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Economia

Boitel: saiba o que é e confira dicas na hora de escolher um 

Confinamento pode ser alternativa para produtores na gestão da pastagens ou na estratégia de preço

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

13/10/2024 - 08:00

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

O Brasil tem mais de 238 milhões de cabeças de bovinos e a grande maioria é criada em pastagens, da fase inicial até o momento do abate. Porém, existe uma alternativa que pode ser rentável para o pecuarista: o boitel. Se você pensou em “boi” e “hotel”, está no caminho certo para entender do que se trata!

A ferramenta pode ser um trunfo na gestão do negócio rural, de acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Corte, Luiz Orcírio Oliveira. Especialista no assunto e também pesquisador na área de nutrição animal, ele conversou com o Agro Estadão e explicou o que é o boitel, como funciona e qual a orientação para o produtor na hora de escolher um.

O que é um boitel?

Boitel é um confinamento em que a empresa, normalmente frigorífico, faz toda a parte de engorda dos animais. “É um empreendimento com instalações para a engorda de bovinos na fase de terminação. É uma prestação de serviço na engorda de animais de terceiros”, conceitua Oliveira. 

A palavra faz uma associação entre boi e hotel. De fato, há uma semelhança já que é prestado um serviço de acomodação para os animais. No entanto, o foco desse período no boitel é a engorda e não, simplesmente, um lugar para deixar os bovinos. 

Os hóspedes e suas mordomias

No boitel, todo o trato do animal é oferecido pelo próprio local. O produtor entrega os animais e alinha como pretende fazer a dieta do gado de acordo com os objetivos que ele tem. A partir disso, toda a alimentação e possíveis cuidados veterinários passam para o boitel, que costuma ficar com os animais por 100 dias, em média. Como o foco é a engorda, dependendo do peso que os bovinos chegam, eles podem ganhar de 120 a 180 quilos até o final dessa fase, explica Oliveira. 

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“Tem alguns limites de ganho de peso para esse animal, que é de 120 a 180 quilos no período que ele fica lá. Se você considerar uma média de 150 quilos, com ele ganhando um quilo e meio por dia, ele vai ficar 100 dias lá no boitel, para estar acabado [pronto para o abate]”, complementa o especialista. 

Na chegada, os animais passam por um protocolo sanitário que inclui vacinação contra clostridios e vermifugação. Essa etapa também é paga pelo produtor e é obrigatória. “Não pode correr o risco do animal ter uma doença ou levar uma para os outros”, pontua o pesquisador.

Existem diferentes tipos de boiteis?

Sim, mas o que muda são as modalidades de acertos. São basicamente três tipos:

  • Diária: o tipo de acerto mais comum. O produtor paga pela quantidade de dias que os animais ficam no confinamento. 
  • Sociedade: Os animais são pesados na chegada e o produtor ganha na valorização da arroba. Neste caso, é importante o pecuarista analisar se compensa ou não a modalidade, já que o peso dos animais vai ser conhecido desde o início mas não irá interferir nos ganhos. Por exemplo: se um produtor colocar 500 arrobas de gado, ao final do confinamento, o valor pago a ele será referente às 500 arrobas, mesmo que os animais já estejam pesando 550 arrobas. Pode ser que o preço da arroba esteja baixo no momento ou tenha se valorizado, sendo possível ver através do mercado futuro do boi. 
  • Sequestro: essa modalidade não visa o abate, pois é normalmente utilizada para animais de recria. Funciona como uma manobra adicional para os pecuaristas. Dependendo da quantidade de animais e de como o produtor pretende gerir a propriedade, ele coloca parte dos bovinos em um boitel e assim consegue poupar um pouco a pastagem. Eles ficam no boitel com uma dieta apenas para manutenção de peso, e assim, quando as pastagens estiverem em melhores condições, os animais retornam à propriedade. Por ser uma dieta mais simples, a diária nesses casos costuma ser mais barata. 

Boitel como alternativa

Um dos pontos que o pesquisador da Embrapa coloca é o leque de possibilidades que o boitel abre para o produtor de gado. Isso porque ele pode ir além do fato da engorda. 

“Isso tem que ser visto como uma alternativa muito interessante. Aqui, nós temos a cultura de achar que a terceirização de uma parte é gastar dinheiro. Na realidade, não tem que pensar assim, e sim na estratégia do que aquele serviço está prestando na sua produção. De repente, fazendo isso, o produtor consegue minimizar a degradação da pastagem, dá condições de planejar melhor as pastagens na época da seca e tem o lado da estratégia financeira também”, comenta Oliveira. 

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A procura pelo serviço de confinamento pode ser uma manobra para se buscar preços melhores. Por exemplo, no início da entressafra, quando começa o período da seca, há um aumento na venda de animais para o abate e os preços descem. Com o boitel na equação, o produtor pode esperar um momento melhor para vender os animais. 

Também relacionada à entressafra, as propriedades costumam ter uma queda significativa na pastagem de qualidade. Nesse sentido, a engorda dos animais fica ainda mais difícil e demorada, por isso o boitel pode acelerar o processo. Além disso, é uma ferramenta para poupar a pastagem, como na modalidade chamada de sequestro. 

O que ficar atento na hora de escolher um boitel

O especialista lista algumas dicas para os pecuaristas interessados analisarem no momento da busca de um boitel. 

boitel
Atenção ao bem estar animal na hora de escolher o boitel. Foto Adobe Stock

Visita aos locais

Antes de fazer qualquer acerto é importante o produtor conhecer o local onde ele pretende deixar os animais. Ali ele deve analisar como são feitos os procedimentos para alimentação, de manejo e de sanidade. Outro ponto é verificar como é o bem-estar animal, se há por exemplo, algum local de sombra para os dias quentes

Planejamento

Dependendo do nível de urgência, os valores para hospedar os animais podem variar. Por isso, a recomendação é se programar e fazer os acertos com antecedência. Oliveira orienta que o planejamento comece pelo menos dois meses antes, deixando claro para o boitel as datas de entrega dos animais. 

Olho na dieta

Dentro do acompanhamento nutricional, é importante o produtor estar atento à dieta dos animais, afinal é ela quem vai indicar o ganho de peso. Olhar questões como a quantidade de volumoso e de concentrado, além de um alinhamento mais próximo com a gestão do boitel pode fazer a diferença. O especialista também recomenda que o produtor não deixe de pedir os relatórios de consumo dos seus animais, pois eles vão indicar se está havendo o aumento de peso. 

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