Marcos Fava Neves
Especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Exportações batem recorde bimestral mesmo com queda nos preços
O valor representa um crescimento de 19,7% em comparação com os US$ 9,71 bi exportados no mesmo mês de 2023.
As exportações do agro alcançaram mais um recorde em fevereiro de 2024, atingindo a cifra de US$ 11,63 bi, de acordo com dados da secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa). O valor representa um crescimento de 19,7% em comparação com os US$ 9,71 bi exportados no mesmo mês de 2023.
Os cinco setores que mais contribuíram para o valor histórico foram: “Complexo Soja” com US$ 3,7 bi exportados (-1,1% na variação anual), porque embora a soja em grãos tenha aumentado (+4,5%), as vendas externas do óleo de soja caíram significativamente (-87,3%) devido ao aumento da mistura de biodiesel que elevou a demanda doméstica pelo produto. Em seguida, as “Carnes” faturaram US$ 1,8 bi (+13,0%), sendo que os volumes exportados atingiram quantidades recordes para os 3 tipos de carne e, em contrapartida, os preços médios de exportação tiveram retração: bovinos (203,9 mil t ou +40,7% | -6,9% preço médio); frango (388,3 mil t ou +4,5% | -8,2% preço médio); suíno (93,5 mil t ou +20,5% | -8,6% preço médio). A China autorizou a operação de 38 frigoríficos somente em março, e há previsão de mais liberações durante o segundo semestre deste ano.
Na terceira posição, vem o “Complexo Sucroalcooleiro” com exportação de US$ 1,7 bi (+171,1%), puxado pelo açúcar, que vendeu 3,1 mi de t, desempenho impressionante para o mês. Os “Produtos Florestais” ocupam a 4ª posição com US$ 1,3 bi (+10,2%), sendo a celulose o principal produto do setor atingindo a cifra recorde de US$ 734,9 mil em exportações (+5,5%).
O “Café” ficou com o 5º lugar alcançando US$ 812,3 mi (+65,9%). As exportações brasileiras totalizaram 3,6 mi de sacas em fevereiro, um aumento de 48,9% em comparação com o mesmo período de 2023, resultando em um aumento na receita de 47,2%. No acumulado dos primeiros oito meses da safra 2023/24, as exportações atingiram 30,7 mi de sacas (+24,3%), gerando US$ 6,1 bi em receita (+6,1%). Esse cenário pode ser atribuído às dificuldades enfrentadas por dois importantes exportadores globais, Vietnã e Indonésia, cujas plantações foram afetadas por condições climáticas adversas no último ano, bem como os preços dos cafés brasileiros mais atrativos no mercado global. Os dados são do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Do lado das importações do agro, foram de US$ 1,44 bi no último mês (+7,5%), o que possibilitou um saldo de US$ 10,17 bi no mês (+ 21,4%). No acumulado de janeiro e fevereiro de 2024, as exportações do agro somam US$ 23,26 bi, alta de quase 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Desempenho excepcional neste início de ano, contribuindo para a balança comercial, ingresso de divisas, investimentos e estabilidade da moeda.
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