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Economia

Copom mantém Selic em 10,5% ao ano: o que muda para o agro?

Taxa de juros em alto patamar compromete a captação de recursos, além da tomada de crédito por produtores, avaliam economistas

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Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

31/07/2024 - 19:42

Foto: Adobe Stock
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Pela segunda vez consecutiva e por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 10,5% ao ano. No comunicado da decisão, divulgado nesta quarta-feira, 31, o Copom afirmou que a conjuntura atual sinaliza um processo desinflacionário mais lento no país e um cenário global desafiador, ambiente que “demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

Os membros do Comitê também reafirmaram que as decisões em torno da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. “A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, têm impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o Copom. 

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Por fim, quanto a futuras decisões sobre os rumos da taxa básica de juros, o Comitê destaca que o “cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”. O Copom também afirma que se manterá vigilante e que “eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

Avaliação de economistas sobre Selic em 10,5% 

Apesar do comunicado apontar um cenário pouco favorável para novos cortes, o economista Luís Troster não vê possibilidade de um movimento contrário, ou seja, de futuras altas. Segundo ele, a não sinalização do Comitê era esperada.

“Porque o cenário é incerto, assim como nesta reunião, acho difícil uma sinalização de queda na próxima, mas, a tendência é de queda dos juros, possivelmente a partir da primeira reunião do ano que vem”, comenta Troster, prevendo uma volta dos cortes em 2025, desde que o dólar ‘engate’ uma tendência de baixa e assim diminua a pressão inflacionária nos próximos meses.

Já para a economista Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, as expectativas apontam para risco maior no cenário inflacionário, tanto para 2024, quanto para o próximo ano. “Olhando especificamente para 2025, as projeções estão se distanciando da meta de 3%, caminhando para próximo do teto da meta, que é de 4,5%”, comenta Abdelmalack.

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A economista também chama atenção para a taxa de câmbio, que atualmente está mais elevada em comparação ao encontro anterior do Copom, acentuando a preocupação do cenário inflacionário. “A gente tem precificado na curva de juros do Brasil que o próximo movimento [do Copom], provavelmente, será de elevação. O apontamento é que a taxa de juros pode terminar próxima a um patamar de 11% neste ano e acima de 12% em 2025” comenta Camila.

Mas e o Agro? Saiba como a decisão do Copom reflete sobre o setor

Parte fundamental da economia brasileira, o agronegócio – em seus diversos setores produtivos – sente o efeito das decisões sobre os rumos da Selic. Para Camila Abdelmalack, o atual patamar da taxa básica de juros ainda é considerado elevado, o que pode comprometer a captação de recursos do setor produtivo que, por exemplo, pensa em fazer alguma expansão na atividade.

Percepção corroborada pelo professor do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), Felippe Serigati. Diante da manutenção da Selic nesta quarta-feira, ele diz que “vamos passar pelo ciclo 2024/25, de fato, com taxa de juros mais elevadas, não tem para onde fugir, com isso, o custo de crédito, seja ele de crédito bancário, mas até mesmo aquele que o setor capta dentro das próprias cadeias produtivas, vão permanecer caros, então vai ser uma safra com custo de financiamento elevado“.

No curto prazo, porém, Serigati ressalta que não deve haver um impacto significativo ao produtor rural neste segundo semestre, uma vez que, no geral, os financiamentos já foram contratados ao longo dos primeiros seis meses do ano. 

O economista Roberto Troster, no entanto, chama atenção dos agricultores que pretendem fazer algum tipo de financiamento. “Tudo que for safra agora, que se começar, será tomado [crédito] com juros mais altos, e aí, quando você for pagar o empréstimo, se o juros estiver mais baixo, não resolve nada”, diz Troster.

Troster também ressalta que o produtor deve estar atento aos cálculos. “Quando chegar ao fim da safra, a produção tem que ter rendimentos que cubram o empréstimo tomado e demais custos”, diz o economista. Ele ainda afirma que os juros no Brasil, estruturalmente, são altos, fato que prejudica, não só o agro, mas também a indústria e demais setores. 

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