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Agro na COP30

“Futuro da agricultura brasileira será mais bioeconômico”, afirma enviado da COP 30

Para Marcelo Behar, integração de sistemas produtivos, financiamento verde e protagonismo das comunidades tradicionais são pilares de uma nova economia

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Redação Agro Estadão

28/10/2025 - 11:56

Belém no Pará é a capital da COP 30 Amazônia. Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia
Belém no Pará é a capital da COP 30 Amazônia. Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia

A bioeconomia representa um modelo de produção baseado na valorização da natureza, na redução de emissões, na integração com comunidades tradicionais e na circularidade. Marcelo Behar — pesquisador sênior e coordenador do Fórum de Governança Climática e Desenvolvimento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e enviado especial da COP 30 — a conferência será uma oportunidade para que o planeta ouça quem, há séculos, vive em harmonia com a floresta.

Behar destaca que o setor agropecuário já reconhece, há décadas, os benefícios do uso de bioinsumos. Nesse sentido, ele destaca a integração lavoura-pecuária-floresta como uma estratégia de produção sustentável que combina as três atividades em uma mesma área, é uma das soluções propostas pela bioeconomia. 

CONTEÚDO PATROCINADO

“Quando a gente tem unidades produtivas maximizadas e você consegue ao mesmo tempo integrar lavoura-pecuária-floresta, você tem um ganho enorme de produtividade de carbono. Esse é o futuro da agricultura brasileira. Um futuro mais bioeconômico”, defende Marcelo.

O sociólogo enxerga no Fundo de Florestas Tropicais, proposta do governo brasileiro para criar um fundo de investimento voltado à conservação das florestas tropicais, um instrumento capaz de fortalecer a conexão com as comunidades tradicionais. “Os yanomamis, por exemplo, que hoje têm zero renda e há quatro anos viam suas crianças morrendo de fome, poderão ter uma renda mensal. É um bom começo para que esse povo possa garantir os meios de reprodução do seu modo de vida.”

De acordo com Marcelo, o desenvolvimento da bioeconomia exige, no entanto, a superação de alguns obstáculos. Entre eles, a falta de disposição dos agentes financeiros em assumir riscos no financiamento dessas atividades. “É preciso que os patrocinadores tenham interesse em tomar risco com as atividades de bioeconomia e não com outras.  Algumas formas são vistas como mais seguras e a bioeconomia, como tem menos histórico, é vista às vezes com alguma preocupação por parte dos investidores.” 

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De acordo com Marcelo, instituições financeiras como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já desenvolvem modelos e métricas que oferecem maior segurança aos investidores. Ele adianta que, durante a COP 30, será lançado o Protocolo Mundial da Circularidade, que prevê a atribuição de notas às empresas com base em seu índice de circularidade — um incentivo para direcionar investimentos a empreendimentos mais sustentáveis.

A importância das comunidades tradicionais

Entre os segmentos da bioeconomia — agricultura, finanças e biotecnologia — o que mais encanta o Enviado Especial é a sociobioeconomia. Para ele, se trata de um conceito que integra a economia, a biodiversidade e o conhecimento das comunidades tradicionais.

Behar relembra a experiência que teve como executivo de uma marca de cosméticos ao conhecer o processo de extração do breu branco, uma resina aromática, que serve de base para os perfumes produzidos pela empresa. “A extração do breu branco não pode ser feita por uma pessoa que mora numa casa, em um prédio. Leva dias ou até semanas em um barco para que se complete um processo de coleta. Então, é necessário que esse trabalho seja feito por uma comunidade que conheça profundamente a floresta.” 

Nesse ponto, ele faz um alerta: é preciso mudar a forma como a sociedade enxerga essas populações. “Até hoje a gente viu essas pessoas do jeito errado, sob uma ótica urbanocêntrica. São as comunidades tradicionais que garantem 80% da vida no planeta. Elas são as responsáveis pela biodiversidade no mundo. A gente tem que aprender a trabalhar com eles de uma maneira melhor. Eles têm um modo de vida que é conectado diretamente à natureza e que nós, talvez, por arrogância, não reconhecemos como algo nobre, valoroso e que tem muito a nos ensinar, porque o ser humano é conectado à natureza. Só que se esqueceu disso. Eles não.”

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