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Clima

Lavouras de cevada e trigo são as mais afetadas por geadas no Paraná

Onda de frio deve perder intensidade a partir de quinta; no Sul do Brasil, chuvas retornam na próxima semana

5 minutos de leitura 13/08/2024 - 17:35

Por: Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

Geada sobre lavoura de cevada em Prudentópolis-PR. Foto: Didi Rickli
Geada sobre lavoura de cevada em Prudentópolis-PR. Foto: Didi Rickli

Esta terça-feira, 13, foi mais um dia em que muitos produtores mal acordaram e já correram aos pastos e lavouras para verificar a intensidade do frio da madrugada e possíveis perdas diante das baixas temperaturas. 

No Paraná, as regiões centro-sul, sudoeste, sudeste e centro-oriental do estado relataram baixas temperaturas e geadas sobre as pastagens e principalmente lavouras de trigo.

“A situação mais preocupante é para as lavouras de inverno em fase de espigamento e enchimento de grãos, prejudicando a formação dessas espigas. Abordando as culturas de maior importância econômica, temos a maior parte da cevada e trigo da região dos Campos Gerais, e a maior parte do trigo e aveia do sudoeste nessas fases.”, disse  Ana Paula Kowalski, do Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, ao Agro Estadão.

Registros de lavouras de cevada e trigo, de Prudentópolis, a 202 quilômetros de Curitiba, foram compartilhados pelo produtor Didi Rickli. Segundo ele, possivelmente as geadas resultarão em perdas, no entanto, a dimensão precisa ser observada. “Leva uns dias pra gente ver corretamente, deve ter estragado um pouco, mas ainda não posso dimensionar as perdas”, disse o produtor à reportagem.

“Mais ao norte, na região de Boa Ventura de São Roque e Pitanga, onde tinha trigo maior plantado mais cedo, o pessoal tem relatado danos”, comenta David Naiverth, produtor de trigo e cevada em Pinhão, região central do estado. Naiverth explica que em suas produções não houve danos severos, pois as plantações são recentes, mas a intensidade do efeito climático foi acima dos padrões. “Na nossa região e propriedade não tivemos [prejuízos], pois os trigos e a cevada estão novos. Nós temos um histórico de frio, não é estranho gear até setembro, mas geralmente as geadas nessa época são fracas e pontuais, fazia tempo que a gente não tinha frio nessa época, mas sempre fica o receio”, diz o produtor.

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“A região centro-sul e sudeste realiza o plantio mais tardiamente, então as plantas estão, em sua maioria, em desenvolvimento vegetativo [crescimento e formação de folhas], sem maiores prejuízos a essas espécies que são invernais”, comenta a técnica da Faep.

No sudoeste paranaense há mais relatos sobre lavouras atingidas: “Acredito que foi grande o prejuízo, principalmente nas lavouras de  trigo, devido à intensidade da geada”, disse Albino Poposki, produtor na região de Francisco Beltrão, sudoeste do PR.

Estados do Sul seguem em alerta de geada

E a previsão é de que o frio continue sobre o Paraná. Nesta terça-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um novo alerta laranja para risco de geadas para parte do estado nos próximos dias. Além do Paraná, o alerta também se estende a partes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Conforme o Inmet, com temperaturas entre  0ºC e 3ºC, há risco de estragos em plantações. 

INMET publica aviso iniciando em: 14/08/2024, às 00:01. Risco de perda de plantações. Temperatura mínima entre 3ºC e 0ºC. Fonte Inmet.

Em uma das regiões mais frias do Brasil, São Joaquim, município catarinense, a terça-feira também amanheceu com temperaturas congelantes. A mínima chegou a -6,4ºC durante a madrugada. Entretanto, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), até o fechamento desta matéria, não foram registrados registros de danos em áreas rurais. 

Mas os efeitos dessa onda de ar frio não se limitam à região Sul. No último fim de semana, geadas atingiram São Paulo e Minas Gerais, afetando sobretudo lavouras de café, mas também incidindo sobre canaviais e hortaliças. 

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De acordo com a especialista em meteorologia da Tempo OK, Maria Clara Sassaki, essa onda de frio vai seguir até a próxima quinta-feira, 15. “Depois do dia 15 a temperatura volta a subir, especialmente no Sudeste e no Centro-Oeste”, afirma a especialista, que ainda chama atenção para a amplitude térmica – quando as temperaturas máxima e mínima têm uma grande diferença. Essas oscilações podem fazer mal ao gado e até provocar a morte dos animais.

“Teremos ainda grande amplitude térmica, porque a atmosfera está muito seca. Isso favorece a queda rápida de temperatura no fim do dia e a elevação significativa no período da tarde. Durante a noite e a madrugada, a umidade na atmosfera serve como uma espécie de cobertor e segura o calor perto da superfície. Durante o dia, ela funciona como um isolante térmico e não deixa a temperatura subir rápido. Na sua ausência, os extremos de temperatura ocorrem com mais facilidade”, explica Sassaki.

Em Mato Grosso do Sul a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) acompanha os relatos de pecuaristas sobre mortes de animais no último fim de semana, segundo o órgão as perdas de animais causadas por hipotermia estão sendo monitoradas. O Iagro também reforça o pedido para que os produtores comuniquem a Agência todas as ocorrências no período. 

Chuva retorna ao Sul na próxima semana

Para os próximos dias, entre 15 e 19 de agosto, não há previsão de chuva significativa pelo Brasil, segundo a Tempo Ok. No entanto, a partir da próxima segunda-feira, 19, uma frente fria e um ciclone extratropical vão alterar este cenário, principalmente no Sul do país, com chance de acumulados significativos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. 

“Essa massa de ar frio da virada do mês tem pouca chance de avançar para o interior do país.  Estamos monitorando ainda, mas hoje, a chance é baixa de ter um frio semelhante a esse que estamos vivendo agora”, conclui a especialista.

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