Economia
Consultoria prevê superávit global de açúcar de 2,8 milhões de toneladas em 2025/2026
Expectativa é que saldo positivo seja sustentado pelo aumento da oferta mundial do produto, puxado pelo Centro-Sul brasileiro

Redação Agro Estadão
23/09/2025 - 18:24

A consultoria StoneX projeta que o mercado internacional de açúcar vai registrar superávit de 2,8 milhões de toneladas na safra 2025/2026 (outubro a setembro). O cenário reflete principalmente a expectativa de forte produção no Centro-Sul do Brasil, que deve ampliar a disponibilidade global da commodity.
Segundo o analista de Inteligência de Mercado Marcelo Di Bonifácio Filho, embora a temporada 2024/2025 esteja sendo marcada por déficit, os preços seguem pressionados por estoques elevados e pelo ritmo mais lento das importações internacionais. Segundo ele, o fluxo de comércio tem exercido maior peso na dinâmica de preços neste momento e deve seguir como referência para os contratos futuros.
Nos últimos meses, grandes compradores optaram por manter um ritmo contido de importações, aproveitando cotações mais baixas e evitando movimentos que pudessem desencadear valorização. Esse comportamento decorre do excedente da safra 2023/2024 e das exportações recordes brasileiras em 2024, fatores que resultaram em estoques mais robustos nos principais destinos consumidores.
Produção recorde no Brasil
No lado da oferta, o Centro-Sul brasileiro segue com moagem volumosa. Entre abril e agosto, o setor registrou maximização histórica do mix açucareiro, que superou 52%. Para Di Bonifácio, o aumento expressivo na produção tende a pressionar os preços no médio prazo, especialmente diante da expectativa de um novo ciclo de superávit em 2025/26.
As primeiras estimativas da StoneX para 2026/2027 indicam crescimento de mais de 20 milhões de toneladas na moagem do Centro-Sul, com recuperação do ATR e manutenção de um mix açucareiro elevado, ainda que em leve recuo. A região também será impulsionada pelo avanço do etanol de milho, cuja produção pode atingir 11,4 milhões de m³. Com isso, a oferta de açúcar no ciclo internacional 2025/26 deve alcançar 41,7 milhões de toneladas, em valor tel quel. O analisa observa que essas projeções dão sustentação aos níveis atuais de preços e reforçam a perspectiva de superávit.
Índia mantém expectativa
Na Índia, o clima tem favorecido o desenvolvimento das lavouras desde julho. Em agosto, as chuvas superaram em 5% a média histórica, beneficiando especialmente Maharashtra. Reservatórios cheios no sul do país também sustentam o desenvolvimento da safra 2025/2026 e o plantio de 2026/2027. Já em setembro, a redução das chuvas em Karnataka e Maharashtra pode facilitar a antecipação da colheita caso o padrão de seca prossiga em outubro.
Diante dessas condições, a StoneX manteve a estimativa de produção em 32,3 milhões de toneladas, sendo 4,5 milhões destinadas ao etanol. A expectativa agora se volta para a decisão do governo indiano sobre exportações. Embora a ISMA tenha solicitado a liberação de 2 milhões de toneladas, a operação é considerada pouco viável economicamente, já que a paridade de exportação está em torno de US¢ 17-18/lb, acima dos preços atuais em Nova Iorque.
Déficit em 2024/2025
Para a temporada 2024/2025, praticamente concluída, a StoneX estima déficit global de 4,7 milhões de toneladas. A retração conjunta de Brasil e Índia — equivalente a 9,3 milhões de toneladas — reduziu a oferta exportável dos dois maiores fornecedores mundiais.
Nos próximos meses, os fluxos comerciais serão determinantes na formação das cotações. No quarto trimestre, a expectativa é de aperto entre oferta e demanda, já que o Brasil reduzirá exportações durante a entressafra e a Tailândia só retoma produção de forma mais intensa no início de 2026.
Além disso, a disponibilidade de açúcar refinado pode ficar comprometida, uma vez que a menor compra de bruto por refinarias limita o volume de reexportação. “Se a procura por açúcar branco ganhar força no fim de 2025 e no início de 2026, o prêmio Londres-NY pode se tornar um indicador ainda mais relevante para o mercado”, conclui Di Bonifácio.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Pouco espaço em casa? Veja como fazer uma horta vertical
2
Chamada de nova soja, cannabis pode gerar quase R$ 6 bilhões até 2030
3
Fazendas e usinas de álcool estavam sob controle do crime organizado
4
Conheça a frutinha 'parente' da jabuticaba e pouco explorada
5
Pilão entra no mega-acordo do café e acende alerta sobre concentração de mercado
6
EUA caem para 7º lugar entre destinos da carne bovina brasileira em agosto

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Em dia de estreia na B3, ações da gigante MBRF caem mais de 5%
Fruto da fusão de Marfrig e BRF, companhia é uma maiores empresas de multiproteínas do mundo, com marcas icônicas como Sadia, Perdigão e Qualy

Economia
Grãos fecham em alta após China comprar 10 navios de soja da Argentina
Movimento de compra da soja ocorre após a Argentina oficializar a redução do imposto de exportação de grãos e carnes

Economia
Argentina corta impostos também para carnes, mas não ameaça liderança do Brasil
Além da soja e derivados, governo argentino anunciou retirada de retenciones para exportações de carne de frango e bovina

Economia
Produtores afetados pelo clima podem renegociar dívidas; confira o passo a passo
Prazo vai até fevereiro de 2026; economista alerta que recursos podem acabar rapidamente
Economia
Queda do tomate no atacado é destaque em pesquisa de preços de agosto da Conab
Redução média foi de 19,86% e ocorreu, segundo a companhia, mesmo com oferta inferior em relação ao mês anterior
Economia
Impacto do tarifaço ainda não foi totalmente sentido, alerta OCDE
Organização aponta que efeito das tarifas avança gradualmente, enquanto empresas ainda absorvem parte dos custos
Economia
Azeites brasileiros entram para lista dos melhores do mundo
Produtos gaúchos e mineiros foram incluídos no guia Flos Olei 2026; confira os nomes
Economia
Soja: Argentina zera impostos e ameaça exportações do Brasil para a China
Decisão vai baratear a soja argentina e já impacta o mercado agrícola, que recua de maneira generalizada neste início de semana