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Sustentabilidade

Drones potencializam agricultura regenerativa na produção de cana

Tecnologia é utilizada para aplicação precisa de insumos biológicos nos canaviais da segunda maior empresa produtora de cana-de-açúcar do mundo

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | Olímpia (SP) | sabrina.nascimento@estadao.com*

19/10/2025 - 05:00

Com o apoio de softwares de georreferenciamento, o drone aplica defensivos apenas onde é necessário. Foto: Tereos/Divulgação
Com o apoio de softwares de georreferenciamento, o drone aplica defensivos apenas onde é necessário. Foto: Tereos/Divulgação

Os drones estão turbinando a forma como a agricultura regenerativa é aplicada no cultivo de cana-de-açúcar no Brasil. Equipados com câmeras de alta resolução, capazes de captar imagens com precisão de até três centímetros por pixel, a tecnologia percorre os canaviais da segunda maior produtora mundial e brasileira de açúcar, a Tereos, mapeando falhas de plantio, áreas infestadas e condições do solo. 

Em cada voo de drone, por exemplo, é possível cobrir até 350 hectares, o equivalente a 350 campos de futebol, explicaram especialistas da companhia. Os dados coletados servem como ponto de partida para decisões que vão desde o manejo da topografia até o uso racional de insumos. 

Com o apoio de softwares de georreferenciamento, as equipes de campo ainda ajustam a rota das máquinas e aplicam defensivos apenas onde é necessário. O resultado é um ganho de eficiência que se traduz também em sustentabilidade — pilar central da agricultura regenerativa. “O nome agricultura regenerativa é novo, mas a essência é antiga, consiste em devolver vida ao solo. O nosso desafio, na verdade, é equilibrar produtividade e regeneração”, afirma José Olavo, superintendente de excelência agronômica da Tereos. 

Na rotina do grupo, a regeneração se traduz em todas as etapas: 

1. Preparo do solo: 

  • linhas de cultivo mapeadas com drones para uso de piloto automático nas atividades de plantio, colheita e tratos culturais;
  • práticas de revolvimento mínimo de solo;
  • rotação de culturas para controle de erosão, de pragas e de ervas daninhas;
  • aplicação de composto para aumento da matéria orgânica no solo e maior retenção de água;
  • uso de corretivos e condicionador de subsuperfície para melhorar a qualidade do solo.

2. Plantio da cana: 

  • seleção varietal de excelência e práticas sustentáveis para garantir a longevidade dos canaviais;
  • adição de fertilizantes especiais com liberação gradual para nutrição mais eficiente;
  • uso de nematicidas e fungicidas biológicas;
  • inoculantes e bioestimulantes a base de ácidos húmicos e fúlvicos para aumentar a resistência das pragas;
  • solubilizadores de fósforo para disponibilizá-lo para a planta. 

3. Colheita

  • processo 100% mecanizado de cana crua com preservação da palhada no campo;
  • palhada protege contra erosão e mantém umidade;
  • monitoramento com sensores e uso de Inteligência Artificial e dados para gestão integrada e decisões mais assertivas.

4. Tratos culturais

  • aplicações via drone e tratores inteligentes, adaptadas para cada tipo de solo, clima e estágio da cana;
  • aplicação de vinhaça localizada, subproduto do processo industrial;
  • controle biológico de pragas, com parasitas naturais sendo liberados de forma controlada;
  • uso de fertilizantes especiais, com emissão de gases de efeito estufa reduzida em comparação aos convencionais;
  • uso de nematoides e fungicidas biológicos.

Os resultados começam a aparecer não apenas em produtividade, mas também na resiliência do solo. O uso de compostos orgânicos, aliado à vinhaça localizada — técnica que integra fertilização, controle biológico e estímulo à brotação em uma única operação —, por exemplo, reduz o tráfego de máquinas e melhorado o balanço de carbono das áreas. “A hora que a gente fala de cultura regenerativa, essa parte de produção, dentro da sustentabilidade, traz também uma descarbonização muito grande. Tanto na produção dos insumos, quanto na operação no campo”, salienta Olavo. 

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Alinhamento com metas de descarbonização

agricultura regenerativa Tereos
Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão

A agricultura regenerativa é uma das frentes do plano de descarbonização da Tereos, que opera cerca de 300 mil hectares de canaviais e processa 20 milhões de toneladas de cana por safra. Segundo Felipe Mendes, diretor de Sustentabilidade, Novos negócios e Relações institucionais da companhia, a meta é reduzir em 50% as emissões industriais e em 36% as agrícolas até 2033. “O desafio maior está no campo. É ali que a mudança acontece de verdade. Reduzir o uso de insumos fósseis e melhorar o solo é o que vai garantir o futuro do setor”, afirma.

Para isso, a companhia também aposta em inovação energética. A novidade que está no radar é a adoção de máquinas agrícolas movidas a etanol. “Nosso time operacional acompanhou testes nos Estados Unidos e os resultados foram positivos. Essa pode ser a melhor solução interna, capaz de emitir até 80% menos carbono que o diesel”, explica Mendes. Ele ressalta que, além do impacto ambiental, o etanol oferece previsibilidade de custos e independência de combustíveis fósseis, fortalecendo o negócio no longo prazo.

A companhia também observa oportunidades no setor de transporte marítimo. Neste mês, mudanças regulatórias da Organização Marítima Internacional (IMO), ligada à Organização das Nações Unidas, devem abrir espaço para o etanol ser reconhecido como alternativa viável ao combustível tradicional dos navios. 

“Este mês, na IMO, a gente deve ter aprovação para a meta de 40% de descarbonização em 2030 contra 2008. E o etanol vem se mostrando uma alternativa bastante viável, seja em motores específicos a etanol, seja em motores híbridos. Ou seja, o etanol pode entrar como uma alternativa para a gente, uma nova linha de negócio para descarbonizar uma parcela relevante das nossas emissões”, salienta. Segundo ele, o olhar da companhia se justifica uma vez que cerca de 90% de toda sua produção de açúcar no Brasil vai para a exportação, tendo o mercado europeu como principal comprador.

*jornalista viajou a convite da Tereos

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