Agricultura

Conheça a batata ancestral com gosto de milho

O ariá, tubérculo ancestral da Amazônia, consumido há mais de 9 mil anos por povos indígenas, surpreende com seu sabor de milho e textura crocante

O ariá, um tubérculo nativo da Amazônia, é um tesouro alimentar que tem passado despercebido por muitos, mas carrega consigo uma história milenar e um valor nutricional impressionante. 

Para o produtor rural, conhecer o ariá significa abrir portas para a diversificação alimentar e cultural, explorando um alimento com potencial para a segurança alimentar e a valorização de saberes tradicionais. 

Embora seja frequentemente comparado a uma batata, o ariá possui características únicas que o tornam verdadeiramente especial.

Desvendando o ariá: mais que uma batata, uma história milenar

Foto: Slow Food Brasil/Divulgação

Imagine um alimento que tem sido consumido por povos indígenas da Amazônia há mais de 9 mil anos. Esse é o ariá, um tubérculo com uma importância histórica e cultural da região amazônica. 

Sua aparência lembra uma batata pequena, mas é seu sabor que surpreende: remete ao milho, com uma textura crocante semelhante à da cenoura. Essa combinação única de atributos torna o ariá um alimento singular, com grande potencial para diversificar a dieta e a produção agrícola.

Infelizmente, nas últimas décadas, o ariá tem perdido espaço para culturas comerciais e produtos industrializados. Consequentemente, tornou-se um alimento mais raro nas roças, feiras e mesas amazonenses. 

O poder nutricional do ariá

O ariá se destaca por seu elevado potencial nutricional. Diferentemente de muitos tubérculos, ele é uma fonte rara e completa de proteínas, fornecendo os nove aminoácidos essenciais que o corpo humano não consegue sintetizar. 

Essa característica o torna um alimento de alto valor biológico, especialmente importante para comunidades com acesso limitado a fontes de proteína animal.

Além de seu perfil nutricional excepcional, o ariá demonstra uma notável resiliência. Pode ser cultivado em condições climáticas extremas, tornando-se uma fonte vital de alimento e renda para as comunidades amazônicas durante o período de seca, quando outros alimentos se tornam escassos. 

Para o produtor rural, o ariá representa uma opção valiosa não apenas para a segurança alimentar de sua família e comunidade, mas também para a diversificação da produção local.

Ao incorporar o ariá em sua produção, o agricultor contribui para agregar valor à culinária regional e promover a sustentabilidade. 

O cultivo desse tubérculo ancestral pode ser uma forma de preservar a biodiversidade agrícola e fortalecer a identidade cultural da região amazônica.

Ariá: tubérculo que virou livro

Foto: Adobe Stock

A história do ariá ganhou um novo capítulo recentemente, graças ao trabalho inspirador de Eli Minev-Benzecry, um estudante de 17 anos de Manaus. Eli tornou-se autor do livro “Ariá, um alimento de memória afetiva“, em coautoria com a engenheira agrônoma Ruby Vargas-Isla. 

Este livro bilíngue, escrito em português e tukano, é o resultado de uma pesquisa aprofundada sobre a planta.

O objetivo principal da obra é resgatar, preservar e difundir o conhecimento tradicional sobre o ariá e seus métodos de preparo. Esse conhecimento corria o risco de se perder devido à crescente invasão de alimentos ultraprocessados na dieta amazônica. 

O livro serve como um importante registro cultural e científico, conectando gerações e preservando saberes ancestrais.

A iniciativa de Eli e Ruby demonstra a importância de valorizar os alimentos tradicionais e o conhecimento local. Para os produtores rurais, esse trabalho pode servir de inspiração para explorar e preservar outras culturas nativas que podem ter sido esquecidas ou subutilizadas.

O ariá continua sendo um tema de interesse para pesquisadores e entusiastas da alimentação sustentável. 

Estudos recentes, como os publicados na revista Plant Foods for Human Nutrition, têm explorado o potencial nutricional e funcional do ariá, reforçando seu valor como alimento e possível ingrediente para a indústria alimentícia.

A pesquisa científica e a divulgação são fundamentais para assegurar que o ariá continue sendo estudado, valorizado e compreendido. 

Esse tubérculo representa mais que um recurso alimentar; é um patrimônio cultural e biológico essencial para as futuras gerações e para a sustentabilidade do agronegócio familiar na Amazônia.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão