente, o custo final da venda da madeira. 

“Se perdurar essa greve por mais 20 ou 30 dias, no final do mês teremos o maior número de demissão do setor florestal do estado de Mato Grosso da história. Não estou dizendo se a greve é válida ou não. Sei que tem a situação do reajuste, plano de carreira e que os servidores têm os direitos deles. Mas o governo precisa encontrar um meio termo e equilibrar essa situação para que volte a fluir essa documentação”, ressaltou Blasius.

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Em exportações de madeira, como cumaru, ipê e pinus, o estado do Mato Grosso é o quarto no ranking nacional. Em 2023, foram negociadas 86,5 mil toneladas de madeira. Já em 2022, a produção de madeira nativa somou 7 milhões de metros cúbicos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pelo Cipem.

Fim da greve ainda não tem definição

A mobilização dos servidores do Ibama por melhores condições salariais, renovação dos planos de carreira e a contratação de mais servidores iniciou em 2 de julho. Na última sexta-feira, 2, quando a greve completou um mês, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que é a pasta responsável pelas negociações trabalhistas, apresentou uma contraproposta. 

Do lado dos servidores, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) e a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA (Ascema) é quem está tratando da greve. A categoria irá realizar assembleias para aprovar ou não a sugestão do governo e dar uma resposta até a próxima sexta, 9.

O que o governo diz

Ao Agro Estadão, o Ibama informou que acompanha as negociações entre os servidores com outras partes do governo e ressaltou que, “conforme estabelece a Lei nº 7.783/1989, que regula o direito de greve, as demandas em caráter de emergência continuarão sendo atendidas, como a prevenção e o combate aos incêndios, projetos envolvendo emergências ambientais e a manutenção e atendimento nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas)”. No entanto, não deu um prazo e nem falou sobre como as liberações estão sendo feitas nesse período. 

O MGI disse que as negociações acontecem desde outubro do ano passado. Além disso, a pasta afirmou que está aberta ao diálogo para possíveis ajustes na contraproposta, “desde que não ultrapasse o espaço previsto no orçamento”, diz a nota enviada ao Agro Estadão. 

Já o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) não havia respondido aos questionamentos até a publicação desta reportagem.

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