Economia
Café: ano safra fecha com receita histórica de US$ 14,7 bi
Apesar do volume menor nas exportações brasileiras, receita com os embarques em junho somou US$ 1 bilhão

Redação Agro Estadão
16/07/2025 - 17:57

Mesmo com queda de 28% no volume embarcado de cafés em junho (2,61 milhões de sacas), o Brasil alcançou um faturamento recorde de US$ 1 bilhão no mês. Esse resultado é quase 20% superior em relação ao mesmo período de 2024, de acordo com relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta quarta-feira, 16.
Segundo o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, em reais, houve um avanço de 23% na receita, alcançando R$ 5,7 bilhões. O avanço foi impulsionado pelos preços internacionais que chegaram a US$ 395 por saca, 66% acima da média do ano anterior. “O recuo nos volumes já era esperado, reflexo da menor disponibilidade após o ciclo excepcional de 2024”, explica Matos.
O executivo destaca ainda que, desde janeiro de 2025, os embarques vinham diminuindo mês a mês, acompanhando o escoamento da safra anterior e a transição para a nova colheita, que começa a aparecer nos embarques a partir do segundo semestre. Com isso, em junho, o país exportou 2,606 milhões de sacas, volume que consolidou a tendência de ajuste de oferta.
Ano safra fecha com melhor receita da história
Com o fechamento dos números de junho, terminou o ciclo 2024/2025 com um resultado histórico em receita. Foi o maior faturamento já registrado em um ano/safra: US$ 14,728 bilhões, avanço de 49,5% frente ao recorde anterior. Em reais, o crescimento foi ainda mais robusto, chegando a R$ 84,3 bilhões, alta de 71%.
Porém, em volume, houve recuo. O Brasil exportou 45,589 milhões de sacas entre julho de 2024 e junho de 2025, uma queda de 3,9% em comparação à safra anterior.
Apesar disso, na avaliação do Cecafé, o desempenho ratifica a importância econômica do setor. “A performance ganha ainda mais peso porque foi alcançada em um cenário adverso, com conflitos geopolíticos, novos desafios regulatórios e problemas estruturais na logística portuária brasileira”, ressalta Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Café solúvel ganha espaço
Apesar da retração no volume total exportado no ano safra 2024/2025, o café solúvel brasileiro manteve a trajetória de alta e se destacou como o único segmento a registrar crescimento. Foram 4,15 milhões de sacas equivalentes embarcadas, um avanço de 12,6% em relação ao ciclo anterior.
O desempenho confirma a consolidação do Brasil como um dos principais fornecedores globais desse tipo de produto. “O café solúvel é um produto de valor agregado, que abre portas em países onde o consumo do café torrado e moído ainda não é tradicional. Ele tem sido uma excelente alternativa para ampliar mercados e agregar valor à exportação”, avalia Marcos Matos.
Rússia e Japão surpreendem
Entre os destinos que mais surpreenderam em 2025, Rússia e Japão se destacaram pelo crescimento consistente das importações do café brasileiro, mesmo em um cenário de desafios logísticos e instabilidade geopolítica.
Conforme os dados do Cecafé, a Rússia aumentou suas compras em 33%, alcançando 625 mil sacas importadas no primeiro semestre do ano, consolidando-se como um dos dez principais destinos do produto brasileiro.
O Japão, tradicional parceiro comercial do Brasil, também apresentou desempenho positivo, com alta de 6% e 1,24 milhão de sacas adquiridas no semestre. “Dos 10 países mais importantes que nós exportamos no ano, na primeira posição, estão os Estados Unidos; segunda posição, Alemanha; terceira, Itália, Japão e Bélgica. Desses países, destaque para o Japão, exportamos 1,24 milhão de sacas e conseguimos crescer 6%. Os demais, pela menor disponibilidade, têm retração nas exportações”, salienta o diretor-executivo do Cecafé.
Além deles, mercados como Turquia (+6,4%) e os países do bloco BRICS, que ampliaram suas compras em 8%, também reforçaram a importância do Brasil em manter parcerias comerciais diversificadas e adaptadas às mudanças do mercado global.

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