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Economia

Como foi a defesa brasileira na investigação sobre Brasil nos EUA?

País é questionado sobre aplicação de tarifas injustas, restrições ao mercado de etanol e desmatamento ilegal

Nome Colunistas

Daunildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

03/09/2025 - 17:45

Foto: Adobe Stock
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Divididos em seis painéis, 39 participantes expuseram em Washington, Estados Unidos, a defesa do Brasil no processo de investigação sobre supostas práticas discriminatórias nas relações comerciais com os norte-americanos. A audiência desta quarta-feira, 03, ouviu empresas, associações e entidades brasileiras, como também representantes do setor privado dos Estados Unidos. 

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) esteve no primeiro painel previsto para iniciar às 11 horas (horário de Brasília), com outros cinco oradores. O discurso feito pela diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, buscou abordar questões como a importação de etanol pelo Brasil, o fluxo de comércio com os Estados Unidos de produtos necessários no setor agropecuário e uma explicação sobre o Código Florestal. 

A CNA demonstrou o aumento das compras brasileiras do etanol norte-americano frente a outros países. “Em 2024, o Brasil importou dos Estados Unidos 17 vezes mais etanol do que da Índia”, destacou a diretora. 

O biocombustível também foi tema da apresentação feita pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). O ex-secretário de Comércio Exterior e colunista do Agro Estadão, Welber Barral, representou a entidade e esteve no segundo painel do dia.

Desmatamento

Um dos pontos em investigação norte-americana é sobre o desmatamento ilegal. A CNA destacou que o Brasil tem um Código Florestal “que garante hoje 66% do território nacional coberto por vegetação nativa, dos quais mais de 33% são preservados dentro de propriedades rurais privadas e mantidos pelos produtores”. 

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Quem também rebateu as alegações dos EUA de que o desmatamento ilegal prejudica produtores dos Estados Unidos foi o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevedo. Ele esteve no primeiro painel representando a Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

“O Brasil aplica com rigor suas leis ambientais. O próprio USTR [Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos] reconheceu que o Brasil reforçou a aplicação de sua legislação ambiental, o que contribuiu para reduzir as taxas de desmatamento. O país também possui um sistema robusto de controle da produção e comercialização de produtos florestais”, afirmou Azevedo ao afirmar ser inverídica a perda de competividade de produtores rurais e de madeira norte-americanos por causa do desmatamento ilegal.

Tarifas brasileiras

Quanto à questão do Brasil aplicar tarifas injustas e preferenciais, Azevedo destacou que as tarifas preferenciais praticadas pelo Brasil estão “em conformidade com acordos internacionais ratificados e adotados pelos Estados Unidos”. O ponto defendido é de que a tarifa média efetiva sobre produtos norte-americanos importados é de 2,7%. “Os bens dos EUA estão sujeitos a algumas das menores tarifas entre nossos parceiros comerciais, exceto o Mercosul. Na realidade, quase três quartos dos bens norte-americanos entram no Brasil livres de tarifas”, reforçou. 

A CNA também corroborou que no caso do setor agropecuário brasileiro, “apenas 5,5% das exportações brasileiras do agronegócio se beneficiam de alíquotas preferenciais concedidas por meio de acordos já celebrados”.  Além disso, lembrou o papel dos produtos norte-americanos para o setor agropecuário no Brasil. 

“Em 2024, o Brasil importou mais de US$ 1,1 bilhão em fertilizantes, máquinas agrícolas e sementes provenientes dos Estados Unidos. A parceria entre nossos países promove inovação, gera empregos e renda no Brasil e nos Estados Unidos, além de fortalecer a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção de alimentos. A CNA rejeita qualquer alegação de que os produtos brasileiros dependam de práticas comerciais ou ambientais inadequadas para acessar o mercado americano”, comentou a diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori.

Consumidores norte-americanos


O setor de pesca, também atingido pelas tarifas, buscou um discurso semelhante ao do setor do café, mostrando os prejuízos aos consumidores norte-americanos. “O aumento das tarifas elevará os preços para os consumidores americanos, que passarão a ter acesso apenas a alternativas de qualidade inferior. O Brasil fornece pescados produzidos em sistemas altamente tecnológicos, atendendo aos rígidos requisitos sanitários e comerciais exigidos pelos Estados Unidos”, afirmou por meio de nota o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pescados (ABIPESCA), Jairo Gund.

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