Economia
Efeito tarifaço: carne bovina e café disparam novamente nos EUA
Com redução de compras do Brasil, norte-americanos viram os preços da carne e do café saltarem, respectivamente, 16,6% e 21,7% em agosto
Redação Agro Estadão
12/09/2025 - 11:06

Os preços da carne bovina e do café aos consumidores norte-americanos não param de subir. Dados divulgados nesta semana pela agência de coleta de dados e estatísticas do governo dos Estados Unidos (EUA), o Bureau of Labor Statistics (BLS), mostram que os preços de cortes bovinos avançaram 16,6% em agosto em relação ao mesmo mês de 2024. Esse foi o maior salto entre os alimentos acompanhados pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês).
O movimento ocorre em um momento em que o governo norte-americano mantém tarifas adicionais de 50% sobre as exportações brasileiras. Como efeito, o país caiu de segundo para sétimo lugar no ranking de principais compradores da carne bovina do Brasil.
Além disso, o cenário é agravado pela oferta restrita de gado nos Estados Unidos, somado ao encarecimento de insumos e transporte, segundo o BLS. Com isso, mesmo em meio ao arrefecimento da inflação geral — que acumula 2,9% em 12 meses até agosto — a proteína animal segue em trajetória de alta bem acima da média.
Segundo o relatório, o grupo de carnes, aves, peixes e ovos registrou avanço de 5,6% no acumulado de um ano, com alta de 1,0% apenas em agosto. Dentro desse conjunto, a carne bovina se destacou, com elevação mensal de 2,7%.
Analistas apontam que a persistência da alta da carne bovina reflete tanto fatores domésticos — como a redução do rebanho norte-americano — quanto pressões globais, como barreiras comerciais, custos logísticos e demanda aquecida em outros mercados importadores. As perspectivas não são de queda no curto prazo.
Projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) indicam que os preços de alimentos devem subir em torno de 2,9% em 2025, mas as carnes tendem a permanecer acima da média, especialmente se condições climáticas adversas e tarifas comerciais continuarem a afetar a produção.
Café
Outro item que pesou na mesa do norte-americano foi o café. No maior país consumidor da bebida, o café teve aumento de 21,7% em agosto na comparação anual, “reflexo da menor oferta internacional e da volatilidade do grão nas bolsas globais”, aponta o relatório. Em relação a julho, o avanço tinha sido de cerca de 3,6%.
Contudo, outro fator que pesa na balança é o tarifaço. Pela primeira vez em anos, os EUA deixaram de ser o maior comprador de café brasileiro em agosto, descendo para o segundo lugar, atrás da Alemanha.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, no período, o Brasil enviou 301 mil sacas aos mercado norte-americano — de negócios realizados antes da vigência do tarifaço —, o que implicou em queda de 46% ante o mesmo mês de 2024 e de 26% contra julho deste ano.
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