Economia
Lula diz estar aberto a negociar etanol com os Estados Unidos
Governo também avisa sobre possíveis impactos em setores como soja e algodão com as políticas tarifárias norte-americanas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
13/08/2025 - 16:12

O governo federal apresentou uma medida provisória com ações que visam ajudar os setores afetados com o tarifaço dos Estados Unidos. Durante o discurso na cerimônia de anúncio feita nesta quarta-feira, 13, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o Brasil está disposto a negociar a questão do etanol com o governo norte-americano.
“Se quer negociar o etanol, nós negociaremos. Se quiser negociar etanol, não coloque problema nisso, porque nós estamos dispostos a negociar. Produzimos mais e melhor do que eles. Nós queremos negociar. Quem não quer negociar são eles. […] A gente quer vender e quer comprar”, afirmou o presidente.
Atualmente, o etanol comprado fora do Mercosul é taxado em 18%. A tarifa é considerada uma barreira para a entrada do biocombustível americano no Brasil.
Como mostrado pelo Agro Estadão, a fala de Lula confirma um temor do setor que vinha escutando sobre a possibilidade de incluir nas negociações uma redução nessa alíquota do etanol. Segundo lideranças do setor, a situação vem sendo monitorada e a apreensão era de levantar uma pauta que até então não estava na mesa dos negociadores. Com esse indicativo do presidente brasileiro, isso pode mudar.
Os Estados Unidos são os principais produtores de etanol do mundo, com mais de 50 bilhões de litros anuais. O Brasil é o segundo na lista, com números superiores a 30 bilhões de litros. Uma das diferenças é com relação a matéria-prima utilizada. No país norte-americano, o milho é amplamente utilizado. Apesar do avanço do processamento de milho no Brasil para essa finalidade, a cana-de-açúcar segue sendo a principal fonte do etanol brasileiro.
Outros setores na mira
Também durante a apresentação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os Estados Unidos podem acabar prejudicando outros setores brasileiros. Segundo ele, soja e algodão, atualmente, não estão sendo afetados, mas podem também sofrer com as políticas de Donald Trump.
“Já quero informar, presidente, que há setores que não estão no radar hoje, mas que podem vir a entrar em função de uma agressividade muito grande. Por exemplo, a exportação de algodão e soja por parte dos Estados Unidos, que está impondo compras de outros países aos seus produtos e isso pode acarretar problemas internos aqui no Brasil. Então, nós temos que estar muito atentos não só ao que está acontecendo no Brasil, mas ao que está acontecendo no exterior e assim acomodar o setor produtivo brasileiro”, disse o ministro.
O ministro Haddad se refere, neste discurso, às declarações do presidente Trump que, nesta semana, disse esperar um aumento das compras de soja americana por parte da China. A expectativa, externada por ele, é de que quadruplique os envios de soja para o país asiático.

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