Apesar de os EUA serem o principal destino das máquinas brasileiras, demanda da China mais que dobrou entre janeiro e abril de 2025
Dois meses e meio após anunciar o aumento das tarifas sobre aço e alumínio, os Estados Unidos decidiram dobrar a aposta. Segundo o presidente Donald Trump, a alíquota, hoje de 25%, subirá para 50% a partir de quarta-feira, 4.
O anúncio foi feito durante um comício na última semana em Pittsburgh, na Pensilvânia. Na fala, Trump afirmou que a medida busca fortalecer a indústria siderúrgica americana, reduzir a dependência da China e proteger empregos domésticos.
O Brasil é diretamente afetado. Produtos de ferro e aço são o segundo item mais exportado pelo Brasil aos EUA, somando US$ 2,8 bilhões em 2024, atrás apenas do petróleo (US$ 5,8 bilhões). Em 2024, o Brasil respondeu por cerca de 15% de todas as importações de aço dos EUA, equivalentes a 4,61 milhões de toneladas líquidas, segundo dados da American Iron and Steel Institute.
A taxação, no entanto, não mira diretamente o Brasil, mas a China, acirrando o conflito tarifário entre os dois países, assim como no primeiro mandato de Trump (2017-2021). Na época, a retaliação chinesa incluía sobretaxas sobre mais de 120 produtos norte-americanos, muitos deles do agronegócio. A mesma ação do governo de Pequim foi verificada em março deste ano.
Conforme noticiado pelo Agro Estadão, se, de um lado, o Brasil pode reduzir sua participação no mercado de aço e alumínio dos EUA, do outro, o agronegócio brasileiro pode se beneficiar com o conflito entre China e EUA, elevando sua participação de produtos agrícolas no mercado chinês.
O cenário externo também impacta outros setores da economia brasileira, como o de máquinas e equipamentos. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as exportações do setor registraram queda de 22,7% para a América do Norte entre janeiro e abril de 2025.
Por outro lado, houve crescimento nas vendas para outros mercados:
Apesar da recuperação pontual em abril (+41,6% nas vendas aos EUA no mês), o acumulado do ano ainda registra retração de 22,4% nas exportações de máquinas para o mercado norte-americano, que responde por 24,5% do total exportado pelo setor.