Economia
Conheça este café mais resistente às mudanças climáticas
O Coffea liberica, ainda não cultivado no país, destaca-se por sua adaptação natural a climas quentes e úmidos, prometendo estabilidade na produção
Redação Agro Estadão*
05/09/2025 - 07:00

De acordo com a Embrapa, a safra dos cafés do Brasil estimada para o ano cafeeiro de 2025 totaliza um volume físico equivalente a 55,67 milhões de sacas, evidenciando a relevância do setor para a economia nacional.
Entretanto, as alterações no clima ameaçam a sustentabilidade dessa produção, tornando urgente a busca por alternativas adaptativas.
Há possibilidades que podem ajudar o cafeicultor, como a variedade de café liberica. Embora ainda não seja cultivada no país, essa variedade desperta o interesse devido à sua notável resistência às condições adversas.
O cenário atual da cafeicultura e os desafios climáticos
As mudanças climáticas impactam a agricultura pelo mundo, incluindo as lavouras de café Arábica e Conilon (Robusta), as variedades mais cultivadas no Brasil.
O aumento da temperatura média, a alteração nos regimes de chuva e a maior incidência de pragas e doenças são fatores que afetam diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos.
Essas condições adversas resultam em estresse hídrico nas plantas, floradas irregulares e maior suscetibilidade a doenças como a ferrugem do cafeeiro.
Consequentemente, os produtores rurais enfrentam redução na produtividade, queda na qualidade dos grãos e, por fim, diminuição da renda.
A busca por variedades mais resistentes e práticas de manejo sustentáveis tornou-se importante nesse cenário.
O que é café liberica?

O café liberica (Coffea liberica) é uma espécie distinta de café, com características que a tornam naturalmente adaptada a condições adversas.
Originária da África Ocidental, essa variedade se destaca por sua robustez e capacidade de prosperar em climas mais quentes e úmidos, onde outras espécies de café podem não se desenvolver adequadamente.
As particularidades botânicas do café liberica incluem:
- Porte maior, podendo atingir até 17 metros de altura;
- Sistema radicular mais profundo, permitindo melhor absorção de água e nutrientes;
- Folhas mais largas e robustas, que auxiliam na regulação térmica da planta.
Essas características conferem à planta uma resistência superior a estresses hídricos e térmicos em comparação com as espécies mais cultivadas.
Segundo um estudo da Embrapa, algumas variedades de café, incluindo o liberica, apresentam boa resistência ao estresse hídrico em solo brasileiro, sendo possível selecionar genótipos mais adaptados a condições de seca para melhorar a produtividade e sustentabilidade da cafeicultura.
Por que o café liberica se destaca frente às mudanças climáticas?

A resiliência do café liberica às mudanças climáticas é resultado de sua adaptação natural a ambientes desafiadores.
Sua tolerância a altas temperaturas e períodos de seca prolongados faz com que seja uma opção atraente para regiões onde o cultivo de outras variedades se torna cada vez mais difícil.
Além da resistência térmica e hídrica, ele demonstra uma resistência natural a certas pragas e doenças que afligem as variedades comuns.
Essa característica se traduz em menor necessidade de insumos químicos, como pesticidas e fungicidas, contribuindo para uma produção mais sustentável e economicamente viável.
Potencial produtivo e econômico do café liberica
Embora sua produção em larga escala ainda não seja uma realidade no Brasil, o potencial dessa variedade é promissor.
A adoção do café liberica pode impactar positivamente as práticas agronômicas de diversas formas:
- Expansão da área cafeeira: regiões antes consideradas marginais para o cultivo de café devido às condições climáticas adversas podem se tornar viáveis para a produção de liberica;
- Redução de custos: a menor necessidade de manejo para controle de estresse hídrico e doenças pode resultar em economia significativa para os produtores.
Do ponto de vista econômico, o café liberica representa uma oportunidade de diversificação para os cafeicultores.
Apesar do mercado para essa variedade ainda ser menor em comparação com o Arábica e o Conilon, há um crescente interesse por cafés diferenciados e sustentáveis.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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