Agricultura
Safra de trigo avança no RS, mas baixa rentabilidade preocupa
Com preços desanimadores e custos altos, FecoAgro/RS alerta para possível redução de área cultivada com o cereal em 2026
Redação Agro Estadão*
13/11/2025 - 17:07

A safra de trigo está em ritmo acelerado no Rio Grande do Sul, com cerca de metade da colheita já realizada, segundo estimativas da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro/RS). O cenário, no entanto, é de preocupação. Apesar de boas condições climáticas em parte das regiões produtoras, os preços pagos pelo cereal estão muito abaixo das expectativas e podem prejudicar o plantio da próxima safra.
De acordo com o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, é difícil precisar o percentual exato de colheita até o momento, já que há variações entre as cooperativas. Por outro lado, há uma certeza: a produtividade, que estava prevista entre 70 e 80 sacas por hectare, também será comprometida.
“O baixo uso de tecnologia foi o grande fator desta safra. O produtor trabalhou, digamos, em legítima defesa. Ele considera importante manter a cultura, acredita que é uma lavoura fácil de conduzir no Rio Grande do Sul e, por isso, optou por realizá-la com baixa tecnologia, o que, em todos os sentidos, não é o ideal””, afirmou, em nota.
O dirigente explica que o uso limitado de insumos e de práticas avançadas reflete a cautela dos agricultores diante dos custos elevados e da incerteza de mercado. O resultado foi um impacto negativo, tanto no volume quanto na qualidade dos grãos.
A colheita total está estimada em 3,7 milhões de toneladas, em cerca de 1,3 milhão de hectares, leve aumento em relação a 2024, quando a produção chegou a 3,6 milhões. Mas, com o produtor frustrado com a renda, é provável que haja redução da área plantada no ano que vem – o que, na visão de Pires, “é uma pena”, já que o trigo tem papel fundamental no sistema produtivo gaúcho, além de proteger o solo com a palhada.
Conforme cálculos técnicos da FecoAgro/RS, um produtor que colheu 50 sacas por hectare, vendendo a R$ 56 a saca, registra prejuízo equivalente a 11 sacas por hectare. “Dá para perceber a gravidade da situação. O cálculo varia conforme o volume colhido, mas a tendência é essa”, lamenta Pires.
Enquanto o trigo enfrenta margens apertadas, a canola desponta como alternativa. Embora ainda ocupe área pequena e dependa da importação de sementes, o interesse dos produtores vem aumentando. “É provável que [para a canola] haja aumento significativo de área, o que é positivo, inclusive para o trigo. A rotação de culturas melhora o controle de plantas invasoras e de doenças, além de favorecer o sistema produtivo como um todo””, avalia Pires.
Pires aproveita para comentar a situação da agricultura gaúcha como um todo. “”Tomara que esses preços, que fogem do nosso controle, melhorem. A rentabilidade do setor agropecuário no Rio Grande do Sul é muito baixa. Além do risco elevado, praticamente todas as lavouras estão sendo feitas sem seguro e sem Proagro. A perspectiva de rentabilidade para o produtor é muito ruim, e não há sinalização de políticas públicas que possam mudar esse cenário”.
*Com informações da FecoAgro
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