Cotações
Mercado agrícola observa cenário climático nos EUA e na América do Sul
Relatório de oferta e demanda mundial de grãos reduz safra brasileiras, mas ainda não considera perdas no RS
Sabrina Nascimento
11/05/2024 - 07:06

O mercado agrícola acompanha com atenção o cenário climático nos Estados Unidos e, de forma atípica, na América do Sul. Somam-se a esses fatores, os dados do primeiro relatório de oferta e demanda mundial de grãos divulgado pelo Departamento de Agricultura Norte-Americano (USDA) nesta sexta-feira, 10.
Para a safra 2023/24, o USDA estimou a produção global de soja em 376,11 milhões de toneladas, com estoques finais de 111,78 milhões de toneladas. Para o Brasil, houve corte na estimativa de produção, mas, ao que tudo indica, sem considerar o potencial de perdas na safra do Rio Grande do Sul.
“O USDA não trouxe cortes expressivos na safra de soja do Brasil. Tivemos corte de apenas 1 milhão de toneladas, para 154 milhões em 2024”, diz Matheus Pereira, diretor da consultoria Pátria Agronegócios.
Olhando para a safra nova, a produção mundial de soja é estimada em 422,26 milhões de toneladas, com estoques finais de 128,5 milhões de toneladas. A produção brasileira é projetada em 169 milhões de toneladas, com exportações estimadas em 105 milhões de toneladas.
Segundo Pereira, o destaque para a temporada 2024/25 é a “forte elevação dos estoques globais, passando de 111 milhões de toneladas na safra atual para 128 milhões de toneladas em 2024-25.”
As projeções mexeram com o mercado agrícola, elevando as cotações da soja e do milho na bolsa de Chicago. Porém, segundo analistas, esse primeiro relatório do departamento Norte-Americano fornece um panorama dos próximos meses. “É importante ressaltar que esses números estão sujeitos a revisões à medida que a temporada avança e novas informações se tornam disponíveis”, ressalta Ana Luiza Lodi, especialista em inteligência de mercado da StoneX.
Cortes na safra de soja do RS e do Brasil
Depois das chuvas torrenciais que caíram sobre o Rio Grande do Sul, as projeções de safra estadual e nacional começam a ser revisadas.
Levantamento inicial da StoneX mostra uma estimativa de produtividade da soja gaúcha 13% inferior, o que representa um corte de 3 milhões de toneladas na produção final. Com isso, a projeção de safra no estado passou de 23 milhões de toneladas para 20 milhões de toneladas.
O corte impacta os números nacionais, que também foram revisados. Saindo de 150 milhões de toneladas no último relatório da consultoria, para 147,8 mi t.
Destaca-se, ainda, que é impossível mensurar o impacto de toda a umidade na qualidade dos grãos, bem como os reflexos em armazéns e na logística interna e de exportação do estado. “O que está acontecendo no RS vai afetar a cadeia do agronegócio de maneira significativa. Precisamos acompanhar as próximas semanas, ver como fica a qualidade dos grãos”, afirma Lodi.
Mercado tem olhar atípico para a América do Sul
Neste período do ano, geralmente, o mercado agrícola se concentra em observar o avanço do plantio da nova safra dos Estados Unidos. No entanto, alguns fatores mudaram o comportamento tradicional nesta safra.
Aqui no Brasil, as perdas nas lavouras estão sendo levantadas aos poucos, à medida em que técnicos conseguem acesso às regiões bloqueadas do RS. Enquanto isso, a Argentina está relatando problemas de qualidade de colheita.
Além da soja, produtores argentinos sofrem ainda com o problema da cigarrinha do milho. “Ao menos 2 milhões de toneladas da safra foram reduzidas por conta dessa situação”, relata a especialista da StoneX. Todo esse quadro deixa em alerta a oferta de grãos. “A grande expectativa agora é a desconstrução da oferta total aqui na América do Sul. A gente vem subtraindo, realmente, a oferta”, sinaliza Pereira.
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