PUBLICIDADE

Economia

Capacidade de armazenagem em propriedades cresceu 72% nos últimos 15 anos

Mesmo com crescimento, diferença entre volume de produção e armazéns ainda é um dos principais gargalos para escoamento da safra

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 19h

05/06/2025 - 07:00

Armazenagem nas fazendas passou de 20 milhões de toneladas em 2010 para mais de 35 milhões neste ano - Foto: Adobe Stock
Armazenagem nas fazendas passou de 20 milhões de toneladas em 2010 para mais de 35 milhões neste ano - Foto: Adobe Stock

Entre uma safra e outra, um dos pontos indicados como críticos é a armazenagem. Por isso, produtores rurais têm optado por construir seus próprios armazéns. De 2010 até 2025, a capacidade estática de armazenagem em propriedades rurais cresceu 72,13%. Os dados são do Anuário Agrologístico 2025 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados nesta quinta-feira, 5. 

De acordo com o levantamento, essa capacidade de armazenagem nas fazendas saiu de pouco mais de 20 milhões de toneladas em 2010 para mais de 35 milhões de toneladas em 2025. Apesar disso, desde 2023, há uma tendência de estabilidade nesse número, ou seja, a curva de crescimento é menos acentuada a partir desse ano. 

Na análise de toda a armazenagem do Brasil, o crescimento nos últimos 15 anos foi de 52,49%. Com isso, a capacidade de armazenagem estática pulou de cerca de 140 milhões em 2010 para 212,1 milhões de toneladas. 

Quanto aos estados, Mato Grosso concentra 33% de toda a capacidade do país. Rio Grande do Sul (19%) e Paraná (18%) completam os três estados com maior nível de armazenagem. 

Gargalos

Mesmo com o crescimento das armazenagens próprias, elas ainda representam 16,8% de toda a armazenagem do Brasil. Além disso, a Conab aponta que há um “descompasso” em áreas tidas como fronteiras agrícolas, como o Matopiba (Maranhão) e a Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia). Essa diferença é entre o aumento do volume produzido e a capacidade de armazenagem.

PUBLICIDADE

“A infraestrutura existente, especialmente em áreas emergentes, ainda não é capaz de acompanhar plenamente essa transformação, o que resulta em sobrecarga dos armazéns, aumento de custos logísticos e maior vulnerabilidade à perda de qualidade dos produtos pós-colheita”, indica o documento. 

Ao comparar a capacidade de estática com a produção de grãos na 1º safra, ao longo dos últimos 15 anos, houve uma tendência de redução na diferença entre esses dois aspectos. Porém, em 2023, a produção da 1º safra superou em 12 milhões a capacidade instalada. “O dado acende um sinal de alerta quanto a possíveis gargalos logísticos no escoamento da produção nos próximos anos”, complementa a Conab.

Na análise do presidente da estatal, Edegar Pretto, o pico da colheita na 2º safra pode exigir medidas contingenciais. “Embora o déficit de capacidade estática se configure como um gargalo relevante, até o momento isso não tem sido um fator impeditivo ao escoamento da safra. A expectativa dos técnicos da Conab é a de intensificação da pressão operacional no pico da colheita da segunda safra, o que pode nos exigir a adoção de medidas contingenciais e estratégias de mitigação. Estamos preparados caso seja necessário”, pontua ao Agro Estadão.

Escoamento 

Outro ponto da logística analisado são as vias de escoamento da produção. O anuário indicou que em 2024, somente a região Norte foi responsável por 38% do escoamento de soja e milho. Quando se juntam os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) aos portos do Arco Norte, esses corredores concentraram 81,12% das exportações dessas duas commodities. 

O presidente da Conab comenta ainda que os portos do Arco Norte têm ganhado relevância nos últimos anos, o que deve continuar nas próximas safras. “Os portos desta região têm se tornado uma alternativa com um custo de transporte bem abaixo do que quando o escoamento era direcionado apenas pelos tradicionais portos de Santos e Paranaguá – tanto pela distância menor, quanto pela opção de se utilizar intermodalidade (rodovia-hidrovia ou rodovia-ferrovia)”, reforça Pretto.

Evolução da participação percentual na exportação de soja e milho por porto

Porto20202021202220232024
Arco Norte36%34,6%43,4%38,4%38%
Santos (SP)30,4%29,7%34,2%32,9%32,2%
Paranaguá (PR)13,5%13,4%9,5%10,2%11%
Vitória (ES)3,7%4%3%2,7%2,8%
São Francisco do Sul (SC)5,6%5%3,9%6,1%6,7%
Rio Grande (RS)8,9%12,2%4,9%6,9%8,1%
Imbituba (SC)0,1%0%0,3%0,3%0,3%
Outros1,7%1,1%0,8%2,5%0,8%
Fonte: Anuário Agrologístico 2025 – Conab

No total, o Arco Norte foi responsável por exportar 57,6 milhões de toneladas de grãos em 2024. Um dos destaques é o porto de Itaqui (MA), no qual os volumes de milho e soja saltaram de 11,21 milhões de toneladas em 2020 para 20,22 milhões de toneladas em 2024 (+80,3%).

Em Barcarena (PA), o salto da quantidade exportada foi de 70,3% nos últimos cinco anos. “A redução nos valores dos fretes, representada pela menor distância entre as importantes áreas de produção e os portos e pela internalização dos fertilizantes por ali, contribuem para a consolidação dessa saída”, explica o documento.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Cade admite Minerva como terceira interessada na fusão Marfrig-BRF

Economia

Cade admite Minerva como terceira interessada na fusão Marfrig-BRF

Companhia apontou argumentos que demonstram potencial impacto econômico sobre suas atividades se fusão for aprovada

IBGE: estoque de produtos agrícolas era de 36 mi de t ao fim do 2º semestre de 2024

Economia

IBGE: estoque de produtos agrícolas era de 36 mi de t ao fim do 2º semestre de 2024

Em relação ao mesmo período de 2023, houve queda de 19,3%; soja, trigo, arroz e café representam 92,4% dos itens monitorados pela pesquisa

Preço da carne bovina exportada por MT supera a marca de US$ 4.000/t

Economia

Preço da carne bovina exportada por MT supera a marca de US$ 4.000/t

No mês, o Estado exportou 65,8 mil toneladas em equivalente carcaça, o segundo maior volume registrado em 2024

Israel x Irã: como o conflito afeta o agro do Brasil?

Economia

Israel x Irã: como o conflito afeta o agro do Brasil?

Escalada militar no Oriente Médio pode elevar os custos de insumos agrícolas, além de gerar incerteza sobre exportações para países islâmicos

PUBLICIDADE

Economia

USDA mantém estimativas de produção para soja e milho em 2025/26 nos EUA

Quanto aos estoques domésticos, o USDA manteve as reservas de soja ao fim da temporada 2025/26 em 295 milhões de bushels (8,03 milhões de toneladas)

Economia

Plantio da safra de inverno segue lento no RS devido ao clima, aponta Emater

Técnicos afirmam que será necessário o replantio de algumas áreas de canola

Economia

Compra de fertilizantes segue lenta e amplia riscos à safra 2025/26

Geopolítica global influência oferta de adubos e pressiona valores aos produtores brasileiros

Economia

Com aporte milionário, Coopavel irá ampliar capacidade industrial e de armazenagem

BNDES aprovou R$ 133,2 milhões para construção de silos, fábrica de ração e indústria de compostagem na cooperativa

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.