PUBLICIDADE

Economia

Brasil perde receita com café por falhas na infraestrutura portuária

Atrasos nos portos impediram o embarque de 737,7 mil sacas em abril

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão | Atualizada em 23/05/2025 às 11h35

22/05/2025 - 09:07

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

O Brasil deixou de exportar 737,7 mil sacas de café em abril deste ano devido a falhas na infraestrutura portuária, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Os atrasos afetaram mais da metade dos navios escalados para os embarques, gerando prejuízos logísticos e perdas econômicas para exportadores e produtores rurais.

O volume de sacas, equivalente a 2.236 contêineres, gerou um prejuízo de R$ 6,6 milhões no caixa das empresas devido a gastos imprevistos com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.

Interface gráfica do usuário, Tabela

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

Desde o início do levantamento realizado pelo Cecafé, em junho de 2024, os exportadores associados à entidade acumulam um prejuízo de R$ 73,2 milhões com esses custos extras em função dos problemas estruturais nos principais portos de escoamento do produto no Brasil.

O impacto se estende também à balança comercial. O país deixou de receber US$ 328,6 milhões, ou R$ 1,9 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais somente em abril deste ano, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 445,47 por saca (café verde) e um dólar de R$ 5,7831 na média do mês passado.

Burocracia

Para o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, os anúncios recentes do governo sobre investimentos em infraestrutura são positivos, mas é preciso acelerar os processos:

“As melhorias propostas levarão cerca de cinco anos para serem entregues, considerando condições normais na tramitação. No entanto, a ideia de restringir a participação ampla de interessados no leilão do Tecon Santos 10, incluindo armadores, não faz o menor sentido, pois cria dificuldades ao processo, com eventuais judicializações, o que tornaria ainda mais lento o leilão do terminal, levando as empresas que atuam no comércio exterior a acumularem ainda mais prejuízos com as despesas logísticas”, comentou.

PUBLICIDADE

Segundo o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, a questão dos embarques vai além da estrutura física dos terminais e envolve também as estratégias comerciais dos armadores. “O problema está nas rotas dos navios conteineiros. Muitos chegam ao porto, descarregam, mas não carregam novas cargas, ou levam volume menor. Isso não acontece só com o café, mas também com o algodão e outras culturas. O café sente mais porque tem um rito mais rígido de exportação”, explicou.

Para ele, é necessário que o governo federal também atue junto às empresas de navegação para negociar ajustes. “Muitos terminais portuários pertencem aos próprios armadores, que priorizam carregar em suas próprias estruturas, gerando conflitos logísticos quando a carga está em terminais distintos.”

Ao Agro Estadão, o Ministério de Portos e Aeroportos afirmou, em nota, que a modernização e ampliação de terminais portuários no Brasil demanda, em média, cinco anos para atingir a capacidade básica de operação. O órgão reconhece a existência de gargalos logísticos e informou que tem adotado medidas para atender à demanda projetada das próximas décadas, incluindo a realização de leilões: 43 entre 2013 e 2022 e mais 60 previstos até 2026. Citou ainda a criação do programa Navegue Simples, buscando agilizar autorizações e reduzir burocracias no setor.

Tempo de espera chegou a 31 dias

Os dados constam no Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé. O levantamento aponta que 56% dos navios destinados à exportação do grão enfrentaram atrasos ou alterações de escalas em abril.
 

Gráfico

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

No Porto de Santos, principal ponto de escoamento do produto, esse índice chegou a 58%, afetando 99 dos 171 navios. O tempo máximo de espera registrado foi de 31 dias. No complexo portuário do Rio de Janeiro, o segundo maior exportador do grão, 67% das embarcações também enfrentaram atrasos, com intervalos de até 15 dias entre os prazos de embarque.

PUBLICIDADE

Além do impacto negativo aos exportadores, o diretor do Cecafé recorda que o produtor brasileiro de café também é prejudicado com esses entraves na infraestrutura portuária.

“O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação ao cafeicultor, a uma média, em 2024, de 88,3% aos que cultivam arábica e de 96,5% aos que produzem canéfora (conilon + robusta). Quando não conseguimos exportar nossos cafés devido à não concretização dos embarques por falta de infraestrutura portuária, também deixamos de repassar mais receita aos nossos produtores, que são trabalhadores exemplares no cultivo de cafés sustentáveis e de muita qualidade a todo mundo”, informa.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Cade admite Minerva como terceira interessada na fusão Marfrig-BRF

Economia

Cade admite Minerva como terceira interessada na fusão Marfrig-BRF

Companhia apontou argumentos que demonstram potencial impacto econômico sobre suas atividades se fusão for aprovada

IBGE: estoque de produtos agrícolas era de 36 mi de t ao fim do 2º semestre de 2024

Economia

IBGE: estoque de produtos agrícolas era de 36 mi de t ao fim do 2º semestre de 2024

Em relação ao mesmo período de 2023, houve queda de 19,3%; soja, trigo, arroz e café representam 92,4% dos itens monitorados pela pesquisa

Preço da carne bovina exportada por MT supera a marca de US$ 4.000/t

Economia

Preço da carne bovina exportada por MT supera a marca de US$ 4.000/t

No mês, o Estado exportou 65,8 mil toneladas em equivalente carcaça, o segundo maior volume registrado em 2024

Israel x Irã: como o conflito afeta o agro do Brasil?

Economia

Israel x Irã: como o conflito afeta o agro do Brasil?

Escalada militar no Oriente Médio pode elevar os custos de insumos agrícolas, além de gerar incerteza sobre exportações para países islâmicos

PUBLICIDADE

Economia

USDA mantém estimativas de produção para soja e milho em 2025/26 nos EUA

Quanto aos estoques domésticos, o USDA manteve as reservas de soja ao fim da temporada 2025/26 em 295 milhões de bushels (8,03 milhões de toneladas)

Economia

Plantio da safra de inverno segue lento no RS devido ao clima, aponta Emater

Técnicos afirmam que será necessário o replantio de algumas áreas de canola

Economia

Compra de fertilizantes segue lenta e amplia riscos à safra 2025/26

Geopolítica global influência oferta de adubos e pressiona valores aos produtores brasileiros

Economia

Com aporte milionário, Coopavel irá ampliar capacidade industrial e de armazenagem

BNDES aprovou R$ 133,2 milhões para construção de silos, fábrica de ração e indústria de compostagem na cooperativa

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.