A biomassa agrícola é uma importante fonte de CO2 biogênico, que pode ser utilizada para gerar energia renovável e fechar o ciclo do carbono na agricultura
O setor agropecuário brasileiro está diante de uma revolução verde, onde o CO2 biogênico desempenha um papel crucial. Este componente natural do ciclo do carbono traz desafios e oportunidades significativas para os produtores rurais.
O CO2 biogênico, diferentemente do CO2 fóssil, faz parte do ciclo natural do carbono, oferecendo aos agricultores a chance de contribuir positivamente para o meio ambiente enquanto geram novas fontes de renda.
O CO2 biogênico é o dióxido de carbono proveniente de fontes naturais e renováveis, como plantas, animais e microrganismos. Este tipo de CO2 é parte integrante do ciclo natural do carbono na Terra, onde o carbono é constantemente trocado entre a atmosfera, os oceanos, o solo e os seres vivos.
A principal diferença entre o CO2 biogênico e o CO2 fóssil está em sua origem e impacto no aquecimento global. O CO2 biogênico é considerado neutro em termos de emissões de gases de efeito estufa, pois o carbono liberado foi recentemente capturado da atmosfera através da fotossíntese.
Por exemplo, quando uma planta cresce, ela absorve CO2 da atmosfera. Quando essa planta é decomposta ou queimada, o CO2 é liberado de volta para a atmosfera, completando um ciclo de curto prazo.
Por outro lado, o CO2 fóssil é derivado da queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural. Estes combustíveis contêm carbono que ficou armazenado no subsolo por milhões de anos.
Quando queimados, liberam CO2 adicional na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito estufa e, consequentemente, para as mudanças climáticas.
A biomassa agrícola, que inclui resíduos de colheitas, palha e esterco animal, é uma importante fonte de CO2 biogênico.
Quando utilizada para gerar energia, seja através da queima direta ou da produção de biocombustíveis, a biomassa libera CO2 que foi previamente absorvido pelas plantas durante seu crescimento.
Este processo fornece uma fonte de energia renovável e também ajuda a fechar o ciclo do carbono na agricultura.
A produção de biogás e outros biocombustíveis a partir de fontes agrícolas é outra forma significativa de geração de CO2 biogênico.
O biogás, produzido pela decomposição anaeróbica de matéria orgânica como esterco animal e resíduos de culturas, é composto principalmente de metano e CO2. Quando utilizado como fonte de energia, o biogás libera CO2 biogênico na atmosfera.
Além disso, a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar ou milho também gera CO2 biogênico durante o processo de fermentação.
Os processos naturais no solo e nas plantas são fontes contínuas de CO2 biogênico. A decomposição de matéria orgânica no solo, realizada por microrganismos, libera CO2 como subproduto.
Da mesma forma, a respiração das plantas libera CO2 biogênico. Estes processos são parte integral do ciclo do carbono e contribuem para a fertilidade do solo e a saúde dos ecossistemas agrícolas.
O manejo adequado do solo é fundamental para o gerenciamento sustentável do CO2 biogênico. O plantio direto, por exemplo, minimiza a perturbação do solo, reduzindo a liberação de CO2 e aumentando o sequestro de carbono.
A rotação de culturas, por sua vez, melhora a estrutura do solo e aumenta sua capacidade de reter carbono. Estudos da Embrapa mostram que estas práticas podem aumentar o teor de matéria orgânica do solo em até 1% ao ano, o que se traduz em um significativo sequestro de carbono.
Além disso, o uso de culturas de cobertura durante períodos de entressafra protege o solo contra a erosão e também adiciona biomassa, aumentando o sequestro de carbono.
A implementação de sistemas agroflorestais, que integram árvores com culturas agrícolas ou pastagens, é outra estratégia eficaz para aumentar o estoque de carbono tanto acima quanto abaixo do solo.
A produção e o uso de biogás na propriedade rural oferecem uma oportunidade única de gerenciar o CO2 biogênico de forma sustentável.
Ao utilizar resíduos orgânicos para produzir biogás, os produtores rurais podem reduzir as emissões de metano (um gás de efeito estufa mais potente que o CO2) e gerar energia limpa para uso na propriedade.
Isso reduz a dependência de combustíveis fósseis e ainda cria um ciclo fechado de nutrientes e energia na fazenda.
O biogás pode ser utilizado para gerar eletricidade, aquecer instalações agrícolas ou mesmo como combustível para veículos adaptados.
Além disso, o subproduto da produção de biogás, conhecido como digestato, é um excelente fertilizante orgânico, rico em nutrientes e livre de patógenos, que pode ser aplicado diretamente no solo, reduzindo a necessidade de fertilizantes sintéticos.
O manejo correto da biomassa agrícola é essencial para otimizar o ciclo do CO2 biogênico.
A compostagem de resíduos orgânicos é uma técnica eficaz que transforma resíduos em um valioso fertilizante orgânico, ao mesmo tempo que reduz as emissões de metano associadas à decomposição anaeróbica.
Durante o processo de compostagem, o carbono é estabilizado em formas mais resistentes à decomposição, contribuindo para o sequestro de carbono no solo quando aplicado.
Outra técnica promissora é a produção de biochar, um carvão vegetal produzido pela pirólise de biomassa.
O biochar, quando incorporado ao solo, não somente melhora suas propriedades físicas e químicas, mas também sequestra carbono por longos períodos, podendo permanecer estável no solo por centenas de anos.
A integração dessas práticas de manejo sustentável do CO2 biogênico beneficia o meio ambiente e pode trazer, também, vantagens econômicas para os produtores rurais.
Com o crescente mercado de créditos de carbono, agricultores que adotam práticas que aumentam o sequestro de carbono ou reduzem as emissões de gases de efeito estufa podem se qualificar e, assim, gerar uma nova fonte de renda.
Além disso, a adoção dessas práticas sustentáveis pode melhorar a qualidade e a produtividade do solo a longo prazo, reduzir custos com insumos externos e aumentar a resiliência das culturas às mudanças climáticas.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão