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Do clima à guerra, confira os fatores que têm movimentado as commodities

Soja e milho passam por oscilações constantes, café cai e boi sobe

5 minutos de leitura 10/10/2024 - 07:00

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Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

Foto: Adobe Stock
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Condições climáticas, demanda aquecida, conflito no Oriente Médio e andamento da colheita, são vários os fatores que vêm mexendo com os preços das principais commodities agrícolas neste início de outubro, conforme análise da Markestrat Group. Confira os principais destaques apontados pela consultoria em relatório semanal:

Café

Após semanas de altas sucessivas, os preços do café enfrentaram desvalorização nos primeiros dias de outubro. No mercado físico, o café arábica encerrou a última semana comercializado a R$ 1.457,78 por saca, enquanto o robusta foi negociado a R$ 1.411,65, com quedas mensais de 3,1% e 6,7%, respectivamente. No mercado futuro, o contrato de café arábica negociado em Nova York, com vencimento em dezembro (KCZ4), também registrou uma queda de 3,3%. Esse movimento de baixa segue sendo observado nesta semana, com quedas de 4,7% para o arábica e 10,10% para o robusta nesta terça-feira, 8.

“Essa desvalorização é atribuída a vários fatores, como as expectativas de melhoria nas condições climáticas nas regiões produtoras de café, o que aliviou as preocupações com a oferta futura. Além disso, movimentos especulativos e a realização de lucros após semanas de alta permitiram que investidores aproveitassem para vender, impactando os preços tanto no mercado físico quanto no futuro”, explicam analistas da Markestrat.

A consultoria também ressalta que um dos principais destaques na última semana foi a B3, que passou a negociar contratos futuros de café Conilon (CNL), refletindo a demanda crescente do setor cafeeiro por essa forma de proteção de preços.

Cana-de-açúcar

Durante a primeira semana de outubro, o conflito no Oriente Médio, com destaque para as tensões entre Israel e Irã, impactou o mercado de energia, afetando também os preços do etanol. 

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Conforme acompanhamento da Markestrat Group, na Bolsa do Brasil (B3), os contratos futuros de etanol com vencimento em outubro (ETHc1) registraram uma valorização de 2%, sendo negociados a R$ 2.585 por metros cúbicos. “Esse aumento está diretamente relacionado à alta nos preços do petróleo, com o barril de Brent Oil (LCOZ4) e Crude Oil WTI (CLX4) que subiram 4,7% e 6,6%, respectivamente, na semana”, diz o relatório.

O aumento da demanda por etanol também se intensificou devido à sua maior atratividade frente à gasolina, dado a elevação dos preços do petróleo, complementam os analistas.

No caso do açúcar, os preços se mantiveram praticamente estáveis. No mercado físico, houve uma leve valorização de 0,4%, com a saca sendo comercializada a R$ 146,97. No mercado futuro de Nova York, os preços mantiveram-se estáveis em torno de 23 centavos de dólar por libra-peso para o contrato Sugar N. 11 (SBc1).

Milho

Os preços do milho no mercado físico mantiveram-se firmes, registrando uma valorização de 2,8% ao longo da semana e fechando a R$ 66,21 por saca de 60 quilos, segundo avaliação da Markestrat, com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). 

“Esse aumento nos preços internos foi impulsionado pela demanda doméstica, que continua fortalecida”, contextualizam os especialistas da consultoria.

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Por outro lado, no mercado futuro, o comportamento do grão foi distinto. Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com liquidação em dezembro sofreram uma desvalorização semanal de 0,9%, negociados em torno de US$ 4,25 por bushel, enquanto na B3 os contratos com vencimento em novembro recuaram 1,3%, sendo negociados a R$68,05 por saca, acompanhando o movimento de desvalorização dos grãos e seus derivados.

Nesta semana os mercados, tanto físico, quanto futuro têm oscilado entre leves quedas e altas. Nesta quarta-feira, a posição dezembro na CBOT encerrou o dia com 0,12% de alta, aos US$ 4,21 por bushel. No físico, a saca do cereal retornou ao patamar de sexta-feira (R$ 66,21), após queda de 0,24% na segunda, 7.

Pecuária

A arroba do boi gordo iniciou outubro em alta. Na primeira semana do mês, os preços no mercado físico subiram 6,4%, alcançando R$ 291,80 por arroba. Já na B3, os contratos futuros com vencimento em outubro (BGIc1), registraram uma valorização semanal de 2,1%, encerrando a semana a R$ 285,25 por arroba. 

“Esse movimento de alta foi impulsionado pela forte demanda por carne bovina e pela oferta

restrita, fatores que continuam pressionando os preços. As exportações de carne bovina também contribuíram significativamente, já que em setembro os embarques foram 28,4% superiores ao mesmo período de 2023, um volume recorde de 251,76 mil toneladas no período”, explica a consultoria 

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Além disso, ainda de acordo com analistas da Markestrat, o consumo de carne no mercado interno manteve-se robusto tanto no atacado quanto no varejo, o que deverá ser reforçado pelo maior poder de compra dos brasileiros no início do mês, sugerindo que os preços devem permanecer elevados.

Nesta terça-feira, 8, a arroba bovina voltou a subir, segundo o Indicador do Boi Gordo Cepea. A alta no dia foi de 0,36%, a R$  294,20. No mês, a valorização atingiu 7,24%.

Soja

Após poucas oscilações ao longo da semana, os preços da saca de 60 quilos de soja se mantiveram praticamente estáveis no mercado físico, registrando uma leve valorização de 0,4% e sendo negociada a R$ 141,66 em Paranaguá-PR. No mercado futuro, os contratos com vencimento em novembro (ZSX4) na CBOT apresentaram uma queda de 1,8%, sendo negociados a US$ 10,37 por bushel, refletindo a desvalorização do farelo de soja, que caiu 4,9% na semana. 

Nesta semana os preços no mercado físico inverteram o movimento de sexta. Nesta terça a saca da oleaginosa fechou o dia com desvalorização de 0,34%, a R$ 140,24. No mercado futuro, após cair por dois dias seguidos, o contrato para novembro fechou esta quarta-feira com uma alta de 0,52% a US$ 10,21 por bushel.

Para as próximas semanas, os analistas esperam que os preços continuem a ser influenciados pelo bom ritmo da colheita de soja nos Estados Unidos e pelas melhorias nas condições climáticas, com previsão de chuvas para as próximas semanas no Brasil, contribuindo para o avanço do plantio da safra 2024/25.

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