
Marcos Fava Neves
Especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Exportações batem recorde bimestral mesmo com queda nos preços
O valor representa um crescimento de 19,7% em comparação com os US$ 9,71 bi exportados no mesmo mês de 2023.
27/03/2024 - 12:03

As exportações do agro alcançaram mais um recorde em fevereiro de 2024, atingindo a cifra de US$ 11,63 bi, de acordo com dados da secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa). O valor representa um crescimento de 19,7% em comparação com os US$ 9,71 bi exportados no mesmo mês de 2023.
Os cinco setores que mais contribuíram para o valor histórico foram: “Complexo Soja” com US$ 3,7 bi exportados (-1,1% na variação anual), porque embora a soja em grãos tenha aumentado (+4,5%), as vendas externas do óleo de soja caíram significativamente (-87,3%) devido ao aumento da mistura de biodiesel que elevou a demanda doméstica pelo produto. Em seguida, as “Carnes” faturaram US$ 1,8 bi (+13,0%), sendo que os volumes exportados atingiram quantidades recordes para os 3 tipos de carne e, em contrapartida, os preços médios de exportação tiveram retração: bovinos (203,9 mil t ou +40,7% | -6,9% preço médio); frango (388,3 mil t ou +4,5% | -8,2% preço médio); suíno (93,5 mil t ou +20,5% | -8,6% preço médio). A China autorizou a operação de 38 frigoríficos somente em março, e há previsão de mais liberações durante o segundo semestre deste ano.
Na terceira posição, vem o “Complexo Sucroalcooleiro” com exportação de US$ 1,7 bi (+171,1%), puxado pelo açúcar, que vendeu 3,1 mi de t, desempenho impressionante para o mês. Os “Produtos Florestais” ocupam a 4ª posição com US$ 1,3 bi (+10,2%), sendo a celulose o principal produto do setor atingindo a cifra recorde de US$ 734,9 mil em exportações (+5,5%).
O “Café” ficou com o 5º lugar alcançando US$ 812,3 mi (+65,9%). As exportações brasileiras totalizaram 3,6 mi de sacas em fevereiro, um aumento de 48,9% em comparação com o mesmo período de 2023, resultando em um aumento na receita de 47,2%. No acumulado dos primeiros oito meses da safra 2023/24, as exportações atingiram 30,7 mi de sacas (+24,3%), gerando US$ 6,1 bi em receita (+6,1%). Esse cenário pode ser atribuído às dificuldades enfrentadas por dois importantes exportadores globais, Vietnã e Indonésia, cujas plantações foram afetadas por condições climáticas adversas no último ano, bem como os preços dos cafés brasileiros mais atrativos no mercado global. Os dados são do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Do lado das importações do agro, foram de US$ 1,44 bi no último mês (+7,5%), o que possibilitou um saldo de US$ 10,17 bi no mês (+ 21,4%). No acumulado de janeiro e fevereiro de 2024, as exportações do agro somam US$ 23,26 bi, alta de quase 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Desempenho excepcional neste início de ano, contribuindo para a balança comercial, ingresso de divisas, investimentos e estabilidade da moeda.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Opinião
1
O Agro Brasileiro e a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
2
Por que a reciprocidade trumpista não funciona: o caso do etanol
3
Rota Bioceânica: Oportunidade Histórica para o Agronegócio Brasileiro
4
Política Agrícola: se não puder ajudar não atrapalhe
5
Novidades na pesquisa agropecuária e um problema antigo
6
A norma antidesmatamento européia (EUDR) e o Agronegócio Brasileiro

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Opinião
Vamos seguir sem deixar nenhuma mulher para trás
No Dia Internacional da Mulher, não venho fazer homenagens. Venho falar sobre as dores que, nesta data, muitos jogam debaixo do tapete

Teresa Vendramini

Opinião
A norma antidesmatamento européia (EUDR) e o Agronegócio Brasileiro
A preocupação global com o desmatamento e suas consequências ambientais têm gerado intensos debates nas últimas décadas, especialmente em relação à Amazônia, um dos maiores patrimônios naturais do planeta

Welber Barral

Opinião
O Agro Brasileiro e a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, o Brasil tem responsabilidade central no combate à insegurança alimentar, contribuindo com a produção de grãos, carnes, frutas e outros produtos essenciais

Tirso Meirelles

Opinião
Por que a reciprocidade trumpista não funciona: o caso do etanol
Em declarações recentes, o ex-presidente Donald Trump ressuscitou o conceito de “reciprocidade” nas relações comerciais, afirmando que “se eles nos cobram, nós cobramos deles”

Welber Barral
Opinião
Política Agrícola: se não puder ajudar não atrapalhe
Suspender financiamentos para investimento, em geral, e para custeio para médio e grande produtor, a taxas subsidiadas, não seria problema, mas sim a elevação do dólar, da taxa de juros, do custo dos insumos, que não se resolve via medida provisória

José Carlos Vaz
Opinião
Rota Bioceânica: Oportunidade Histórica para o Agronegócio Brasileiro
O mercado asiático é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e isso não é novidade para ninguém

Teresa Vendramini
Opinião
Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em fevereiro
No segundo mês de 2025 será importante acompanhar as safras brasileira e argentina, além do cenário econômico e político mundial

Marcos Fava Neves
Opinião
O Brasil e seu NDC: ambição verde versus realidade
Não serão poucos os efeitos internacionais dos impactantes atos executivos assinados por Trump ao assumir novamente a presidência

Welber Barral