Ferramentas como o Zoneamento Agrícola de Risco Climático ajudam a planejar a expansão para novas regiões
O avanço do greening (huanglongbing ou HLB), a doença mais destrutiva da citricultura, está redefinindo o mapa do cultivo de citros no Brasil. O tradicional Cinturão Citrícola — que abrange São Paulo (exceto o litoral), o Triângulo Mineiro e o sudoeste de Minas Gerais — agora incorpora novos estados produtores: Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Distrito Federal, formando o Cinturão Citrícola Expandido (CCE).
Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a migração dos pomares para áreas livres ou com baixa incidência de greening começou em 2023 e continua expandindo. Em nota, o pesquisador da Fundecitrus, Renato Bassanezi, disse que a previsão é que a doença aumente no estado de São Paulo no curto prazo. “A verdade é que o produtor tinha negligenciado um pouco a rotação de inseticidas, o que levou a populações de insetos resistentes aos principais inseticidas usados, que eram os mais baratos”, explica.
Os produtores que precisam decidir sobre a mudança da área de plantio para escapar do greening podem contar com o apoio de alertas fitossanitários e pesquisas da Embrapa e do Fundecitrus. Entre essas ferramentas, destaca-se o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que orienta sobre os riscos climáticos para a produção agrícola em diferentes regiões do Brasil.
O Zarc considera riscos de 20% até 40% para a perda da produção associados a todas as fases de desenvolvimento dos frutos, desde a floração, passando pela frutificação, até a colheita. Segundo o pesquisador da Embrapa e coordenador do Zarc Citros, Mauricio Coelho, o instrumento consegue analisar o risco climático em cada município do Brasil. Com esses dados, é possível identificar quais áreas próximas ao Cinturão Citrícola são mais adequadas para o cultivo de citros.
“A partir do momento em que a citricultura se expande, pode envolver locais com riscos climáticos ainda mais elevados. Isso já está acontecendo em algumas regiões, como Triângulo Mineiro e Alto Parnaíba, no oeste paulista, que apresentam maior risco climático, principalmente no que se refere ao déficit hídrico, e temperaturas elevadas no período de floração”, ressalta Coelho.
A Embrapa também possui um projeto de zoneamento específico do inseto transmissor da bactéria associada ao greening e da podridão floral dos citros (PFC). O estudo está em fase desenvolvimento, mas tem o objetivo de obter mapas com a indicação de áreas favoráveis para a formação do CCE, além de servir como base para futuros zoneamentos para outras pragas e doenças dentro do cinturão. A expectativa é que esses mapas sejam disponibilizados ainda em 2025.