Economia
Frigoríficos brasileiros habilitados pela China em março podem gerar R$ 10 bilhões em receita na balança comercial, afirma Mapa
Governo também pretende pedir modificação no protocolo de requisitos de exportação de produtos para o país asiático

Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadão.com
11/04/2024 - 18:50

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) prevê que os 38 frigoríficos habilitados pela China em março podem gerar um incremento na balança comercial brasileira de aproximadamente R$ 10 bilhões. O número foi apresentado nesta quinta, 11, em uma coletiva de imprensa para abordar a visita na sexta, 12, do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a uma das plantas habilitadas, em Mato Grosso do Sul.
“Calculamos um incremento aproximado de R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira no decorrer de um ano. Lembrando que nós passamos de 107 plantas para 145 no total. É um acréscimo significativo nas plantas e com isso aumentamos o volume”, completou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do MAPA, Roberto Perosa.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, o cenário positivo também se deve pelo retorno de processos que aguardavam a permissão há cinco anos. “É um processo que, uma vez celebrado, precisa ser desenvolvido, executado pelo setor privado e chancelado e garantido pelo governo. Esses processos [de habilitação] são longos, alguns na escala de anos”, afirmou Goulart.
Governo pretende revisar protocolo de requisitos para exportação à China
Os dois secretários do ministério da Agricultura também adiantaram que o governo brasileiro pretende pedir ajustes no protocolo de requisitos para exportação de produtos à China. Goulart explicou que o país asiático adota essa medida para comprar produtos vindos de fora e que isso não é uma regra internacional, ou seja, nem todos os países têm protocolos.
Já Perosa disse que essa revisão deve ser proposta em junho, na reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que será realizada em Pequim, na China, e contará com a participação do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e do primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
Um dos pontos que devem ser tratados é quanto à obrigação de comunicar à China a ocorrência de casos atípicos do mal da vaca louca e tem como efeito imediato a suspensão das exportações bovinas para o país asiático. O pedido brasileiro é que o protocolo reflita o que já está previsto pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), em que casos atípicos no Brasil têm probabilidade quase inexistente de contaminação humana. Na prática, o país deixaria de comunicar esse casos – o que implicaria na manutenção das exportações.
As tratativas já começam a ser discutidas na próxima semana. O secretário Carlos Goulart viaja nesta sexta, 11, para o país asiático para azeitar as questões técnicas que serão propostas em junho.
Sem previsão para novas habilitações
Os representantes do Mapa também disseram que não há uma previsão para que novos frigoríficos sejam habilitados pela China. Segundo esclareceu Perosa, no processo que deu a habilitação dos 38 frigoríficos, todas as plantas que solicitaram a liberação foram analisadas pela autoridade chinesa, no entanto 32 não passaram no processo.
“O Brasil teve todas as suas plantas avaliadas. Algumas foram aprovadas e outras não. Não foram aprovadas por questões técnicas documentais, vamos dizer assim. Foram repassadas às plantas (empresas) esses critérios e eles deverão corrigir essas questões. Tão logo eles estejam prontos, nós estruturaremos uma forma de entrar em contato novamente com a autoridade chinesa para requisitarmos novas oportunidades (habilitações)”, disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
China suspende importação de carne bovina de três empresas brasileiras
2
Carne bovina: o que está por trás da suspensão chinesa?
3
Produção de oliveiras pode ter quebra de até 40% no Brasil
4
Preço do cacau dispara e impulsiona expansão da produção no Brasil
5
Ovos: preço sobe para o consumidor, enquanto avicultores enfrentam custos elevados
6
Portos RS: movimentação no primeiro bimestre cresce 19%

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduz estimativa da safra de soja 2024/25
A estimativa para a área semeada com milho na Argentina na temporada 2024/25 foi elevada em 500 mil hectares subindo para 7,1 milhões de hectares

Economia
Novo Fiagro financiará agricultura familiar do cacau em modelo que mescla capital público e privado
Fundo nasce com R$ 30 milhões e meta de chegar a R$ 1 bi até 2030; de cada cem produtores de cacau no Brasil, 85 estão à margem do sistema financeiro

Economia
Gripe aviária: USDA deve investir US$ 100 milhões no combate à doença nos EUA
Agência ainda garantiu novos compromissos para importar ovos da Turquia e da Coreia do Sul

Economia
Paraná terá melhor safra de cebola dos últimos 10 anos
Com produção estimada em 127,6 mil toneladas, estado recupera perdas da safra passada
Economia
RS: colheita de soja avança para 11% com rendimento desigual
Distribuição irregular da chuva no estado afeta maturação e produtividade da soja, aponta Emater
Economia
Federarroz: colheita da safra no RS atinge 50% da área
Clima favoreceu a Fronteira Oeste gaúcha, permitindo o recolhimento dos grãos com plantas em pé, diz Federarroz
Economia
IGC eleva projeção da safra global de grãos de 2024/25 para 2,306 bilhões de t
Organização também divulgou estimativa para a safra 2025/26, esperando um volume 2,7% maior que o projetado para a safra atual
Economia
Clima preocupa cafeicultores e pode impactar próxima safra
Cooxupé alerta que efeitos das altas temperaturas só serão mensurados após a colheita da safra de café