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Apesar das chuvas, commodities agrícolas conseguem sustentar preços

Agentes de mercado precificam recentes precipitações e mantêm condições climáticas no radar

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Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

15/10/2024 - 08:02

Foto: Adobe Stock
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A terceira semana de outubro começa com agentes de mercado refletindo e apontando para possíveis mudanças nos preços das commodities com a chegada da chuva em grande parte do país. Na semana passada, após um período de seca e temperaturas bastante elevadas, as precipitações retornaram sobre áreas produtoras de soja, por exemplo, como Paraná e Goiás. De acordo com a Climatempo, as chuvas colaboram para repor a umidade do solo, favorecendo a semeadura da oleaginosa. 

Para esta semana, ainda de acordo com a empresa de meteorologia,  as instabilidades mais intensas se concentram sobre a metade norte do Brasil e a chuva se espalha sobre grande parte do Centro-Oeste e sobre o interior da fronteira agrícola do Matopiba. 

“Em áreas entre Mato Grosso e Goiás, Triângulo e Cerrado mineiro há condições para chuva de aproximadamente 100 mm nos próximos cinco dias. No Paraná e interior do Sudeste, grande parte das áreas produtoras devem ter uma semana de tempo mais firme e chuvas muito esparsas devem atingir a faixa leste da região e noroeste paulista”, projeta a Climatempo.

Fonte: Climatempo

Apesar de ainda pouco influentes sobre os preços neste início de mês, as projeções mais otimistas quanto ao clima já têm surtido efeitos ou ao menos estão no radar do mercado. Confira os principais destaques da última semana e as tendências para as cotações, conforme análise da consultoria Markestrat Group:

Pecuária

Por mais uma semana consecutiva, entre os dias 7 e 11 de outubro, a arroba do boi gordo manteve-se em alta. No mercado físico, os preços subiram 1,5% ante o período anterior, encerrando a sexta-feira, 11, a R$ 297,50 por arroba. Na comparação com igual intervalo de setembro a alta chega a 8,44%.

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Na Bolsa do Brasil, a B3, os contratos futuros de outubro (BGIc1) ultrapassaram os R$ 300 por arroba, fechando a semana a R$304,90. A valorização também foi observada nos contratos com vencimento em novembro e dezembro. 

“Esse movimento de alta seguiu impulsionado pela forte demanda doméstica na primeira quinzena do mês, somada ao ritmo acelerado de exportações, que atingiram volumes recordes no último mês, com tendência histórica de serem maiores neste último trimestre do ano, ainda em um cenário de oferta limitada, mantendo os preços da arroba pressionados”, explicam os analistas. 

Referente à reposição, a consultoria ressalta que, embora já esteja no início da fase de alta do ciclo pecuário de preços, as cotações dos animais de reposição ainda permanecem comedidas. “Esse cenário, no entanto, tende a mudar nas próximas semanas e meses, com a recuperação das pastagens impulsionada pelos maiores volumes de chuvas previstos e aumento da demanda pela categoria”, explicam os especialistas.

Soja

Os preços no mercado físico mantiveram-se praticamente estáveis na segunda semana de outubro. Conforme análise da consultoria Markestrat, com base em dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca de 60 quilos de soja teve valorização de 0,5% na semana, encerrando a sexta cotada a R$ 141,42 em Paranaguá (PR).

No mercado futuro, os contratos de novembro  (ZSX4) na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) caíram 1,1% ao longo da semana, fechando a sessão regular a US$ 10,05 por bushel, refletindo a queda contínua no farelo de soja (ZMZ4), que recuou 2,5%. 

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“Esse movimento é influenciado pelo bom ritmo da safra norte-americana, pela melhora nas condições climáticas na América do Sul (Brasil e Argentina), e por uma demanda global abaixo do esperado, mesmo com as medidas de estímulo econômico  na China”, contextualizam os analistas.

Além disso, o relatório de oferta e demanda (WASDE), de outubro, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), apontou uma leve queda na produção, causada por uma menor  produtividade nas lavouras dos EUA, mas sem impacto significativo nos preços futuros, segundo os consultores da Markestrat.

Milho 

No mercado doméstico, os preços do milho mantiveram-se firmes na segunda semana de outubro, registrando uma valorização de 2,6% no período e fechando a R$ 67,75 por saca na sexta-feira. 

De acordo com a Markestrat, a demanda aquecida pelo mercado interno nesse período de entressafra do grão e as especulações quanto ao clima para a safra 2024/2025 pressionaram os preços dos contratos no mercado futuro. Na B3, negócios com vencimento em outubro (CCMc1) reagiram e tiveram alta de 0,1% na semana, fechando o último pregão a R$ 68,49 por saca. 

Por outro lado, na CBOT (ZCZ4), os contratos com liquidação em dezembro tiveram uma desvalorização semanal de 1%, sendo  negociados a US$ 4,16 por bushel. “Esse movimento foi influenciado pelo aumento da produção e da produtividade da safra nos Estados Unidos,  conforme divulgado no último relatório WASDE/USDA”, explicam os consultores.

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Ainda de acordo com a Markestrat, “mesmo com volumes maiores exportados e estoques reduzidos, o que resulta em  uma menor oferta do grão, os preços do milho também continuam pressionados pela queda nos preços do trigo e do complexo soja.”

Cana-de-açúcar 

Seguindo a tendência de alta da primeira semana, os contratos futuros de etanol com vencimento em outubro registraram uma valorização de 1% na B3, negociados a R$ 2.661,50 por metros cúbicos. 

“A alta nos preços continua a ser influenciada pelos impactos dos preços do petróleo, devido ao conflito no Oriente Médio, e também foi impulsionada pela recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro, que visa promover o uso de biocombustíveis e reduzir a dependência brasileira de combustíveis fósseis”, explicam os analistas.

Além disso, complementam os especialistas, a menor produtividade dos canaviais, causada pela seca, continua a pressionar os preços, devido à queda na moagem, mesmo com a redução do mix destinado à produção de açúcar. 

Já para o adoçante, os preços no mercado físico aumentaram 2,1% na semana, com a saca sendo negociada a R$150, impulsionados pela redução do mix de açúcar devido ao alto nível de impurezas na matéria-prima. No mercado futuro de Nova York, entretanto, os preços sofreram  uma queda de 1%, com o contrato Sugar N. 11 (SBc1) sendo negociado a 22,22 centavos de dólar por libra-peso. 

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