Clima
El Niño impacta crescimento da castanheira-da-amazônia, aponta estudo
Fenômeno climático reduz o desenvolvimento em diâmetro da árvore, considerada símbolo econômico, histórico e cultural da Amazônia
Paloma Santos
09/07/2025 - 08:00

Um estudo realizado na região de Caracaraí, em Roraima, revelou que o fenômeno climático El Niño tem impacto direto no crescimento da castanheira-da-amazônia (Bertholletia excelsa), uma das espécies mais emblemáticas da Floresta Amazônica. A pesquisa, divulgada pela Embrapa, mostrou que períodos de estiagem, provocados pelo El Niño, reduzem significativamente o crescimento em diâmetro dessa árvore, considerada símbolo econômico, histórico e cultural da Amazônia.
No estudo, foram analisadas amostras de 10 árvores coletadas de forma não-destrutiva em uma área de castanhal nativo de nove hectares. As espécies analisadas possuem, em média, 92 anos de idade, 17,5 metros de altura e diâmetro de 78 centímetros. O crescimento médio anual dos anéis foi de 3,87 milímetros.
As cronologias de crescimento das castanheiras foram correlacionadas a dados de temperatura e precipitação local, como também aos dados de temperatura da superfície do oceano Pacífico, informação utilizada como marcadora de ocorrência de eventos de El Niño e La Niña.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e coordenadora da pesquisa, Patrícia Costa, os dados mostram uma forte relação entre o crescimento da castanheira e a quantidade de chuva na região. “Quanto maior a precipitação, maior o desenvolvimento da árvore. Por outro lado, o aumento da temperatura do Oceano Pacífico — característica do El Niño — tem efeito oposto, desacelerando o crescimento da espécie”, afirmou a estatal por meio de comunicado.
A série histórica analisada, que abrange o período de 1951 a 2010, apresentou alta qualidade nos sinais climáticos registrados nas árvores. “A castanheira demonstrou ser um importante bioindicador, especialmente sensível às variações na precipitação e aos efeitos do El Niño”, destacou, também em comunicado, o professor Mário Tomazello Filho, coordenador do Laboratório de Anatomia e Identificação de Madeira.
Ainda segundo a Embrapa, “os resultados reforçam a importância da preservação das florestas e ampliam o conhecimento sobre como eventos climáticos extremos afetam diretamente a dinâmica das espécies na Amazônia”.
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