Sustentabilidade
Produção de café sustentável no ES reduz mais de 8 toneladas de emissão de CO2 por ano
Estudo revela que práticas de manejo sustentável aumentam a captura de carbono na atmosfera
3 minutos de leitura 29/05/2024 - 18:26
Sabrina Nascimento
A adoção de práticas sustentáveis de manejo permitiu um balanço de carbono negativo no cultivo do café conilon no Espírito Santo. O resultado significa que a produção agrícola está removendo mais CO2 da atmosfera, contribuindo para o combate ao aquecimento global. As informações foram reveladas nesta quarta-feira, 29, na pesquisa “Balanço de GEE do Café Conilon Capixaba.”
O estudo foi conduzido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) em colaboração com diversas instituições, incluindo o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
Nos modelos tradicionais de produção, onde o café conilon é cultivado após passar por áreas de pastagem, já havia uma captação de gases de efeito estufa. No entanto, a implementação de práticas como o retorno dos resíduos de pós-colheita ao solo, a manutenção dos resíduos das podas nas lavouras e o uso de adubos orgânicos, elevou essa captura.
O estudo revelou que, nessas condições, o café conilon capixaba extrai cerca de 8,6 toneladas de CO2 equivalentes por hectare ao ano da atmosfera, comparado às 3 toneladas na produção tradicional.
“Os benefícios da implementação de práticas sustentáveis no cultivo do café conilon quase triplica a retenção de gás carbônico equivalente no solo em relação à produção tradicional, no cenário de transição de pastagens à cafeicultura”, destacou o professor da Esalq/USP, Carlos Eduardo Cerri, durante apresentação do estudo.
Resultado segue positivo ao meio ambiente, mesmo quando testados outros cenários
Ao adotar práticas sustentáveis no cultivo de café em áreas anteriormente usadas como pastagem, o balanço de carbono melhora significativamente o cenário. Os cafezais com essas práticas sequestram 12,22 toneladas de CO2 por hectare ao ano e emitem 3,98 toneladas de CO2 por hectare no mesmo período. Assim, o balanço de carbono é negativo em 8,24 toneladas de CO2 por hectare ao ano, indicando um sequestro maior de carbono no solo.
Em outro cenário, quando se analisa a alteração do manejo agrícola, partindo do cultivo tradicional para a atividade cafeeira com adoção de práticas mais conservacionistas, o conilon capixaba também registra balanço negativo de carbono, menos 1,36 toneladas de CO2 equivalentes por hectare ao ano.
Para quantificar o sequestro de carbono, foram coletadas 22 situações de solo, com até um metro de profundidade, respeitando a metodologia reconhecida pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). As áreas produtoras analisadas são das regiões produtoras no norte e no sul do Espírito Santo, com o mesmo teor de argila, e representativas dos modais produtivos tradicionais e sustentável de café conilon e de áreas de pastagens.
Em paralelo, foram obtidas informações dos insumos aplicados e das operações associadas à produção de café conilon, tradicional e sustentável, em 25 propriedades cafeeiras. O objetivo foi alcançar o inventário das emissões de gases de efeito estufa com base na metodologia fornecida pelo Programa Brasileiro GHG Protocol – reconhecida internacionalmente e amplamente utilizada em diferentes setores da economia.
Adequação às novas leis ambientais europeias
A iniciativa do levantamento considera as discussões globais relacionadas à adaptação e à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O setor cafeeiro busca adequação às novas regras comerciais estipuladas pelo ‘pacto verde europeu’, que tem o objetivo de zerar a importação de produtos originados em áreas desmatadas ou que prejudiquem o meio ambiente.
Segundo o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos, os dados apresentados reconhecem o potencial da agricultura brasileira em atender à demanda crescente por alimentos, sem expandir a fronteira produtiva para áreas de vegetação nativa. “Devemos mostrar aos nossos compradores que o café é parceiro, somos a solução”, disse Matos durante coletiva.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
Brasil tem 50% mais queimadas em 2024 e soma 139 mil focos
2
Chuva preta: fenômeno avança pelo país e pode afetar agricultura e pecuária
3
Importadores europeus já exigem aplicação da lei antidesmatamento de produtores brasileiros, alertam especialistas
4
EUDR: o que prevê a lei europeia antidesmatamento e como ela impacta o Brasil?
5
Em 2 dias, Brasil concentrou 72% das queimadas da América Latina
6
Empresários estimam custos de até US$ 350 bilhões para mudanças nos sistemas de produção agropecuários
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Sustentabilidade
Empresas se unem à iniciativa inédita de bem-estar animal
Coalizão reúne diferentes elos da cadeia de fornecimento de proteína animal para impulsionar boas práticas
Sustentabilidade
CNA considera positiva sinalização pela UE de adiamento da Lei Antidesmatamento
A proposta da Comissão Europeia é pela implementação gradual da lei antidesmate, com a prorrogação da adoção de 30 de dezembro deste ano para 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e em 30 de junho de 2026
Sustentabilidade
Parlamento Europeu irá votar adiamento da lei antidesmatamento
Mapa vê com “entusiasmo” medida e também pleiteia adaptações à regra europeia
Sustentabilidade
Pesquisa aponta redução nas emissões de gases do efeito estufa em 18% no algodão com uso de fertilizante
Emissões na agricultura vêm principalmente da adubação
Produtores economizam US$ 1,8 bilhão por ano com uso de biofertilizantes, aponta estudo
Pesquisa também indica que novos bioinsumos podem não garantir independência brasileira sobre fertilizantes
Energia limpa é usada na produção de 57% do volume de aves da BRF
Instalação de painéis solares nas granjas geraram economia de 95%; mais da metade dos integrados da empresa já usa a tecnologia
Marina diz em reunião que produtores têm 'prejuízo enorme' com queimadas
Declaração foi dada em reunião no Palácio do Planalto com governadores e outros ministros sobre o combate aos incêndios
Queimadas: governo federal abre crédito de R$ 40 milhões para comprar alimentos via PAA para Amazônia Legal
Medida faz parte de verba extra para combate aos incêndios e consequências da seca