Cotações
Confira as tendências do mercado agrícola e da pecuária nesta semana
Entenda os fatores que estão impactando as commodities em maio, o que esperar para os próximos dias e as melhores estratégias de comercialização
Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
26/05/2025 - 13:55

O mercado do milho segue pressionado no Brasil. A reta final da colheita da 1ª safra do grão e a expectativa de uma produção recorde na safrinha, com colheita iniciando no Paraná e no Mato Grosso, influenciam o cenário. Como reflexo, no acumulado do mês, as cotações do cereal no mercado doméstico registram queda superior a 13%.
Com isso, a consultoria Markestrat não aponta um cenário favorável para comercialização. “Devendo evitar o mercado spot (à vista) e direcionar atenção às oportunidades na cadeia de etanol, que deverão puxar a demanda do grão a médio prazo”, sinalizam.
Acompanhe mais tendências do mercado agrícola:
Soja
Os preços da soja têm apresentado recuperação generalizada neste mês de maio, com valorização tanto no físico (+2,96%) quanto nos contratos futuros. Segundo a Markestrat, o movimento reflete o maior apetite do comprador e ajustes na demanda externa.
Além disso, com a colheita praticamente finalizada no Brasil, as decisões de venda ganham força, em meio a preocupações com logística e qualidade armazenada. Nestes casos, a consultoria recomenda um aproveitamento do momento de alta no mercado. Porém, alerta que é necessário estar atento para evitar uma concentração de decisões em um único ponto de preço, mantendo os aspectos de armazenagem e mercado internacional no radar.
Farelo e óleo de soja
Tanto o farelo quanto o óleo de soja apresentaram valorização, ao longo dos últimos dias, com ganhos em todos os contratos, com variações entre +0,27% e +1,73% no acumulado da última semana. “O movimento sugere a retomada da demanda e melhora nas margens de processamento, em um ambiente ainda influenciado por questões logísticas e de armazenagem”, dizem os especialistas em relatório.
Na visão da Markestrat, este é um momento oportuno para avaliar a venda escalonada dos derivados, especialmente para quem possui barter (sistema de negociação de troca) atrelado ao processamento. Negociações com a indústria também podem ser uma oportunidade, conforme os especialistas, uma vez que pode haver uma maior apetite comprador.
Trigo
O preço físico do trigo acumula queda de 6,01% no mês, mantendo a pressão sobre a rentabilidade da cultura. Por outro lado, os contratos futuros registraram alta consistente na última semana, variando entre 2,9% e 3,4%, indicando uma leve recuperação nas expectativas do mercado.
Mesmo assim, a combinação de crédito restrito e preços em baixa continua desestimulando o plantio, especialmente na região Sul. Por isso, devemos acompanhar uma manutenção ou retração da área semeada no país. Neste contexto, de acordo com os especialistas, o produtor deve priorizar insumos com maior retorno técnico e buscar renegociações de crédito, sempre com um planejamento financeiro conservador.
Café
O mercado de café registra forte desvalorização no mês e na semana, tanto para o arábica quanto para o robusta. Os contratos futuros com vencimento em maio e julho acumulam queda superior a 7% em ambos os tipos. Esse quadro reflete uma pressão vendedora, puxada pela desaceleração das exportações e pela revisão das expectativas para a safra.
“Apesar desse movimento de curto prazo, a projeção de faturamento recorde para o setor em 2025 reforça que os fundamentos de longo prazo seguem positivos”, aponta o relatório. Diante desse cenário, a orientação aos produtores é evitar a venda de grandes volumes no curto prazo, aguardando maior estabilidade no mercado e uma possível reação dos preços com o avanço da colheita.
Pecuária
O mercado do boi gordo segue pressionado, com queda de 6,84% no preço físico no acumulado do mês. Os contratos futuros de curto prazo acompanham essa tendência, enquanto os vencimentos mais longos, como setembro e novembro, começam a sinalizar uma leve recuperação. Por outro lado, o bezerro apresenta valorização de 1,73% no mês, indicando expectativas mais positivas para a reposição e confiança em uma retomada da demanda.
Diante desse cenário, a recomendação ao pecuarista é evitar decisões precipitadas na venda de boi gordo no curto prazo, considerando o viés de recuperação nos contratos mais longos. Além disso, a Markestrat indica ser necessário acompanhar de perto o mercado de reposição, podendo gerar boas oportunidades de planejamento para a próxima entressafra.
Outro ponto no radar é a questão sanitária, que voltou a ganhar destaque, com o reforço de normas de controle e ações preventivas, especialmente diante dos riscos associados à gripe aviária. Além disso, nesta semana, o Brasil deve ser reconhecido como país livre de aftosa sem vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal.
Algodão
O mercado de algodão tem apresentado comportamentos opostos em maio. Enquanto o preço no cenário doméstico acumula ganhos de 2,42%, refletindo uma melhora na demanda, os contratos futuros estão em queda, com destaque para o vencimento de julho, que, até a sexta-feira, 23, já perdia 5,76% no mês.
Diante desse quadro, a Markestrat aponta que este é um bom momento para realizar vendas no mercado físico. Por outro lado, recomenda-se cautela na negociação de volumes elevados nos contratos futuros, considerando o atual contexto de alta volatilidade.
Cana-de-açúcar
O mercado de açúcar segue pressionado, com queda de 7,92% no preço físico no mês e recuos nos contratos futuros. O movimento, segundo os analistas, reflete o aumento na oferta e ajustes nas expectativas de moagem.
Diante desse cenário, a recomendação aos produtores é evitar a antecipação de grandes volumes de venda no mercado físico, aguardando uma possível estabilização dos preços após o pico da safra. “Também é indicado avaliar oportunidades de negociação em contratos de longo prazo”, recomendam.
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