FPA cobra respostas às sugestões do setor para conter alta dos alimentos
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que a bancada já está trabalhando para ajudar na formulação do próximo Plano Safra, mas alertou que o desafio orçamentário pode ser um empecilho. A previsão de uma taxa básica de juros (Selic) mais alta pode aumentar significativamente os recursos que o governo precisará destinar para cobrir os custos.
“Para equalizar 15% de taxa Selic, que é o que deve estar ali para meados do ano, a gente vai precisar de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões. Precisa de espaço fiscal para isso. Nós não enxergamos esse espaço fiscal hoje. Precisamos encontrar soluções”, disse o deputado a jornalistas nessa terça-feira, 11, após o encontro da frente.
As negociações com o governo já começaram, mas como o presidente da FPA já havia anunciado, a bancada não irá tratar do tema com o Ministério da Agricultura.
“Temos conversado com o Ministério da Fazenda e com o Planejamento, temos conversas pensadas para a Casa Civil da Presidência da República para que a gente possa buscar os encaminhamentos necessários para ter um Plano Safra condizente”, destacou. As tratativas atuais seriam para evitar situações como a da suspensão das linhas do Plano Safra ocorrida em fevereiro passado.
Lupion reiterou a intenção de alterar o período de anúncio do Plano Safra. “Nós temos um grande problema do planejamento de safra [com o anúncio] em meados do ano. Isso precisa mudar e a gente precisa encarar isso fortemente”, comentou.
Na semana passada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, indicou que o governo poderá “tomar atitudes mais ásperas” para reduzir os preços dos alimentos. A fala gerou repercussão na bancada. “Vamos estar de olho para que não sejam medidas que prejudiquem diretamente a produção agropecuária do país”, disse o presidente da FPA.
Quanto ao pacote de medidas do Executivo divulgado na quinta-feira, 06, Lupion reafirmou que a posição da frente é de que “reduzir tarifas de importação de gêneros alimentícios acaba não resolvendo o problema a curto prazo”. Ele apontou que o governo não tem olhado para outros fatores que encarecem os produtos igualmente, como custo de produção, frete e o déficit de armazenagem. O parlamentar cobrou uma resposta às sugestões preparadas pelo Instituto Pensar Agropecuária (IPA).
“A gente gostaria que tanto a Casa Civil, quanto o Ministério da Fazenda e a Presidência da República, que receberam nossos ofícios, nos levem a sério e possam buscar soluções nesse sentido”, solicitou.