Agropolítica
Ministério da Agricultura firma 9 acordos com países africanos
Ministros africanos fazem visita ao Brasil e recebem promessas de cooperação

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 20h50
22/05/2025 - 14:21

Desde segunda-feira, 19, ministros da Agricultura de diferentes países africanos visitam o Brasil durante um evento para tratar de segurança alimentar e aumentar a cooperação com o continente. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já externou o desejo de aumentar o intercâmbio entre os dois lados do Atlântico e isso pode começar por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O centro de pesquisa vai enviar um pesquisador para ficar alocado em Adis Abeba, na Etiópia. A iniciativa foi confirmada pelo próprio ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, durante o último dia da visita das delegações.
Além disso, Fávaro anunciou que o Mapa irá firmar nesta quinta-feira, 22, nove acordos com diferentes nações africanas. “Serão seis memorandos de entendimentos que serão assinados com Benin, com Costa do Marfim, Etiópia, Nigéria, Quênia, dois acordos sanitários [aberturas de mercado] com Benin e Mali, além de um termo de cooperação que pretendemos construir com Angola para que produtores brasileiros e angolanos ampliem a produção de alimentos e proteínas”, comentou o ministro brasileiro.
Os atos foram assinados no encerramento do evento, execeto o de cooperação com a Angola, que deve ser firmado nesta sexta-feira, 23. Isso porque o presidente angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço, está no Brasil e se encontrará com Lula no Palácio do Planalto. A cerimônia prevê um momento de assinatura de atos entres os dois países.
As aberturas de mercado são:
- Benin: exportação de bovinos e bubalinos, embriões bovinos e bubalinos in vitro, sêmen bovino e bubalino, ovos férteis e pintos de um dia e sêmen suíno
- Mali: animais domésticos vivos, sêmen animal, óvulos e embriões, pintos de um dia, ovos para incubação, produtos e gêneros alimentícios de origem animal
O acordo para concretizar a representação na empresa na África também foi assinado nesta quinta-feira, 22. O ato foi firmado entre Embrapa e o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, que está implementando um escritório em Adis Abeba, sede da União Africana. O acordo prevê a alocação de um pesquisador da empresa neste escritório. Segundo Fávaro, o nome escolhido foi o de José Ednilsom Miranda. De acordo com seu currículo, o pesquisador da Embrapa Algodão já atuou em projetos de cooperação Sul-Sul no continente africano.
Nos últimos dias, as delegações visitaram diferentes locais. Na segunda, Lula fez a recepção das comitivas no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF). Na terça-feira, 20, os ministros da agricultura estiveram na Unidade Armazenadora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também em Brasília. Na quarta-feira, 21, as comitivas viajaram para Petrolina (PE) para conhecer a unidade da Embrapa Semiárido, além de fruticultores e projetos de piscicultura da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
A quinta foi reservada para a apresentação de painéis. Na abertura do dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve no evento que aconteceu no Itamaraty. Ele ressaltou a vontade brasileira de aumentar a influência no continente. “Entre 2020 e 2050, o continente deverá representar mais de 60% do crescimento populacional mundial, com 20 milhões de jovens ingressando anualmente no mercado de trabalho. Além disso, possui 60% das terras aráveis disponíveis globalmente. Para aproveitar esse potencial, são necessários investimentos em energia, infraestrutura e soluções digitais, áreas nas quais o Brasil tem experiência reconhecida”, destacou o ministro.
No primeiro painel do dia, o ministro da Agricultura também reforçou a intenção de transferir tecnologia. Fávaro lembrou que a Embrapa foi responsável por transformar o Brasil de um país importador de alimentos para exportador, mas disse que esse processo de melhoramento demorou meio século.
“Se importamos de vocês a origem e as variedades dos capins usados nas nossas produções, nas nossas pastagens, e hoje também temos o melhoramento genético desse capim e também o melhoramento genético do bovino, queremos devolver esse melhoramento para que vocês possam não perder tempo, não precisa de 50 anos para pesquisar e desenvolver, graças à similaridade que temos, é só transferir e adaptar essas tecnologias”, afirmou.
Ele também voltou a falar sobre o programa de recuperação de pastagens. O Brasil pretende recuperar cerca de 40 milhões de hectares de áreas degradadas. “Para onde o Brasil pretende crescer com a sua agropecuária? Foi fundamental o desenvolvimento e a descoberta de tecnologias para cultivar solos inóspitos em regiões não tão favorecidas como puderam ver o semiárido ontem lá em Petrolina. Mas nós não precisamos mais avançar sobre a floresta, sobre áreas de proteção naturais, sobre o cerrado”, comentou.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Trump corta tarifa da celulose; carne e café podem ser os próximos
2
Renegociação de dívidas rurais não está esgotada, diz Haddad
3
Acordo Mercosul-EFTA zera tarifas de 99% das vendas brasileiras ao bloco europeu
4
Novo imposto de renda: o que muda para o produtor rural?
5
RS: aula inaugural contra o agronegócio em Pelotas gera reação do setor
6
Alesp vota PL que corta benefícios de pesquisadores e ameaça autonomia científica

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Agropolítica
Flávio Dino pede vista e julgamento da Ferrogrão é suspenso
Dois ministros já manifestaram votos favoráveis à lei que suprime área de parque para acomodar traçado da linha férrea

Agropolítica
Ruralistas pedem urgência em lei que autoriza Estados a controlar javalis
FPA quer garantir competência estadual no manejo de fauna antes de decisão do STF sobre constitucionalidade da prática

Agropolítica
CNA reelege João Martins como presidente da entidade
Há mais de 10 anos à frente da confederação, Martins mira em futuro com acesso à capacitação

Agropolítica
Escolha de Alckmin para negociações com EUA agrada bancada ruralista
Presidente da FPA avalia o vice-presidente da República como moderado e racional para resolver a questão do tarifaço com o governo Trump
Agropolítica
Mesmo sem taxação das LCAs, bancada ruralista se mantém contrária a proposta
Apesar disso, o presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion, afirma que não deve haver encaminhamento para a derrubada do texto
Agropolítica
Governo prorroga emergência zoosanitária para gripe aviária
Brasil não tem vírus circulando em granjas comerciais, mas medida é preventiva e mobiliza verbas
Agropolítica
Municípios gaúchos fora da ajuda do governo têm R$ 2,7 bi em dívidas rurais
Critérios definidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para liberação dos recursos excluem 92 cidades do Rio Grande do Sul, segundo a Farsul
Agropolítica
Importação de banana do Equador preocupa produtores de Minas Gerais
Setor teme desequilíbrio no mercado interno e alerta para riscos sanitários de pragas e doenças que não existem no Brasil